terça-feira, 18 de junho de 2024

CONSCIÊNCIA E VIDA APÓS A MORTE (PARTE XI)

PARA CONHECER OS AMIGOS É PRECISO PASSAR PELO SUCESSO E PELA DESGRAÇA; NO SUCESSO VERIFICA-SE A QUANTIDADE E NA DESGRAÇA, A QUALIDADE.

 
O professor Ian Stevenson dedicou sua vida acadêmica ao estudo da reencarnação a partir de episódios envolvendo fatos que somente os familiares das pessoas mortas poderiam saber. Entre outros relatos de lembranças ocorridas na infância, ele destaca em seu livro Twenty Cases Suggestive of Reincarnation o caso de uma menina nascida em 1948 de uma rica família da Índia.

Durante uma viagem de carro, Swarnlata Mishra apontou uma estrada que levava à cidade de Katni e disse ao pai que vivera lá quando se chamava Biya Pathak e que teve dois filhosEmbora morasse com na cidade de Pradesh, a 160 quilômetros dali, ela descreveu detalhadamente o que chamou de "minha casa". Ao tomar conhecimento do caso, o pesquisador de fenômenos paranormais Sri H. N. Banerjee usou as anotações do pai da menina para encontrar a família Pathak, que confirmou tudo que a criança dissera sobre Biya (morta em 1939). Até aquele momento, nenhuma das duas famílias jamais ouvira falar da outra. 

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Na política, quem tem medo do adversário geralmente é controlado por ele. Na campanha de 2022, uma das armas do bolsonarismo foi a difusão da tese segundo a qual Lula legalizaria o aborto se retornasse ao Planalto. Deu-se algo diferente: a banda bolsonarista do Congresso quer transformar em homicídio modalidades de aborto legalizadas há 84 anos, inclusive em casos de estupro, e o petista revelou finalmente qual será sua posição diante do avanço na Câmara do projeto antiaborto: de cócoras.

Durante a corrida presidencial, o medo de perder votos levou o xamã petista a brindar os evangélicos com uma carta em que diz ter "compromisso com a vida" e ser "pessoalmente contra o aborto". Antes, ele havia dito que "é preciso transformar o aborto numa questão de saúde pública". Quando evolui para a covardia, o medo perde a serventia. 

Se convertidas em homicidas, como sugere o deputado-pastor Sóstenes Cavalcante, autor do projeto, as vítimas de estupro amargariam até 20 anos de cadeia, o dobro da pena imposta aos estupradores. A mulher que vivencia o drama precisa de suporte público, não da ameaça de ser trancafiada num calabouço. 

Podendo qualificar o debate, Lula e seus operadores desqualificam-se em silêncio. Não aprenderam nada, não esqueceram nada. 

 
Meses depois, o viúvo de Biya foi com o irmão e um dos filhos até a casa dos Mishra em Pradesh. Todos foram prontamente reconhecidos por Swarnlata, que tratou o "marido" e o "cunhado" pelo nome e o "irmão" pelo apelido de infância. Semanas depois, ela foi com o pai até a casa dos Pathak em Katni, chamou os parentes e amigos de Biya pelo nome, relembrou episódios domésticos e tratou os filhos da falecida com uma intimidade de mãe. 

Observação: Stevenson diz no livro que presenciou um dos encontros das duas famílias, e que, diferentemente de milhares de relatos de lembranças de outras vidas, as memórias de Swarnlata não desapareceram depois que ela cresceu.
 
O conceito da reencarnação é quase tão antigo quanto as religiões, e fincou raízes no bramanismo, no hinduísmo, no budismo e nas religiões africanas e de povos indígenas, embora seja menos presente no judaísmo, no cristianismo e no islamismo (detalhes nesta postagem). O matemático grego Pitágoras (570 a.C. - 496 a.C.) teria presenciado cerimônias em que espíritos afirmavam ter reencarnado em corpos humanos. Allan Kardec publicou diversos livros sobre experiências mediúnicas e fundou a doutrina espírita, da qual a reencarnação é um dos principais pilares. 

Até meados do século passado, memórias de outras vidas eram classificadas como "distúrbios mentais". Atualmente, quando não são tachadas de mistificação, essas lembranças são atribuídas a coincidências ou "auto-induções bem intencionadas". 

O diretor da área de assistência espiritual da Federação Espírita do Estado de São Paulo, Wlademir Lisso, prefere embasar suas palestras em pesquisas de universidades estrangeiras. Segundo ele, terapias de regressão não provam nada nem tampouco são bem-vistas pelos espíritas. O pesquisador mineiro Hernani Guimarães Andrade, autor de Reencarnações no Brasil, conta em seu livro o caso de uma menina paulistana que, com um ano de idade, começou a dizer palavras em italiano sem que ninguém as tivesse ensinado e a relatar lembranças da Segunda Guerra Mundial (que deixaram de jorrar depois que ela completou 3 anos).
 
Pesquisadores de várias universidades ao redor do mundo vêm buscando explicações para marcas de nascença tidas como evidências de reencarnação. Um levantamento feito com 210 crianças que alegaram ter lembranças de outras vidas apontou que 35% delas apresentavam marcas congênitas na pele, e 90% dos laudos necroscópicos das pessoas que elas supostamente foram em outra encarnação apresentaram correspondência "satisfatória" entre os ferimentos que causaram sua morte e as marcas de nascença das crianças.
 
Para Stevenson, há fortes indícios de que muitas crianças conseguem se lembrar de suas vidas anteriores. Ele cita o caso de uma menina da antiga Birmânia (hoje Myanmar) que, numa encarnação anterior, morreu durante uma cirurgia cardíaca. Curiosamente, o peito da menina tinha uma longa linha vertical hipopigmentada, que correspondia perfeitamente à incisão cirúrgica feita no da falecida.
 
O professor Jim B. Tucker, da Divisão de Estudos da Personalidade do Departamento de Psiquiatria da Universidade da Virgínia, estuda casos de depressão e outros distúrbios em crianças e adolescentes que relatam lembranças de vidas passadas. Em entrevista concedida a Superinteressante, ele disse ter colecionado mais 2.500 casos, a maioria envolvendo crianças pequenas que descrevem familiares falecidos que jamais conheceram, ou que têm marcas de nascença que correspondem a ferimentos de pessoas que elas supostamente "foram" numa vida anterior. Ele reconhece que nenhum desses casos é "prova" de reencarnação, mas os relatos mais significativos são fortes indícios de que algumas pessoas guardam lembranças de vidas anteriores.
 
Continua...