Em 2020, 62% dos veículos vinham de fábrica com essa função controversa — e esse número deve aumentar para 91% até 2025. Mas há outros cenários de monetização desagradáveis, como ativar ou desativar funções adicionais do carro por meio de assinaturas (como a BMW tentou sem sucesso fazer com assentos aquecidos) e bloquear um veículo financiado em caso de não pagamento.
Observação: De olho em empresas que cedem veículos aos funcionários, marcas como Volkswagen e BMW oferecem recursos que permitem rastrear a localização e definir limites geográficos, de velocidade e tempo de direção — e até mesmo controlar o volume do sistema de áudio!
Os fabricantes coletam informações dos usuários dos veículos e as armazenam permanentemente, mas nem sempre as protegem como deveriam. Entre outras marcas que foram vítimas de ataques cibernéticos, a Toyota admitiu o vazamento de 10 anos de dados coletados de milhões de modelos habilitados para a nuvem, e a Audi, de informações de mais de 3 milhões de clientes.
Em 2014, após se debruçar sobre o furto de veículos por meio de funções de nuvem, a empresa de cibersegurança russa Kaspersky concluiu que a possibilidade de criminosos controlarem remotamente um carro não é mais uma simples fantasia futurista. No mais das vezes, a bandidagem se vale da transmissão remota de sinais de um chaveiro legítimo, mas vale destacar que a epidemia de "sequestros de TikTok” da Kia e da Hyundai foi baseada nas funções inteligentes do veículo — e exigia apenas que o ladrão as inserisse uma unidade USB.
"Paranóicos" com segurança que não querem trocar o carro pela bicicleta ou pelo transporte público podem minimizar os riscos optando por veículos fabricados até 2012, nos quais a transmissão de dados é mais limitada. Algumas montadoras oferecem configurações básicas — e a ausência do módulo de comunicação dedicado (GSM/3G/4G) é um sinal confiável —, mas a maioria vem incluindo uma batelada de sensores também nas versões de entrada de linha.
Outra dica é não instalar o aplicativo móvel do veículo no celular nem ativar as funções de emparelhamento com o iOS Car Play ou o Android Auto — quando essas funções são ativadas, a Apple e a Google, conforme o caso, obtêm todos os tipos de informações do carro, que, de quebra, recupera os dados do telefone.
Não conectar o celular ao sistema do veículo via Bluetooth ou Wi-Fi impede o acesso a diversas funcionalidades, mas também evita que informações sensíveis (como o catálogo de endereços e outros dados pessoais) sejam enviadas ao fabricante. Se você não abre mão de ouvir pelos alto-falantes do carro as musicas armazenadas no seu smartphone, estabeleça uma conexão Bluetooth somente para os protocolos "headset" e "fones de ouvido" — assim, a transmissão de outros tipos de dados não estará disponível.
Cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém...