NAQUELA MANHÃ CINZENTA, TÃO
VOCACIONADA A VENTOS — VENTOS
FORTES, FORTES —, NÃO DESEJEI
AMANHECER, SOB PENA DE ME PERDER NAQUELE UIVO ATERRORIZANTE.
Vaticínios “meia boca” não faltam na história recente, como
é o caso dos relógios de pulso do ano 2000, que serviriam como
intercomunicadores e gravariam áudio e vídeo (em vista dos smartphones atuais,
o lance bateu na trave), ou das TVs penduradas como quadros em paredes
(elas não se tornaram realidade nos anos 60, como previu a GE, mas hoje em dia muita gente usa modelos LCD e de plasma dessa
forma).
Profecias que não se confirmaram são comuns também no âmbito
da TI, mesmo quando feitas por próceres Thomas John Watson,
presidente da IBM, segundo o qual “um dia haveria mercado para, quando muito, uns cinco microcomputadores”
(quatro décadas mais tarde sua empresa lançaria o Personal Computer e daria o primeiro passo para transformar a
computação pessoal num produto de consumo de massa). Ou por Ken Olsen,
fundador da Digital Equipment
Corporation (empresa respeitada nos anos 70), que afirmou “não haver razão para qualquer indivíduo ter
um computador em casa” (isso quando os PCs já estavam sendo vendidos).
Bill Gates também errou feio em 2004, ao afirmar
que dali a dois anos o SPAM seria totalmente erradicado, ou,
pior, em 1981, quando disse (supostamente) que 640 KB seriam
mais memória do que qualquer PC viria a precisar (ele nega esse “deslize”, até
porque os PC modernos integram entre 2 e 8 GB de RAM, mas não consegue se
livrar da pecha). Mas Mr. Gates fez um gol de placa em 1995,
ao prever os computadores-carteira que, ironicamente, a Apple tornaria
realidade com o iPad.
Falando nisso, há quem diga que os desktops (e
mesmo os notebooks) não resistirão por mais de um par de anos à
popularização dos smartphones, tablets e gadgets ainda mais inovadores, tais
como relógios, óculos e pulseiras conectadas (alguns brinquedinhos desses
chegam a custar mais de R$ 100 mil!).
Observação: “Tio Bill” é citado como protagonista de
diversas situações curiosas, como aquela em que teria simplesmente continuado a
caminhar após deixar cair no chão uma nota de US$ 1000, indiferente à perda do
que, diante de sua fortuna, seria “dinheiro de pinga”. No entanto, isso não passa
de uma lenda urbana, até porque o Tesouro americano tirou as notas de US$ 1000
de circulação em 1969, quando o futuro fundador da Microsoft era um adolescente
impúbere de 14 anos.
Em contrapartida, a profecia de Gordon Earl Moore, co-fundador da Intel, segundo a qual o poder de processamento dos computadores
dobraria a cada vinte e quatro meses, foi bem mais acurada, embora talvez
não sobreviva por muito tempo mais, já que a “Cloud Computing” vem sendo vista
como o futuro da computação. Seja como for, é quase impossível encontrar
alguém plenamente satisfeito com os recursos do seu PC, e devido ao agigantamento
dos sistemas e programas, mesmo máquinas de topo de linha se tornam ultrapassadas
em poucos anos — e a despeito de dispositivos de hardware mais avançados serem
lançados em intervalos cada vez mais curtos, nem todo mundo tem cacife para
acompanhar pari passu essa
vertiginosa evolução.
Quem acompanhou o alvorecer da computação pessoal deve estar
lembrado dos PCs que integravam dois ou mais Floppy Drives — como eles não dispunham de discos rígidos, tanto o
sistema quanto os programas eram executados a partir de prosaicos disquetes.
Quando os HDs começaram a se tornar populares, 10 MB de espaço custavam 2.000
dólares, mas a evolução tecnológica cumpriu bem o seu papel: embora os
fabricantes tenham levado décadas para romper a “Barreira do Gigabyte”, dali a
poucos anos já produziam drives gigantescos — na casa das centenas de gigabytes
— a preços bem mais acessíveis.
Observação: Para ter uma noção melhor desse espaço,
considere que uma música em MP3 de 3 minutos ocupa cerca de 3 MB – ou três
milhões de bytes – e que mil gigabytes (ou 1 Terabyte) correspondem a um
trilhão de bytes (faça as contas). Pelo andar da carruagem, é possível que logo
alcancemos a casa dos Petabytes,
dos Exabytes, ou mesmo
dos Zettabytes (grandezas
que correspondem, respectivamente, a um quatrilhão, um quintilhão e um
sextilhão de bytes). Segundo alguns especialistas, 1 TB equivale à capacidade
da memória humana, enquanto que 1 ZB é espaço suficiente para armazenar toda a
informação digitalizada no mundo (se cada byte fosse um grão de arroz, isso
corresponderia a 20 quatrilhões de quilos – arroz suficiente para alimentar a
humanidade por 30 mil anos!
Para concluir, considerando que a informática tende a
evoluir de maneira “circular”, talvez devêssemos reavaliar o vaticínio de Mr. Watson. De uns tempos a esta parte,
a venda de computadores (desktops e notebooks) vem caindo sistematicamente,
enquanto dispositivos móveis (tablets e smartphones) se multiplicam como
coelhos. E se a computação em nuvem cumprir o que vem prometendo, importante
mesmo será garantir um plano de banda larga decente, de preferência com boas
taxas de upload, pois o armazenamento dos arquivos em servidores remotos e a
execução dos aplicativos através do navegador propiciarão uma experiência mais
rica e interativa sem exigir máquinas cada vez mais poderosas e quantidades
ainda maiores de memória e espaço em disco.
Passemos agora ao nosso tradicional humor de sexta-feira:
Bom f.d.s. a todos.