terça-feira, 21 de novembro de 2023

O VERDADEIRO VILÃO DA HISTÓRIA

O MACACO RI PORQUE A REFERÊNCIA À SUPOSTA INCAPACIDADE COGNITIVA ALHEIA É EXPRESSA DE FORMA PRECÁRIA E RISÍVEL POR ALGUÉM CUJA CAPACIDADE COGNITIVA NÃO PARECE SER GRANDE COISA.

O Planalto anunciou que a meta de zerar o déficit fiscal em 2024 continua em pé. Uma mente cartesiana concluiria que Haddad está  fortíssimo, mas almas menos metódicas notarão que a força do ministro vai durar até o próximo soluço do presidente — ou a próxima rasteira do tocador de obras da Casa Civil. Há três semanas, Lula trombeteou que o resultado fiscal de 2024 "não precisa ser zero", e que um buraco de 0,5% do PIB nas contas nacionais — coisa de R$ 60 bilhões — é "nada".  Dito isso, haverá déficit, e o novíssimo marco fiscal ilumina o caminho: falhando a meta, entra em cena a tesoura (hoje, as estimativas de corte para oscilam entre R$ 23 bilhões a R$ 53 bilhões). 
Divergências internas ocorrem em qualquer governo. Quando elas surgem, cabe ao mandatário de turno definir o itinerário que deseja impor a sua administração. Mas Lula opta pela ambiguidade, fingindo prestigiar a meta de Haddad e, ao mesmo tempo, dando mão forte a Rui Costa para deslanchar as obras do PAC. Quem está habituado às mumunhas do Poder começa a cochichar em voz baixa para os seus botões: "Penso, logo Descartes e a força de Fernando Haddad não existem." 

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Para, nós, brasileiros, Alberto Santos Dumont é o "Pai da Aviação, mas os EUA (e o resto do mundo) atribuem a invenção do avião a Wilbur e Orville Wright. É fato que o inventor mineiro contornou a Torre Eiffel em 1901, a bordo de um dirigível, mas também é fato que, em 1906, quando ele subiu a 3 metros de altura com o 14-Bis e percorreu cerca de 200 metros num voo de 31 segundos, os irmãos Wright já haviam voado cerca de 50 vezes e percorrido distâncias de até 40 km. 
 
Observação: Dumont tampouco foi o inventor do relógio de pulso — adereço que já era usada pela rainha Elizabeth I (1533-1603) no século 16. Para saber as horas sem tirar as mãos dos controles de seus balões, ele pediu ao amigo joalheiro Louis Cartier que adaptasse uma pulseira de couro ao maior relógio de pulso feminino de sua coleção. Na melhor das hipóteses, isso o torna responsável pela popularização do relógio de pulso entre os homens.
 
Como bem assinalou o Conselheiro Acácio, as consequências vêm sempre depois. O primeiro desastre aéreo com vítima fatal foi registrado em 17 de setembro de 1908 — Orville Wright, que pilotava a geringonça, sobreviveu, mas o tenente Thomas Selfridge, que viajava como passageiro, não teve a mesma sorte. Na esteira desse raciocínio, não surpreende o fato de o casamento ser a maior causa do aumento do número de divórcios, e a popularização da Internet — sobretudo depois que os serviços online passaram a coletar dados dos usuários para personalizar experiências e anúncios — pelo fim da privacidade online. 
 
Por outro lado, é curioso que o primeiro colocado no ranking dos dispositivos que mais coletam informações pessoais dos usuários para análise e revenda não seja o smartphone (ou o smartwatch, ou as assistentes digitais e os alto-falantes inteligentes), mas, sim, os automóveis modernos. Segundo a Privacy Not Included, todas as 25 marcas avaliadas receberam menção desonrosa por coleta excessiva e falta de transparência no uso dos dados, transmissão mal documentada e práticas de armazenamento pouco confiáveis. 
 
Para piorar, 19 fabricantes reconheceram que podem revender as informações que coletam dos consumidores. A Renault e a Dacia oferecem a opção de recusar a coleta de dados, mas não informam isso de forma clara nos contratos de licença que 11 de cada 10 compradores assinam sem ler. Já a Nissan e a Hyundai impõem o compartilhamento de preferências sexuais e informações genéticas e a divulgação dos dados mediante solicitações informais de agências de aplicação da lei, além de outras 160 categorias de dados com nomes propositadamente obscuros — como "informações demográficas", "imagens", "informações de pagamento", "geolocalização", etc. A pior nota coube à Tesla, que, além de colecionar todos os demais pontos negativos possíveis, ganhou o rótulo de "IA não confiável".
 
Carros com tecnologia embarcada de última geração estão repletos de sensores que checam da temperatura do motor e ângulo do volante à pressão dos pneus, além de câmeras de perímetro e interiores, microfones, monitores de presença de mãos no volante, GPS e módulos de comunicação celular, Bluetooth e Wi-Fi. 

Essa parafernália eletrônica permite que o veículo peça socorro automaticamente em caso de acidente, e que o motorista encontre o melhor caminho, diagnostique avarias remotamente e ligue o motor com antecedência, por exemplo. Mas também cria um canal permanente para a coleta de informações, tais como para onde o carro está indo, onde e por quanto tempo ele fica estacionado, como é dirigido, se o motorista e os passageiros usam o cinto de segurança, e assim por diante. 
 
Mais informações serão coletadas se o smartphone for conectado ao sistema de bordo para fazer e receber chamadas, tocar música, etc. E se o aparelho estiver equipado com o aplicativo móvel da montadora, os dados poderão ser coletados mesmo com o carro desligado e o motorista, ausente.
 
Continua...