Antes do assunto do dia, uma boa notícia:
O ministro Luiz Edson Fachin julgou prejudicado o pedido de liberdade feito pela defesa
do ex-presidente Lula e determinou a
retirada do processo da pauta da 2ª turma (ele seria julgado terça-feira, 26).
Em
sua decisão (acesse a íntegra clicando aqui), Fachin
explicou que o recurso extraordinário estava pendente de juízo de
admissibilidade quando a petição foi apresentada, mas agora ele foi inadmitido
pela vice-presidência do TRF da 4.ª
região, o que altera o quadro processual.
Caberá à defesa apresentar agravo
contra a decisão que inadmitiu a subida do RE ao Supremo.
Futebol só rende votos para candidaturas individuais, como no
caso do senador Romário, do deputado
Bebeto e outros mais. Nenhum governo
foi reconhecido como responsável por derrotas ou vitórias da seleção brasileira
de futebol.
Para corroborar essa assertiva, o jornalista Merval Pereira lembra que em 2002 o
Brasil foi campeão mundial, e o então candidato governista, José Serra, perdeu a eleição; que em 2014 fomos desclassificados pela Alemanha, e Dilma
foi reeleita. Assim, a Copa na Rússia não deverá mudar os índices de aprovação
do governo Temer, pois ninguém irá associar
o presidente nem com a derrota nem com a vitória do time brasileiro, a despeito de sua excelência tentar se capitalizar gravando
um pronunciamento totalmente inócuo, na televisão, sobre o campeonato mundial.
No caso de Putin,
todavia a história é um pouco diferente. Os russos sonham em voltar a ser
protagonistas no cenário mundial, e nem é preciso que a seleção vá muito longe —
se passar da fase de grupos, já estará de bom tamanho. Para uma autocracia que não passa de um simulacro de
democracia representativa, Putin ter sido aplaudido em grande estilo no jogo de abertura da Copa foi uma vitória
relevante, pois demonstra que sua política de dar dimensão global a eventos que
a Rússia protagoniza, pelo menos como organização, reflete positivamente na sua
popularidade.
Para quem não se lembra, Dilma foi sonoramente vaiada na abertura da Copa passada, sediada
pelo Brasil por obra e graça do molusco abjeto e sua quadrilha. Pesa a favor do
Brasil, porém, o fato de sermos uma nação democrática, onde ninguém pensou em
punir quem vaiou a presidente — como na Rússia de hoje, onde vaiar Putin — e até falar mal da seleção — pode
resultar em multa pecuniária e outras sanções. Mas ninguém foi obrigado a
aplaudir o presidente russo ou agitar orgulhosamente a bandeira do país, até
porque a autocracia de Putin não
chega ao extremo da ditadura da Coréia
do Norte, que obriga os cidadãos a chorar em público a morte do ditador da
vez — como aconteceu quando morreu o pai do “homem do foguete”.
Até Gianni Infantino
teve seus quinze minutos de glória. Ao contrário de seu antecessor, Joseph Blatter, que foi vaiado ao
reprovar a atitude da torcida verde-amarela em relação a Dilma, o atual presidente da FIFA foi aplaudido ao proferir meia dúzia de palavras em russo — uma coincidência: tanto Dilma quanto Blatter perderam seus cargos após a Copa de 2014.
Causa espécie o fato de os resultados do futebol no Brasil servirem
para eleger jogadores como (os já citados) Romário
e Bebeto, mas não ajudarem o
presidente da vez. Durante a ditadura militar, alguns dos presidentes da vez
tentaram tirar proveito da seleção — Médici,
que gostava de futebol, intercedeu para que Dario fosse convocado e Saldanha
deixasse de ser o técnico do escrete vitorioso em 1970, e Geisel, que não gostava, tentou convencer Pelé a voltar à seleção em 1974.
Na redemocratização, as
vitórias e derrotas da seleção jamais influíram nos resultados eleitorais. Em
1994, o Plano Real teve mais a ver
com a eleição de Fernando Henrique
do que a conquista da Copa nos Estados Unidos. Em 1998, mesmo com a derrota da
seleção canarinho, o Real voltou a impulsionar a reeleição de FHC. Em 2002, o time de Felipão trouxe o pentacampeonato, com
direito a cambalhota de Vampeta na
rampa do Palácio do Planalto e o beijo do presidente tucano na taça. Mesmo
assim, o então candidato governista a presidente, José Serra, perdeu a eleição para Lula.
Nem mesmo a derrota em casa em 2014 — pelo humilhante placar
de 7 a 1 nas oitavas de final — impediu que Dilma fosse reeleita. Aliás, Lula
se reelegeu em 2006 e fez Dilma sua
sucessora, em 2010, a despeito das
derrotas da seleção brasileira.
O banco de investimentos Goldman Sachs — que, em todas as copas, realiza uma pesquisa global
sobre as chances de cada seleção — aponta o Brasil como franco favorito por ter
jogadores talentosos, um bom balanço entre perdas e ganhos e o melhor índice Elo (medição utilizada em vários
esportes para calcular a força relativa entre os jogadores). A GS prevê que a final será disputada
entre o Brasil e a Alemanha, mas admite que a graça do futebol está justamente
na imprevisibilidade, nos elementos aleatórios que não podem ser colocados
dentro de um programa de computação.
Como se vê, até mesmo os algoritmos sabem que o Brasil é franco
favorito, mas também que não há elementos randômicos capazes de fazer com que Temer recupere sua popularidade.
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