segunda-feira, 30 de outubro de 2023

QUEM FOI QUE INVENTOU O BRASIL... (PARTE IV)



Num esforço para dar credibilidade ao esqueleto fiscal que substituiu o destelhado teto de gastos, Haddad se autoimpôs missões severas: déficit de 0,5% do PIB neste ano de 2023, zero em 2024 e superávit de 0,5% em 2025. Na última sexta, durante um café de aniversário com jornalistas, D. Lula III desdenhou do projeto. O Ibovespa fechou em queda de 1,29% e o dólar subiu 0,46%. No íntimo, nem o ministro acredita que acertará o olho da mosca, mas seria bom manter viva ao menos a crença de que o governo trabalha para atingir um ponto qualquer próximo do alvo. No alvorecer do seu terceira gestão, o xamã da petralhada já deveria saber que, ao jogar a toalha tão prematuramente, dá asas aos conspiradores.

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Vasco da Gama
esteve em Calicute dois anos antes de Cabral, mas as bacias de cobre, potes de açúcar e azeite que levou para usar como moeda de troca foram desdenhadas pelo Samorim e pelos mercadores locais. Cabral
 negociou com ouro e prata e foi autorizado a instalar uma feitoria e um armazém na cidade. Mas os mercadores muçulmanos não gostaram da concorrência. 

As tensões se transformaram num conflito armado que matou dezenas de portugueses  entre os quais Pero Vaz de Caminha e seis franciscanos. Em represália, Cabral ordenou o saque de dez navios árabes e bombardeou Calicute antes de zarpar rumo a Coximonde finalmente conseguiu as tão cobiçadas especiarias. 
 
Em janeiro de 1501, Cabral iniciou a viagem de volta a Portugal. Na costa da África, uma das naus encalhou e, como as demais estavam atopetadas de mercadorias, foi incendiada coma a carga de tudo. 

Reduzida a cinco navios, a esquadra cabralina dobrou o Cabo da boa Esperança (ex-Tormentas), onde encontrou sete marinheiros esquálidos e doentes a bordo da nau comandada por Diogo Dias, que havia se desgarrado um ano antes. Em 23 de junho, as seis embarcações adentraram o rio Tejo, e, a despeito dos naufrágios e das vidas perdidas, a expedição produziu lucros extraordinários. 

D. Manuel recepcionou Cabral com pompa e circustância, concedeu-lhe uma pensão anual de 30 mil réis (valor equivalente a 15 kg de ouro, mas muito inferior aos 400 mil réis que concedera a Vasco da Gama em 1498) e o nomeou subcomandante da "Esquadra da Vingança que seria enviada no ano seguinte para retaliar CalicuteA indignação de Cabral com o rebaixamento desagradou ao rei, que o afastou da corte. 

Mesmo sem os favores reais, Cabral conseguiu um vantajoso casamento — com Isabel de Castro, uma das mulheres mais ricas de Portugal — e se mudou para Santarém, na região do Alentejo, onde faleceu em 1520, aos 53 anos, sem jamais retornar às corte nem comandar outra expedição. Seus corpo foi sepultado provisoriamente no interior de uma capela na cidade, e lá permaneceu até a morte de Isabel, em 1538, quando então foi exumado e transferido para um jazido definitivo na Igreja da Nossa Senhora da Graça. 

Na lápide, foram anotados os méritos de madame, mas nem uma única palavra sobre as proezas de Cabral, que sempre foi tido pelos portugueses como um explorador de segunda categoria. Em 1903, uma urna contendo terra e fragmentos de ossos foi trazida para a Antiga Sé do Rio de Janeiro, mas os restos mortais de nosso "achador" continuam em Santarém. No Brasil, seu nome foi dado a praças e ruas de um sem-número de cidades, e sua efígie é exibida na nota de CR$ 1000 lançada em 1962.
 
Na obra The Voyage of Pedro Alvares Cabral to Brazil and Índia from contemporary documents and narratives, o historiador americano William Greenlee anota que poucas viagens foram mais importantes para a posteridade do que a de Cabral, e poucas foram menos apreciadas em seu tempo.
 
Continua...