Qualquer que tenha sido a adesão ao ato bolsonarista de ontem (já ouvi absurdos entre 100 mil e 750 mil participantes), a foto está garantida e é sopa no mel para efeito de postagens. Mas e daí?
Bolsonaro constrangeu aliados de projeção, reuniu seu rebanho, defendeu a anistia (só falta isso para o circo virar palhaçada da grossa) e eventualmente dormiu feliz. Mas acordou tão enrolado na teia de investigações quanto estava.
Quando gozava de imunidade temporária inerente ao cargo, o devoto da cloroquina subia em palanques para conspirar contra a democracia, vituperar togas supremas e pregar contra as instituições. Sem mandato, inelegível até 2030 e na bica de ir em cana, pede que não se fale mal de ninguém, que não se faça nada além de lhe prestar solidariedade e reverência.
É sabido que o Messias de fancaria tem muitos prosélitos, mas isso não muda o curso das investigações — sobretudo à luz do que foi apurado na Tempus Veritatis — nem deve influenciar a decisão do STF . O número expressivo de baba-ovos que, como os ratos na fábula do Flautista de Hamelin, atenderam ao chamado do futre grasnador pode revigorar o bolsonarismo, que depende sobretudo das redes sociais, mas daí a granjear mais eleitores no pleito municipal de outubro vai uma longa distância.
Os jacobeus certamente contestarão esses outros eventuais problemas, mas só o fato de precisarem fazer isso demonstra que seu pontifex maximus perdeu força. Por outro lado, as 139 assinaturas colhidas pelos deputados bolsonaristas em apoio ao 19º pedido de impeachment de Lula indicam um teto, e dificilmente modificarão a atual correlação de forças.
As leis de Kepler e da Gravitação Universal já permitiam que astrônomos dos tempos de antanho calculassem a órbita dos planetas com relativa precisão. Ainda no século 18, o matemático francês Jean Baptiste Delambre observou que o campo gravitacional de Urano era influenciado por outro corpo celeste, mas seis décadas se passaram até que o astrônomo John Couch Adams provasse matematicamente a existência de Netuno e mais três até Urbain Le Verrier publicar seus estudos sobre a localização do planeta. Houve muita rivalidade entre os dois cientistas, e até hoje não existe consenso entre os historiadores sobre quem é o verdadeiro pai da criança.
Mercúrio sempre teve um órbita estranha (para os padrões da gravidade newtoniana). Le Verrier passou a vida acreditando ter descoberto um planeta ainda mais próximo do Sol, e chegou mesmo a batizá-lo de Vulcano (em homenagem ao deus romano do fogo). Sua teoria foi entusiasticamente recebida por astrônomos profissionais e amadores, que decretaram aberta a "temporada de caça a Vulcano".
Segundo Le Verrier, sua descoberta ficava a 21 milhões de km do Sol, que levava apenas 19 dias e 17 horas para circundá-lo, e que sua órbita era quase circular. Dada a credibilidade e a fama do cientista, choveram relatos de trânsitos inexplicados, mas nenhum trânsito de Vulcano foi visto em 1861 — o que não fazia sentido à luz da brevidade de sua translação. Como sua suposta existência mais complicava do que simplificava as coisas, a comunidade científica a descartou, a teoria morreu junto com Le Verrier (1877) e o mistério das anomalias na órbita de Mercúrio só foi desvendado em 1915, quando Albert Einstein publicou sua célebre teoria.
Quanto mais observamos as estrelas, mais evidentes se tornam as diferenças entre nosso sistema solar e os demais. Há exoplanetas de todo tipo e tamanho — dos hot Jupiters às super-Terras, passando pelos recém-descobertos hot-Netunos a pequenos corpos que descrevem órbitas ainda mais próximas de suas estrelas do que Mercúrio do Sol. O que nos leva à pergunta: por que Mercúrio fica "tão longe" do Sol?
Acredita-se que nosso sistema solar começou com vários planetas nas vizinhanças do Sol, mas suas órbitas se tornaram instáveis demais, e Mercúrio foi o único sobrevivente. De acordo com Brett Gladman e Kathryn Volk, o planetinha pode ter tido vários "irmãos", mas foi trombando com eles até destrui-los todos.
Quanto mais observamos as estrelas, mais evidentes se tornam as diferenças entre nosso sistema solar e os demais. Há exoplanetas de todo tipo e tamanho — dos hot Jupiters às super-Terras, passando pelos recém-descobertos hot-Netunos a pequenos corpos que descrevem órbitas ainda mais próximas de suas estrelas do que Mercúrio do Sol. O que nos leva à pergunta: por que Mercúrio fica "tão longe" do Sol?
Acredita-se que nosso sistema solar começou com vários planetas nas vizinhanças do Sol, mas suas órbitas se tornaram instáveis demais, e Mercúrio foi o único sobrevivente. De acordo com Brett Gladman e Kathryn Volk, o planetinha pode ter tido vários "irmãos", mas foi trombando com eles até destrui-los todos.