Os dicionaristas definem a palavra "vácuo" como sinônimo de "vazio", mas, segundo a Mecânica Quântica, o espaço entre as galáxias é preenchido pela energia do vácuo, e o vácuo sideral não só contém partículas subatômicas (como fótons e neutrinos) como está sujeito a flutuações quânticas que geram atividades energéticas.
Aprendia-se nos meus tempos de estudante que o corpo humano se divide em cabeça, tronco e membros, mas o fato de ele se formados por enormes conjuntos de átomos não era comentado. Não podemos enxergar as moléculas que formam nosso corpo e tudo o mais que nos cerca, nem tampouco os fótons (partículas de luz) e as ondas eletromagnéticas que compõem a luz. Mas o fato de não vermos uma árvore cair no meio da floresta não significa que ela não tenha caído.
CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA
A observação dos astros e o estudo das propriedades da luz remontam aos tempos de antanho, mas a descoberta e subsequente utilização da energia elétrica nos tornaram dependentes de algo que antes não nos fazia falta — até porque ninguém sente falta do que nunca teve.
Nos anos 1960, quando eu passava as férias no sítio dos meus avós, a geladeira era a gás, o banho quente dependia do fogão à lenha e a iluminação noturna vinha dos lampiões. Quando meu avô transformou um enorme motor a diesel em gerador, os lampiões foram aposentados, mas a geladeira a gás continuou ativa e operante, pois o motor era ligado no início da noite e desligado por volta das 22h (caipiras dormem com as galinhas e acordam com o galo). Sem falar que a luz das lâmpadas era instável, o chuveiro só esquentava no verão, a TV exibia um festival de chuviscos, e por aí afora.
Ficar sem energia elétrica por algumas horas é como visitar o nono círculo do inferno; passar dias sem ela é como mudar-se de mala e cuia para os domínios de Belzebu — como constataram empiricamente os desventurados clientes da Enel, semanas atrás, quando uma tempestade com ventos de mais de 100 km/h deixou sem energia cerca de 3 milhões de imóveis na capital paulista e adjacências.
Ainda não se sabe exatamente qual é a natureza fundamental da eletricidade, mas a energia elétrica começou a ser usada para iluminação e outros fins no século XIX, e hoje precisamos dela para quase tudo — sem energia, lâmpadas não acendem, chuveiros elétricos não esquentam, celulares não carregam, televisores, geladeiras e fornos de micro-ondas não funcionam, e assim por diante.
Continua...