terça-feira, 17 de outubro de 2023

ACREDITE QUEM QUISER (PARTE 4)

SE O CONHECIMENTO CRIA PROBLEMAS, NÃO É ATRAVÉS DA IGNORÂNCIA QUE VAMOS SOLUCIONÁ-LOS.

Como objetivo retórico, a pacificação do Oriente Médio existe há mais de 70 anos, mas na prática a tese da coexistência pacífica entre israelenses e palestinos vem servindo apenas para requentar o humanismo que ressurge a cada novo vernissage de corpos. Implacável, a história submete boas intenções ao filtro da realidade. Depois que o pacifismo percorre o corredor frio da posteridade, sobram a reiteração das guerras e a elevação do monturo de vítimas.
Há 50 anos, uma incursão militar do Egito e da Síria também pegou Israel desprevenido. A então primeira-ministra israelense Golda Meir se viu compelida a renunciar ao cargo nas pegadas da Guerra do Yom Kippur, quando as tropas inimigas, aproveitando o dia santificado dos judeus, submeteram Israel ao risco de derrota pela primeira vez.
Ao escolher o último 7 de outubro para a carnificina que ceifou 1.300 vidas e fez mais de uma centena de reféns, o Hamas cutucou o mesmo nervo exposto da segurança insegura de Israel. A diferença é que as bombas de 50 anos atrás produziram uma energia positiva: poucos anos depois, o presidente Anwar Sadat, do Egito, foi a Israel. A viagem estarreceu egípcios, israelenses e o resto do mundo, mas os dois países assinaram um acordo de paz no Cairo e Sadat ganhou o Prêmio Nobel da Paz, partilhado com Menahem Begin, primeiro-ministro de Israel.
Em 1981, o assassinato de Sadat por um fanático egípcio pavimentou o caminho para a paz em 1993, quando, sob os auspícios dos EUA, o líder palestino Yasser Arafat firmou o acordo de Oslo com o então primeiro-ministro israelense Yitzhak Rabin. No ano seguinte, ambos foram laureados com o Nobel da Paz. No ano seguinte, Rabin foi assassinado por um israelense fanatizado. Meses depois, o líder de extrema direita Benjamin Netanyahu foi eleito primeiro-ministro de Israel. 
Duas consequências caíram sobre os esforços de paz como uma lápide: 1) O Hamas realizou uma série de atentados suicidas que mataram centenas de civis em grandes cidades de Israel; 2) Netanyahu promoveu uma contínua ampliação dos assentamentos israelenses, dinamitando a expectativa dos palestinos em relação à disposição de Israel de favorecer a ideia dos dois Estados, única saída capaz de conduzir à paz. Paradoxalmente, as ações de Netanyahu minaram o poder da Autoridade Nacional Palestina, entidade provisória do autogoverno estabelecido em 1994, e fortaleceram o Hamas, que converteu a Faixa de Gaza, isolada por Israel, no epicentro das ações terroristas que atingiram o ápice no ataque hediondo do último dia 7.
O Oriente Médio equilibrou-se por tanto tempo na beirada do vácuo que a comunidade internacional se habituou a cultivar a percepção segundo a qual o abismo, a exemplo do inferno da escatologia religiosa, era mais uma ficção admonitória do que a realidade de uma crise terminal. Só que a ficção se tornou real na incursão terrorista do Hamas e na contraofensiva de Israel.
Sumiu a ideia de que o humanismo está à beira do abismo. Já no buraco, Israelenses e palestinos contabilizam 4 mil mortes de civis, entre os quais crianças e mães, e o direito de Israel à defesa virou uma perversão que transforma a resposta ao terror numa punição coletiva à população de Gaza —um crime de guerra.
Noutros tempos, as guerras rendiam o prêmio Nobel da Paz. Agora falta material para a premiação. Os pacifistas judeus são hostilizados em Israel, enquanto os moderados palestinos fogem das bombas em Gaza. Prevalece a exaltação dos que desejam a aniquilação recíproca. Alguns otimistas imaginam que o acirramento da guerra pode levar, finalmente, à paz. Resta saber se essa paz virá com gente ou sem gente. 
(Texto de Josias de Souza).
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Um estudo publicado em 2020 sugere que podem existir pelo menos 36 civilizações inteligentes ativas e comunicantes a Via LácteaAs pesquisas foram baseadas na equação de Drake, que é usada para estimar a quantidade de civilizações com Comunicação Extraterrestre Inteligente (CETI, na sigla em inglês) que podem existir em nossa galáxia. Embora a análise tenha se limitado à nossa galáxia, a distância média entre essas hipotéticas civilizações seria de 17 mil anos-luz. Detectar seus sinais usando a tecnologia de que dispomos atualmente levaria tanto tempo que seria quase impossível notá-los, de modo que talvez nunca saibamos se essas civilizações existem mesmo ou se existiram em algum momento. 
Observação: Seria preciso persistir por mais 6 mil anos para alcançar uma comunicação bidirecional extraterrestre, e o tempo de vida de uma civilização comunicante é um complicador a mais. Isso sem falar na questão da sobrevivência, pois nada garante essas supostas civilizações sejam tão duradouras quanto a nossa,
Se a busca não encontrar nada a uma distância de até 7 mil anos-luz, há duas conclusões possíveis. A primeira é de que a vida útil das civilizações não vai além de 2 mil anos. A segunda é de que a vida na Terra é única e ocorre em um processo muito mais aleatório do que os limites astrobiológicos copernicanos estabelecidos no estudo.
É preciso olhar além da nossa galáxia para ver se a vida pode existir fora de seus limites. Os astrônomos e astrofísicos sugerem que a busca por civilizações extraterrestres inteligentes pode não só revelar como a vida se forma, como também dar pistas de quanto tempo nossa própria civilização deve durar. Se descobrirmos que a vida inteligente é comum, poderemos concluir que nossa civilização continuará existindo por mais que algumas centenas de anos; do contrário, será um péssimo sinal para nossa existência no longo prazo.