Na noite passada, oito candidatos à
presidência participaram do primeiro debate eleitoral de 2018, promovido pela Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão.
Como sói acontecer quando há muitos candidatos, acusações mútuas se sobrepuseram
à desejável apresentação de projetos de governo, e as questões apresentadas foram
usadas pelos participantes como armas para explorar as fragilidades dos demais
concorrentes. E bota fragilidade nisso: dificilmente alguém em pleno uso das
faculdades mentais, em havendo alternativa, cogitaria de votar em alguém daquela
caterva, mesmo que fosse para presidir uma prosaica reunião de condomínio de
periferia.
Guilherme Boulos
contribuiu para tornar o cirquinho mambembe mais engraçado, afirmando que Henrique Meirelles, do MDB, não era o único candidato de Michel Temer: havia ali “50
tons de Temer”. Lula,
impedido pela Justiça de participar da efeméride, classificou como “censura” o
fato de um veículo de comunicação ser cerceado em seu “direito de informar”.
Quanto civismo!
Mas o molusco teve direito a “um debate para chamar de seu” — cortesia de seus imprestáveis
apoiadores, que promoveram um “debate paralelo” pelas redes sociais, com a
hashtag #DebateComLula, onde foi
divulgada uma carta em que o petralha criticou o veto à sua participação na TV
(alguém esperava algo diferente?), além de vídeos com entrevistas e
pronunciamentos recentes do criminoso — que também está proibido pela Justiça
de dar entrevistas, mas quem se importa? Como se não bastasse, o PT promoveu uma “vaquinha online”, que
arrecadou mas de R$ 500 mil em
doações ofertadas por bocós que ainda babam os ovos do imprestável de
Garanhuns. Quanta devoção!
Observação: A princesa vermelha Gleisi Hoffmann — também identifica como “coxa” e “amante” nas planilhas de propinas da Odebrecht — chegou atrasada ao “debate
paralelo”, porque foi participar do ato realizado pela militância, nas cercanias
da Band, em protesto contra a exclusão de seu amado líder do debate.
Ciro Gomes
criticou a reforma trabalhista defendida por Alckmin; Marina classificou
o acordo do centrão, costurado pelo tucano, como uma aliança
“só por tempo de televisão”, Bolsonaro
se indispôs com Ciro e abriu mão do
seu tempo de resposta quando Boulos
o chamou de “racista e homofóbico”, afirmando que não estava ali para bater
boca com gente como o líder do MTST.
O Cabo Daciolo, candidato pelo Patriota, definiu-se como “servo do
Deus vivo” e disparou contra tudo e todos. Meirelles,
como era esperado, foi associado ao presidente mais impopular desde o fim da
ditadura e, pouco habituado ao papel de candidato, teve dificuldade para
defender sua política econômica. Na falta de opção melhor, frisou que não
trabalhou nem para Lula e nem para Temer, mas “para o País”. Curiosamente,
foi ele quem mais
cresceu nas buscas digitais durante
o debate.
Diversos candidatos elogiaram a Lava-Jato, sobretudo Álvaro
Dias, que reiterou o convite a Sérgio
Moro para ser seu ministro da Justiça e prometeu transformar a operação
contra a corrupção “em uma política de Estado”.
Ao final, ficou nítida a impressão de que o debate não
passou de um desdobramento da rodada de sabatinas anteriores. Com a indefinição
sobre a situação de Lula e do PT, os participantes se mostraram
ressabiados e buscaram somente se apresentar aos eleitores nesta mais que
confusa disputa presidencial. A meu ver, quem venceu o debate foi o sono. Eu mesmo adormeci no início do segundo bloco.
Vamos ver como ficam as coisas quando o horário político obrigatório começar a torrar nossa paciência pelo rádio e pela TV.
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