domingo, 26 de novembro de 2023

NÃO HÁ NADA COMO O TEMPO PARA PASSAR


Entre as maneiras de atingir o desastre, a jogatina é a mais segura, o adultério, a mais prazerosa, e fechar os olhos para o óbvio, a mais certeira. Lula ignora o óbvio ao fechar os olhos para as maracutaias de Juscelino Filho, o especialista em cavalos que escondeu da Justiça Eleitoral a fortuna que mantém em seu haras, voou nas asas da FAB para um leilão de cavalos em São Paulo, retirou diárias do bolso do contribuinte e levou asfalto à porteira de sua fazenda com verbas do orçamento federal. No total, encontram-se sob investigação R$ 10 milhões em emendas penduradas pelo apaniguado do petista no Orçamento federal. 
O inquérito policial aponta que as obras foram tocadas por duas empresas cítricas. Numa, um amigo do ministro seria o proprietário-laranja; noutra, o laranja invisível seria o próprio Juscelino. Em março, o Sun Tzu de Atibaia disse que Juscelino "não poderia ficar no governo" se "não provar sua inocência". Gleisi Hoffmann declarou que, para não constranger o chefe, o subordinado deveria deixar o cargo por conta própria. Líderes do União Brasil acusaram a presidente do PT de falta de coerência por pregar direito de defesa para petistas enrolados e prejulgar os não-companheiros.
Numa administração de respeito, um ministro que comete atos desmoralizantes é mandado embora. Desmoralizado no cargo, ele desmoraliza o governo. Se a desmoralização acontece antes no primeiro ano de um gestor em terceiro mandato, esculhambam-se os três anos seguintes. Lula deveria ter premiado Juscelino com uma demissão que lhe propiciasse mais tempo para cuidar de sua defesa. Como o ministro vai ficando no cargo, não resta a PF senão a alternativa de convertê-lo numa hemorragia que seu chefe se absteve de estancar.

***

Em 2018, muita gente teria votado em Belzebu para evitar a volta do PT. Como o Diabo não era candidato, a solução foi eleger um capeta ex-militar tosco, despreparado, autoritário e golpista — que só não foi penabundado do Planalto graças a um procurador-geral edulcorado pela promessa (jamais cumprida) de uma cadeira no STF, e a um presidente da Câmara dulcificado pelo orçamento secreto. Mas não há nada como o tempo para passar. 

Em 2022, para evitar mais quatro anos sob o alfange do verdugo sociopata, o magnífico eleitorado tupiniquim reconduziu ao trono um multirréu e ex-presidiário descondenado por togas camaradas, que agora pensa ter sido eleito para o cargo de Deus. Sem se dar conta de que já não esbanja carisma como em 2010, quando se ufanava de ser capaz de eleger até poste, o Sun Tzu de Atibaia confunde o Planalto com o Olimpo da mitologia grega. Desde a posse, sua alteza torrou 24,8 milhões em viagens ao exterior. 

 

Em vez de governar, Lula culpa a Selic e o Banco Central por sua incompetência e torra bilhões para agradar sua "base de apoio", enquanto Hera, digo, Janjaesbanja rios de dinheiro na compra de móveis para o palácio e faz turismo internacional a custa dos contribuintes. A prioridade do tri-presidente é manter o Brasil agrilhoado ao passado  essa é a única maneira do petista e seu espúrio partido sobreviverem — e nomear para a PGR alguém que lhe prometa fidelidade canina.


Há na política um axioma segundo o qual "não se briga para baixo", mas Lula está longe de seguir tal regra, mesmo após derrotar Bolsonaro e de este se tornar inelegível. O petista avalia que o imbrochável insuportável continua forte politicamente, e que sua “desconstrução” é necessária para enfraquecê-lo como cabo eleitoral nas eleições municipais do ano que vem.

O lulopetismo corrupto foi o agente catalizador que levou ao poder o patriarca do clã das rachadinhas e das mansões milionárias compradas com panetones e pagas com dinheiro vivo, mas a execrável gestão do imorrível insuportável abriu as catacumbas e ressuscitou o chefão dos petralhas. Se Bolsonaro não conspirasse diuturnamente contra a democracia, não se associasse ao novo coronavírus, não investisse contra a imprensa, o Congresso e o STF nem andasse com Queiroz, Zambelli, milicianos, Collor et caterva, é possível que Lula ainda estivesse gozando férias compulsórias na carceragem da PF em Curitiba.  


Livrarmo-nos do verdugo do Planalto era imperativo, mas a volta do PT foi um preço muito alto. Queira Deus que venha a valer a pena.