segunda-feira, 4 de novembro de 2024

LUZ E TREVAS

NÃO SE SENTE FALTA DO QUE NUNCA SE TEVE.

 

Os dicionaristas definem a palavra "vácuo" como sinônimo de "vazio", mas, segundo Mecânica Quântica, o espaço entre as galáxias é preenchido pela energia do vácuo, e o vácuo sideral não só contém partículas subatômicas (como fótons e neutrinos) como está sujeito a flutuações quânticas que geram atividades energéticas. 


Aprendia-se nos meus tempos de estudante que o corpo humano se divide em cabeça, tronco e membros, mas o fato de ele se formados por enormes conjuntos de átomos não era comentado. Não podemos enxergar as moléculas que formam nosso corpo e tudo o mais que nos cerca, nem tampouco os fótons (partículas de luz) e as ondas eletromagnéticas que compõem a luz. Mas o fato de não vermos uma árvore cair no meio da floresta não significa que ela não tenha caído.


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Reza a sabedoria popular que "o futuro a Deus pertence". Lula não sabe se ou como chegará a 2026. Se chegar na condição que imagina, estalando de popularidade, jamais cogitará abrir mão de disputar a re-re-re-reeleição. Em maio, ele declarou que quer viver até os 120 e "disputar mais umas dez eleições". Mas querer e poder são coisas diferentes. 
Segundo o Datafolha, o desempenho da terceira gestão do macróbio ombreia com o de Bolsonaro na mesma altura de seu nefasto mandato (que a maioria do eleitorado decidiu não renovar em 2022). Entre os muitos enigmas que rondam a política está a incerteza em relação a quem disputará Planalto em 2026. 
O barco de Bolsonaro bateu no iceberg da inelegibilidade, não se sabe se o capetão sobreviverá às sentenças que estão por vir no Supremo. As dúvidas sobre o rumo da gestão Lula estimulam a especulação sobre as opções à esquerda. A única diferença é que a articulação da direita foge ao controle de Bolsonaro, enquanto na seara da esquerda, que ultrapassa o PT, não haverá a construção de uma alternativa sem a concordância e a coordenação do xamã petista. 
Lula é hoje um homem atormentado pela mesma inquietação que o incomodava em 2000, ainda sob FHC. Naquela ocasião, ele manifestava em privado o desejo de terminar a carreira como Pelé, que soube escolher a hora de parar. 


Nas fotos tiradas de fora da Terra, o espaço aparece como um grande breu vazio, mas só porque não há atmosfera para dispersar a luz solar. A luz das estrelas, galáxias e outros corpos celestes viaja pelo espaço, mas sua intensidade é inversamente proporcional à distância que separa a fonte do observador, o que também contribui para o cosmos nos parecer um imenso breu.
 
A observação dos astros e o estudo das propriedades da luz remontam aos tempos de antanho, mas a descoberta e subsequente utilização da energia elétrica nos tornaram dependentes de algo que antes não nos fazia falta — até porque ninguém sente falta do que nunca teve.
 
Nos anos 1960, quando eu passava as férias no sítio dos meus avós, a geladeira era a gás, o banho quente dependia do fogão à lenha e a iluminação noturna vinha dos lampiões. Quando meu avô transformou um enorme motor a diesel em gerador, os lampiões foram aposentados, mas a geladeira a gás continuou ativa e operante, pois o motor era ligado no início da noite e desligado por volta das 22h (caipiras dormem com as galinhas e acordam com o galo). Sem falar que a luz das lâmpadas era instável, o chuveiro só esquentava no verão, a TV exibia um festival de chuviscos, e por aí afora.
 
Ficar sem energia elétrica por algumas horas é como visitar o nono círculo do inferno; passar dias sem ela é como mudar-se de mala e cuia para os domínios de Belzebu — como constataram empiricamente os desventurados clientes da Enel, semanas atrás, quando uma tempestade com ventos de mais de 100 km/h deixou sem energia cerca de 3 milhões de imóveis na capital paulista e adjacências.
 
Ainda não se sabe exatamente qual é a natureza fundamental da eletricidade, mas a energia elétrica começou a ser usada para iluminação e outros fins no século XIX, e hoje precisamos dela para quase tudo — sem energia, lâmpadas não acendem, chuveiros elétricos não esquentam, celulares não carregam, televisores, geladeiras e fornos de micro-ondas não funcionam, e assim por diante.

Essa dependência se estende inclusive à exploração espacial, onde cada watt é precioso — daí tecnologias como painéis solares, baterias de longa duração e fusão nuclear estarem no centro das buscas por soluções energéticas que nos libertem das limitações terrestres e nos levem às estrelas.
 
Continua...