Esgrimindo o insuportável "politicamente correto" e trombeteando a falência dos governos progressistas, "pensadores" de direita aliciaram miríades de pessoas desiludidas, fartas do impositivo pensamento único. Quando se deram conta de que o catalizador se transformara numa usina de ódio, políticos autoritários e autocratas de plantão se fantasiaram de "outsiders antissistema", e assim engabelaram os incautos e conseguiram respaldo popular e base eleitoral.
Estrumados pelo enfraquecimento das esquerdas e pela beligerância na política, excrescências como Trump e Bolsonaro fizeram a festa. Para piorar, o desgoverno protagonizado pelo aspirante a tiranete tupiniquim resultou na volta de Lula, reiterando a máxima segundo a qual nada é tão ruim que não possa piorar.
Não há nada mais frustrante do que tentar enxergar o cenário político atual sob o prisma da lógica. Comprovando que Einstein estava certo quanto à infinitude da estupidez humana, o pensamento cartesiano foi descartado — se vivesse no Brasil de hoje, Descartes teria dito "penso, logo desisto".
Como se não bastasse, surge um tal de Pablo Marçal, cuja postura é inadmissível até para os padrões atuais e a ficha-corrida. A julgar por sua perfomance no primeiro bloco do debate na Band, a alegada "tranquilidade de piloto de aeronave em pane" não se aplica a debates políticos.
Bastaram duas perguntas de Tábata Amaral para o mix de "coach e influencer" perder o rumo, chamar a perguntante de "para-choque de comunista", "candidata fantoche", "jornalistazinha militante", "adolescente que precisa amadurecer" e usar o restante do tempo para dirigir impropérios aos demais candidatos. Política não é lugar para salafrários, mas para políticos (embora a diferença nem sempre fique muito clara).
Como disse alguém, "o diálogo constrói, a ameaça separa e a violência destrói". Não sendo assim, perde é a sociedade como um todo e ganham os embusteiros profissionais, tando de esquerda quanto de direita e de centro.
Triste Brasil!