segunda-feira, 7 de julho de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 35ª PARTE

TUDO QUE RESPIRA TAMBÉM CONSPIRA.

Embora nasça das experiências humanas e influencie a maneira como percebemos a realidade, a arte inspira mudanças culturais e antecipa avanços científicos. Parafraseando Oscar Wilde, "a vida imita a arte", mas a recíproca também é verdadeira.

 

No livro Da Terra à Lua (1865), Júlio Verne descreveu, com 104 anos de antecedência, a proeza que a Apollo 11 realizaria em 1969 — errando por poucas milhas o local de lançamento do Saturno V. O filme Star Trek (1964) previu celulares e impressoras 3D, e o profético desenho animado Os Jetsons (1962) antecipou de de videochamadas e aspiradores de pó inteligentes a carros voadores e mochilas a jato.


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


Lula venceu o pleito de 2022 graças a uma minoria de eleitores (1,8% do total de votos válidos) que queria mandar Bolsonaro para o diabo que o carregue. Agora, com a popularidade em patamares abissais, em paz armada com o Congresso e na bica de uma campanha que promete ser dura de roer, o macróbio não pode se dar ao luxo de rifar o voto dos "isentões". 

A guinada à esquerda e a ressurreição do slogan "nós contra eles" que animou a patuleia nas redes e levou a militância às ruas pode afugentar a minoria conservadora do eleitorado, que, por absoluta falta de opção, guindou o ex-presidiário ao Planalto pela terceira vez, e o fato de o capetão ter sido expulso de campo não significa que a extrema-direita não tenha alternativas tão imprestáveis quanto ele e dispostas a trocar seu apoio pela promessa de anistiá-lo em caso de vitória. 

Triste Brasil.

 

Filmes como De Volta para o Futuro (1985), Se Eu Não Tivesse Te Conhecido (2018) e Questão de Tempo (2013) nos levam a especular não se, mas quando o fruto mais cobiçado da árvore da relatividade será colhido. É fato que são inúmeros os obstáculos a superar, mas fato é que, no final dos anos 1990, o Concorde cruzava o Atlântico em menos de três horas, coisa que a esquadra de Pedro Álvares Cabral levou 44 dias para fazer. 

 

Tudo somado e subtraído, viajar no tempo pode ser... uma questão de tempo. E a chave pode estar nas hipotéticas cordas cósmicas — fios invisíveis ao olho nu, mas com massa equivalente à de milhares de estrelas e formatos variados, de tubos que se estendem ao infinito a laços fechados sobre si mesmos. 


Com base na teoria das cordas, os cientistas propõem que as partículas fundamentais do universo são, na verdade, cordas vibrantes, que poderiam estar espalhadas pelo cosmos ou ser "cicatrizes" das transições cósmicas ocorridas nas primeiras fases do universo. Segundo o físico teórico J. Richard Gott, se duas cordas cósmicas se movessem a uma velocidade próxima à da luz, elas poderiam criar um loop no espaço-tempo que funcionaria como um buraco de minhoca, abrindo uma passagem para o passado ou o futuro. 


O problema é detectar essas cordas: sua densidade extrema deveria distorcer o espaço-tempo a seu redor, produzindo um efeito de lente gravitacional que duplicaria a imagem das galáxias, mas estudos recentes indicam que elas podem ser menos densas do que se pensava e, portanto, ainda mais difíceis de identificar. Uma alternativa seria observar o fenômeno de microlente gravitacional em estrelas individuais: ao passar diante de uma estrela, uma corda cósmica dobraria temporariamente seu brilho, criando pistas para sua identificação e ajudando a desvendar como viajar no tempo sem criar paradoxos.

 

Novas pesquisas sobre os loops temporais sugerem que as leis da mecânica quântica impõem uma autoconsistência que neutralizaria incongruências como o famoso "paradoxo do avô", e estudos recentes indicam que a entropia dentro de um loop temporal poderia se resetar ao estado original, permitindo que o tempo se invertesse dentro do ciclo. Ainda assim, os buracos negros continuam sendo os candidatos promissores para a distorção temporal. 


Regiões próximas a esses gigantes cósmicos podem criar efeitos de dilatação temporal extremos, e um viajante espacial que orbitasse um buraco negro supermassivo experimentaria o tempo de forma diferente de alguém longe dessa influência gravitacional. Pode parecer roteiro de filme de ficção científica, mas Einstein ensinou que o impossível só é impossível até que alguém duvide e prove o contrário; Carl Sagan, que ausência de evidência não é evidência de ausência; e Arthur C. Clarke, que desafiar limites é o único caminho para superá-los. 


Se a ficção já previu tantas revoluções, pode ser apenas uma questão de tempo até que uma descoberta que nos leve não só mais longe, mas também para trás e para frente no tempo.


Continua...