domingo, 17 de setembro de 2023

MAIS SOBRE AS "SUTILEZAS" DO UNIVERSO (CONTINUAÇÃO)

A MANEIRA MAIS FÁCIL DE RESOLVER UM PROBLEMA É NEGAR SUA EXISTÊNCIA.

 

Dias atrás, alguém me perguntou se as pessoas ainda liam blogs. Respondi que sim, mas acrescentei que o interesse das internautas por esse formato já não é mesmo de dez ou quinze anos atrás. E então me dei conta de que, pela primeira vez em 17 anos, esqueci-me de comemorar o aniversário deste humilde espaço.

É inegável que o desinteresse do público-alvo desestimula o blogueiro. No meu caso, contribuíram para isso a popularização do smartphone e o cenário político tupiniquim. Em setembro de 2006, quando criei este humilde blog para embasar a redação do volume 11 da saudosa coleção Guia Fácil Informática — Blogs & Websites —, publicações sobre microcomputadores, hardware e o sistema Windows vendiam feito pão quente. Mas a popularização da Internet e, mais adiante, o uso da banda larga por internautas domésticos mudaram drasticamente esse cenário.

Em algum momento do desgoverno Dilma, resolvi replicar no blog alguns textos que publicava originalmente na comunidade de política que mantinha na (hoje falecida e sepultada) "Rede .Link". Daí a alternar postagens sobre informática e política foi um pulo, e a coisa se manteve assim até agora. Por quanto tempo mais, porém só Deus sabe. 

Se já não tenho estômago para acompanhar noticiário, comentar a conjuntura e ouvir desaforos de bolsonaristas cretinos e petistas idiotas passou a ser puro masoquismo. Talvez eu passe a postar dicas culinárias, como as que publicava na comunidade de gastronomia da finada .Link. Talvez assim o blog volte a registrar 10.000 visualizações diárias, como em seus tempos áureos. Atualmente, quando um post é lido por 1000 visitantes no dia de sua publicação, sinto-me tentado a abrir uma garrafa de champanhe. 


Foram necessários 4,5 bilhões de anos para a Terra evoluir e usar os componentes orgânicos — também conhecidos como "blocos de construção dos seres vivos" — para fazer prosperar a vida, e o mesmo pode ter ocorrido em outros mundos, universo afora, pois as estrelas são as grandes "fabricantes" de carbono, oxigênio, ferro e outros elementos indispensáveis à formação dos tais blocos.  


Através de simulações de computador, é possível "visualizar" o universo logo após o Big Bang. Segundo os cientistas, uma rede completa de estruturas se formou no primeiro trilionésimo de segundo da existência do cosmos, e os prótons e nêutrons remanescentes deram início a um processo de fusão nuclear, criando novos elementos e fundindo-os para formar os primeiros átomos. Quando o resfriamento permitiu que a matéria fosse atraída gravitacionalmente para formar as primeiras estrelas, já havia chance de surgir vida, mas essa teoria esbarra no deutério.


Quando um próton e um nêutron se encontram, eles se fundem para formar um deutério (isótopo pesado do hidrogênio, mais estável que um próton livre e um nêutron isolado, que libera 2,2 milhões de elétron-volts de energia). Os fótons são partículas de luz que têm mais de 2,2 milhões de elétron-volts de energia, e "explodem" os deutérios quando colidem contra eles. No início dos tempos, havia mais de um bilhão de fótons para cada próton e nêutron, de modo que a cadeia de fusões nucleares necessárias à criação dos elementos fundamentais para o surgimento de vida era quebrada logo no início, antes da formação do carbono.


Assim, toda a matéria do Universo era essencialmente hidrogênio e hélio — uma composição que os astrônomos chamam de "baixa metalicidade" (qualquer outro elemento mais pesado é chamado de "metal"). Minutos depois do Big Bang, o resfriamento ocorreu, a densidade se foi e, com ela, a energia de cada partícula. Sem a densidade e a energia cinética inicial, as colisões já não conseguiam superar a força repulsiva entre os núcleos de hélio, resultando no fim da cadeia de fusões.

 

Milhares de anos se passaram até que as primeiras estrelas surgissem e outros milhares até que elas começassem a fundir elementos mais pesados do que o hélio e explodissem para espalhá-los pelo cosmos. Muitas gerações de estrelas se sucederam até que houvesse o material necessário aos processos bioquímicos (se algum planeta se formasse antes disso, ele não seria capaz de abrigar a vida como a conhecemos).

 

As estrelas responsáveis pelos elementos presentes na Terra tiveram de explodir em supernovas para que finalmente pudéssemos estar aqui. Esse era o único momento possível para nós e, felizmente, nosso planeta prosperou — tanto que existem organismos em cada pedacinho de chão, em todos os rios e oceanos, no topo das montanhas e por todo o ar. 

Fonte: Space Daily