sábado, 2 de setembro de 2023

TAL PAI, TAL FILHO

Jair Renan Bolsonaro foi alvo de uma operação da Polícia Civil do DF que investiga um grupo suspeito de falsidade ideológica, associação criminosa, estelionato, crimes contra a ordem tributária e lavagem de dinheiro. Os investigadores realizaram buscas em dois endereços associados a Renan, um em Brasília e outro em Santa Catarina.

E-mails da ajudância de ordem do ex-presidente mostram que Zero Quatro retirou presentes do arquivo da Presidência da República em 12 de julho do ano passado. A mensagem detalhando a entrega do presidente para Renan foi publicada em matéria da coluna Guilherme Amado, do Metrópoles, em 11 de agosto. Os emails estão entre os documentos enviados para a CPI dos atos golpistas (para mais detalhes, clique aqui). De acordo com as mensagens, Renan só poderia retirar os presentes após autorização do então "PR", mas ele selecionou os presentes em 7 de julho e retirou no dia 12.
 
Zero Quatro ocupa desde março um cargo de assessor no gabinete do senador bolsonarista Jorge Seif, e recebe R$ 9,5 mil mensais de salário bruto. Em junho, ele se filiou ao PL, e deve se lançar candidato a vereador em Balneário Camboriú (SC). Embora não tenha onde cair morto, RB vive num apartamento de três quartos, com 90 m² e churrasqueira, localizado a uma quadra da Praia Central. 
 
Em anúncios on-line, o valor de compra de imóveis no mesmo endereço varia entre R$ 1,3 milhão e R$ 1,6 milhão, e aluguel fica em torno de R$ 6,5 mil por mês. Com o metro quadrado mais caro do país — R$ 11.876 mil — a região é conhecida pela vida agitada, com diversos bares e restaurantes. Nas redes sociais, a vida de Renan também é movimentada. 
 
Em seu perfil no Instagram, o jovem tem mais de 660 mil seguidores e dezenas de memes em apoio ao pai. Mas ele também se dedica a conteúdo e parcerias nas redes sociais sem o menor critério, o que tem despertado interesse da polícia, já que tudo era administrado pelo seu então empresário Maciel Carvalho, também alvo de investigação.
 
Segundo a CNN, em março passado Jair Renan transferiu a empresa RB Eventos e Mídia Ltda. — que tinha um capital social de apenas R$ 105 mil, mas que faturava mais de R$ 4 milhões por ano — para o sócio Marco Aurélio Rodrigues, sem nenhum desembolso envolvido. De acordo com a Polícia Civil do DF, o sócio pode ser um "laranja", e a transação, lavagem de dinheiro. As diligências estão próximas de chegar ao final, e, quando isso ocorrer, é provável que a Justiça derrube o sigilo.
 
O advogado do pimpolho, Admar Gonzaga, afirmou em nota que "não obteve acesso aos autos da investigação ou informações sobre os fundamentos da decisão" que autorizou a busca e apreensão, e que "Renan informou estar surpreso, mas absolutamente tranquilo com o ocorrido".