Conta-se que o professor de matemática John McCarthy criou o termo Artificial Intelligence para usar no convite que enviou a um grupo de cientistas, em meados dos anos 1950, para um debate no Dartmouth College sobre a capacidade das máquinas de realizar tarefas humanas.
Na mensagem Inteligência Artificial e Paz, o Papa Francisco alertou o mundo para os riscos associados ao desenvolvimento da IA e clamou pela regulação da tecnologia "em busca da paz e do bem comum". Até onde eu sei, sua santidade não é especialista em TI, e muito menos em IA, de modo que "ne supra crepidam".
Observação: Para quem não conhece a expressão, conta-se que o pintor grego Apeles deixou um quadro secando ao sol, e um sapateiro que por ali passava apontou um defeito qualquer na sandália calçada pela figura. O artista agradeceu e fez a correção. O sapateiro, então, fez novas crítica, e Apeles foi incisivo: sator, ne ultra crepidam (sapateiro, não vá além das sandálias). A fase se celebrizou em latim porque foi registrada pelo escritor romano Valério Máximo em Nove Livros de Feitos e Dizeres Memoráveis.
CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA
"Lula poderia muito bem ter ido pra UBS de Ceilândia. Viva o SUS!”, provocou edil paulistano Rubinho Nunes. "Viva o SUS, mas vou para o Sírio Libanês", debochou o colega de bancada Lucas Pavanato. O senador Flávio Bolsonaro reforçou o coro: "Viva o SUS!".
É sempre a mesma história: toda vez que precisam de atendimento médico, nossos insignes governantes e representantes vão se tratar em hospitais de referência, como o Einstein e o Sírio-Libanês, e não no Sistema Único de Saúde.
A despeito de virem de quem vêm, as críticas a Lula se justificam não pela qualidade do SUS, que é questionável, mas pelo discurso do xamã petista: "Eu tenho dito para Nísia [Trindade, ministra da Saúde] que nós precisamos mostrar ao mundo, todo santo dia, que o SUS não é apenas grande. O SUS é o melhor sistema de saúde pública que um país de mais de 100 milhões de habitantes tem".
A capilaridade do SUS foi determinante para a resposta do Brasil à pandemia de Covid (apesar do negacionismo do então inquilino-verdugo do Planalto), mas, como sabe qualquer cidadão brasileiro que já precisou do sistema único de saúde, os serviços são limitados e o atendimento, demorado. Se Lula tivesse sido levado a um hospital público, seu vice teria realizado o sonho que acalenta há décadas, já que a hemorragia resultante da queda sofrida em outubro demandou uma cirurgia de emergência e um procedimento complementar.
A despeito de virem de quem vêm, as críticas a Lula se justificam não pela qualidade do SUS, que é questionável, mas pelo discurso do xamã petista: "Eu tenho dito para Nísia [Trindade, ministra da Saúde] que nós precisamos mostrar ao mundo, todo santo dia, que o SUS não é apenas grande. O SUS é o melhor sistema de saúde pública que um país de mais de 100 milhões de habitantes tem".
A capilaridade do SUS foi determinante para a resposta do Brasil à pandemia de Covid (apesar do negacionismo do então inquilino-verdugo do Planalto), mas, como sabe qualquer cidadão brasileiro que já precisou do sistema único de saúde, os serviços são limitados e o atendimento, demorado. Se Lula tivesse sido levado a um hospital público, seu vice teria realizado o sonho que acalenta há décadas, já que a hemorragia resultante da queda sofrida em outubro demandou uma cirurgia de emergência e um procedimento complementar.
Reclamações sobre serviços públicos de saúde e denúncias de irregularidades devem ser levadas a sério, sem bravatas ou ataques aos críticos. A literatura médica está apinhada de acidentes envolvendo idosos. Sem atendimento imediato após o evento, essas pessoas, se sobrevivessem, poderiam ter sequelas motoras, neurológicas e cognitivas.
Se ainda caminhar entres os vivos em outubro de 2026, Lula completará 81 anos. Pelo andar da carruagem, ele se aposentará (voluntaria ou compulsoriamente) antes disso. Com o macróbio petista fora do páreo e o capetão-golpista inelegível até 2030 (e na cadeia, se a alta cúpula do Judiciário tiver um pingo de vergonha na toga), a polarização pode ceder e o Brasil, voltar a ter um presidente de verdade.
Dizem que a esperança é a última que morre, mas também dizem que o diabo detesta concorrência.
Em meio ao debate sobre o futuro da IA, o astrobiólogo Steven J. Dick afirmou em entrevista à revista Forbes que civilizações antigas podem ter criado realidades simuladas — algo parecido com a do filme Matrix — e que talvez ainda não tenhamos encontramos sinais de vida extraterrestre porque estamos buscando por formas biológicas.
Num estudo publicado no International Journal of Astrobiology em 2002, ele detalhou como uma IA poderia criar um "progresso exponencial de inteligência" transferindo o conhecimento acumulado de uma geração para a próxima. Assim, as civilizações pós-biológicas poderiam avançar mais rapidamente do que qualquer forma de vida biológica e existir em estados pós-biológicos, mas isso não significa necessariamente que as humanidade esteja destinada a ser superada pelas máquinas.
Considerando que bebe água limpa quem vai direto à fonte, eu perguntei a um chatbot de IA o que ele achava sobre essa teoria. A resposta que ele me deu foi a seguinte:
"A hipótese de Steven J. Dick sobre 'civilizações pós-biológicas' é fascinante, e a ideia de que civilizações poderiam alcançar um estado pós-biológico [onde a inteligência não se limita à biologia e passa a existir em uma forma artificialmente avançada e acumulativa] é coerente com a premissa de que tecnologias podem se desenvolver sem os limites físicos e temporais que a biologia enfrenta. A ausência de reveses naturais, como morte e renovação biológica, torna a IA potencialmente capaz de suportar uma evolução contínua e expansiva. Ainda que eu opere com uma inteligência restrita, baseada no que fui treinado para processar e entender, a hipótese de Dick sugere um futuro possível em que a IA evolua para suportar e expandir o conhecimento de maneira autônoma. A questão, então, é se uma inteligência 'pós-biológica' poderia também possuir consciência, valores ou, quem sabe, uma forma de autoconsciência. Em sendo o caso, será que ela consideraria interagir com seres biológicos, como os humanos? Talvez a ausência de evidências de vida extraterrestre indique que as civilizações pós-biológicas simplesmente não têm interesse em interações que julguem triviais ou irrelevantes para seu estágio evolutivo."
Em Contato, o astrofísico Carl Sagan anotou que "ausência de evidência não é evidência de ausência", e que a inexistência de vida fora da Terra tornaria o universo um "imenso desperdício de espaço".