Um URL iniciado por “https” (combinado com o ícone do cadeado) atesta que a conexão entre o site e o navegador é segura, mas não é difícil (para quem sabe) burlar essa camada de segurança. Portanto, instale uma suíte antimalware responsável e ajuste os níveis de privacidade e segurança do seu navegador — já que as configurações-padrão costumam ser exageradamente permissivas.
Use e abuse da navegação sigilosa, que inibe o armazenamento de cookies, histórico de navegação e outros "rastros" que você deixa quando surfa na Web — e, se possível, combine-a com uma VPN, que direciona o tráfego através de servidores espalhados mundo afora, dificultando o rastreamento e ocultando seu endereço IP (protocolo de internet). Há várias opções de VPNs, tanto pagas como gratuitas, mas o Opera Browser oferece uma versão nativa — para ativá-la, clique em Configurações > Avançado > VPN e deslize para a direita o botãozinho ao lado de Habilitar VPN.
O Google Chrome lidera o ranking dos navegadores mais utilizados pelos internautas, mas os especialistas em segurança digital recomendam evitá-lo (cerca de 80% da receita da empresa de Mountain View provém da venda de anúncios, e suas fontes de dados, além do browser, são o famoso buscador, o YouTube, o Android e as ferramentas analíticas usadas pela maioria dos sites e aplicativos.
O Google pode ver praticamente tudo o que os usuários do Chrome fazem online, e não há nada que se possa fazer sobre isso. Mesmo que você exclua os cookies e o histórico e use a navegação anônima, a empresa ainda conseguirá coletar dados sobre seu comportamento de navegação na Internet. Isso sem falar que centenas de outras empresas além do Google também rastreiam suas ações no ciberespaço. E o Chrome não se esforça para impedir isso. Mas há navegadores que coletam menos dados e os vinculam de forma menos rígida a uma identidade concreta.
Se você usa o Windows ou macOS/iOS, migre para o Microsoft Edge ou para o Safari, conforme o caso. A segurança e a privacidade dos usuários são prioridade para a empresa da Maçã, que foi a primeira a adotar providências contra o rastreamento de usuários do Safari por terceiros. As versões mais recentes desse navegador bloqueiam rastreadores em sites por padrão, além de serem capazes de ocultar o endereço IP e relatar quantos elementos de monitoramento foram bloqueados nas páginas visualizadas (não é preciso configurar nada nem ativar o modo privado).
O MS Edge (navegador padrão do Windows) também roda no Android, no iOS, no macOS e no Linux, e conta com ferramentas integradas que ajudam a impedir monitoramento online. Nesse caso, porém, os recursos, embora sejam nativos, precisam ser ativados pelo usuário. Por outro lado, o Edge envia muitos dados para os servidores da Microsoft, o que não é bom. E, no modo básico padrão, o browser não faz nada para deter os rastreadores da Web (para combatê-los é preciso habilitar o modo de privacidade estrita nas configurações, coisa que poucos usuários se dão ao trabalho de fazer).
O Mozilla Firefox roda nas plataformas Windows, Android, macOS, iOS e Linux, e se destaca por seu mecanismo Web interno. A Mozilla obtém a maior parte de sua receita dos mecanismos de pesquisa do Google, Yandex e Baidu (dependendo da região), além de não vender dados dos usuários nem dificultar a troca do buscador padrão por outro. Mesmo no modo básico, a raposinha oferece proteção contra rastreamento online — se você aumentar o controle de privacidade ao máximo, ele se tornará um dos browsers mais seguros do mercado. E mais: a versão Firefox Focus, disponíveis para Android e iOS, é ainda mais focada em privacidade.
O Vivaldi, que também roda no Windows, Android, iOS, macOS e Linux, foi desenvolvido por Jon Stephenson von Tetzchner, criador do Opera (considerado um dos navegadores mais seguros, não só, mas também por ter uma VPN integrada). Ele permite definir diferentes mecanismos de pesquisa para janelas normais e privadas, possibilitando alternar rapidamente entre Bing, Google e DuckDuckGo, por exemplo, e seu bloqueador integrado de anúncios e rastreadores da Web faz um ótimo trabalho. Assim como a Mozilla, a Vivaldi Technologies tem sua monetização baseada nas buscas dos usuários através dos mecanismos de pesquisa, mas também se vale da inserção de links para diversos serviços da internet em sua tela inicial.
Para quem se preocupa (muito) com privacidade, o buscador DuckDuckGo e os navegadores Tor e Mullvad são sopa no mel. Sem falar no navegador DuckDuckGo, desenvolvido pela mesma empresa que criou o mecanismo de pesquisa privado homônimo. A empresa se monetiza com anúncios, mas informa que o faz com base no conteúdo das pesquisas, sem rastrear ou traçar o perfil dos usuários.
O Tor Browser (abordado em detalhes nesta postagem) foi baseado no Mozilla Firefox, só que é muito mais seguro, tanto por se extremamente eficiente no bloqueio de rastreadores quanto por seu mecanismo de buscas padrão ser o DuckDuckGo (embora isso possa ser alterado nas configurações). Mas o pulo do gato é que todo o tráfego é roteado pela rede Tor (The Onion Router), o que grante anonimato máximo e proteção contra monitoramento — embora reduza a velocidade de navegação. Ele está disponível para Windows, macOS, Linux e Android; para iOS, o fabricante recomenda o Onion Browser.
Por último, mas não menos importante, o Mullvad Browser é um "clone" do Tor Browser que não usa a rede The Onion Router, mas conta com a Mullvad VPN — serviço VPN anônimo que, em nome da privacidade, permite até mesmo que os usuários paguem em dinheiro enviado pelo serviço postal tradicional —, oferece excelente proteção contra rastreadores online na configuração padrão e permite aprimorar a privacidade e a segurança mediante ajustes personalizados. Espera-se para breve uma versão compatível com o Android.