QUANDO VIR UM DESCONFIA DE TRÊS; QUANDO VIR TRÊS, DESCONFIA DE UM.
Multiverso, universos paralelos, multidimensões e outras "realidades" que não percebemos a olho nu permeiam histórias em quadrinhos, livros e filmes de ficção científica, mas a possibilidade de tudo isso ser real não pode ser descartada.
Se durasse tempo suficiente, uma viagem em linha reta até os confins do cosmos levaria a uma galáxia idêntica à Via Láctea, com uma estrela idêntica ao nosso Sol e um planeta igual à Terra, onde viveriam "clones" de cada um de nós.
CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA
Assim como existe a Covid longa, há a bolsonarice longa. O governador Tarcísio de Freitas demora a notar, mas os efeitos prolongados da infecção bolsonarista que o acomete produzem consequências deletérias para seu governo e sua carreira política.
Como que para comprovar o dito popular segundo o qual "quem sai aos seus não degenera", a violência policial virou uma espécie de cloroquina do governador que se dizia técnico, mas age na segurança pública como gestor sem comprovação científica, desprezando a lógica e as estatísticas e adotando negacionismo da truculência.
Ao avalizar as chacinas da PM no Guarujá, no alvorecer da sua gestão, Tarcísio se rendeu à lógica que transforma a prática da bandidagem em política de estado. Achar que governa é o pior tipo de ilusão que pode acometer um governante. Na segurança, Tarcísio passou a ser governado pela banda bárbara da polícia. A imagem do policial militar jogando uma pessoa da ponte revela mais do que o conteúdo do vídeo: na verdade, a PM jogou o governo Tarcísio do alto da ponte, e o estrago é monumental.
Embora o eleitorado brasileiro esteja dividido, há um miolo da sociedade que não se dispõe a avalizar barbaridades. Embora minoritário, esse contingente é grande o bastante para decidir eleições apertadas. Em 2022, Bolsonaro, padrinho político de Tarcísio, deu de ombros para a minoria silenciosa e foi reprovado nas urnas. Agindo com tem agido, o afilhado queima prematuramente a largada de 2026.
Num Universo infinito, a existência desses clones não é apenas uma possibilidade, mas uma imposição matemática. Isso porque tudo que existe é formado por partículas elementares que se combinam de modo a criar qualquer coisa, de uma massa amorfa de moléculas a um ser vivo. O que entendemos por realidade é apenas um "visual" que o Universo escolheu para o imenso número de partículas que o compõem.
Um Universo infinito combinado com finitas combinações possíveis de partículas implica a existência de "universos-espelho", com galáxias, planetas e clones de cada um de nós. E como uma quantidade imensa de matéria gera uma força gravitacional igualmente imensa, capaz de curvar esse Universo até deixá-lo esférico, vivemos na superfície de uma gigantesca "bexiga" tridimensional. No entanto, da mesma forma que formiga que caminha sobre essa superfície só pode se mover para os lados ou para frente e para trás, mas não "para cima", estamos "presos" a uma superfície tridimensional inserida em uma esfera 4D, na qual viajar em linha leva inevitavelmente ao ponto de partida, como no jogo Pac-Man, onde o personagem sai por um lado da tela e reaparece pelo outro em um movimento contínuo.
Uma vez que a energia escura produz o efeito oposto ao da massa, uma quantidade imensa de energia escura esticaria o Universo em vez de contraí-lo, e essa curvatura negativa lhe daria o formato de uma batata Pringles quadridimensional — o que é ainda mais difícil de imaginar, embora seja válido para os matemáticos. Mas se considerarmos que a quantidade de massa e de energia escura são equivalentes, uma anula a outra, e assim o Universo não seria com uma bexiga nem com uma batata chips em quatro dimensões, mas plano com uma folha de papel.
Num Universo plano, infinito e ilimitado em qualquer direção, uma viagem em linha reta não terminaria no ponto onde começou, mas numa borda cósmica além da qual não haveria nada ou, o que é mais provável, em infinitos "universos-espelho" com clones da Terra e habitados por clones de cada um de nós.
Observação: Em 2001, a medição da curvatura do cosmos a partir da radiação cósmica de fundo em micro-ondas deu aos cientistas 100% de certeza de que o Universo é plano. Essa conclusão foi reforçada em 2014 pela Pesquisa Espectroscópica de Oscilação Bariônica, que aferiu a densidade do cosmos com 1% de margem de erro e detectou a existência da quantidade exata de massa necessária para tornar o universo plano.
Como o Universo vem se expandindo — ou melhor, as galáxias vêm se afastando umas das outras — desde o Big Bang —, se pudéssemos voltar no tempo veríamos as galáxias se aproximarem umas das outras até se fundirem num Universo cada vez menor, mas ainda assim infinito, e a fusão das galáxias produzir um novo pico de densidade como o que ensejou o Big Bang.
Continua...