O DURO NÃO É
LEVAR CHIFRE, É SUSTENTAR A VACA.
Como vimos ao longo desta sequência, os relógios de pulso
modernos são, em sua maioria, resistentes a água, mas somente os modelos
identificados com a inscrição WR (ou
water resist) seguida de um valor igual ou superior a 50m podem acompanhá-lo num banho de piscina ou de mar sem maiores
problemas. Ainda assim, quem é adepto de esportes aquáticos deve investir num
modelo WR 100m, e para
mergulhar com tanque de ar, um WR
200m ou superior ― lembrando que esses valores podem ser expressos
em atm ou ft (atmosferas ou pés, respectivamente; veja mais detalhes nesta postagem).
Convém ter em mente que a estanqueidade do relógio pode ficar
prejudicada quando ele é aberto por pessoas não qualificadas. Lojas de bairro
ou de shoppings nem sempre contam com profissionais experientes, ferramental
apropriado (como tanque de pressão para testar a estanqueidade da caixa) e
peças de reposição chanceladas pelos fabricantes. Baterias genéricas custam
barato, mas duram pouco e podem vazar, danificando o módulo do relógio, e a não
substituição do o-ring (anel de
borracha que funciona como retentor) pode resultar na sua ruptura ou
acavalamento, comprometendo a impermeabilidade da caixa.
“Relógios de camelô” não demandam grandes cuidados, até
porque comprar um novo sai mais barato do que trocar a bateria, mas modelos de
grife não devem ser levados a bocas de porco, que não garantem a impermeabilidade
do relógio quando procedem à troca da bateria. Isso sem mencionar que por
preguiça, descaso ou incompetência, alguns “relojoeiros de araque” não sincronizam
os ponteiros do cronógrafo, que
costumam ficar desalinhados após a troca da bateria, e como o cliente nem
sempre se atém a esse detalhe ― ou só se dá conta dias ou semanas depois ―
acaba pagando outro relojoeiro para fazer um ajuste que ele mesmo poderia fazer
se conhecesse o caminho das pedras.
Modelos com cronógrafo integram a função
adicional de medir a passagem do tempo durante períodos curtos. Nos mais
simples, o ponteiro que normalmente marca os segundos é encarregado dessa
tarefa, mas os mais sofisticados costumam ter dois ou três pequenos mostradores
que marcam os segundos e os minutos acumulados. Via de regra, o terceiro
mostrador, comum em cronógrafos providos de calendário, indicam se a hora
exibida pelos ponteiros principais refere-se ao período diurno ou noturno. Isso
pode parecer desnecessário ― afinal, basta olhar para o céu para saber se é dia
ou noite ― mas pode ser útil quando se está num submarino, por exemplo, ou
simplesmente quando se ajusta o horário, já que uma volta a mais ou a menos dos
ponteiros levará o calendário a mudar a data ao meio-dia, quando deveria
fazê-lo à meia-noite.
Observação: Nos relógios digitais, é possível
escolher a exibição das horas no formato 12h ou 24h; no primeiro caso, a AM (de
Ante Meridiem, ou seja, antes do meio dia) indica o período que vai da
meia-noite ao meio-dia, e PM (de Post Meridiem, isto
é, depois do meio-dia), do meio-dia à meia-noite.
Alguns trocadores de bateria
não atentam para esse detalhe, ou seja, entregam o relógio ao cliente com a
hora certa, mas a data errada ou mudando no meio do dia. Felizmente, esse
ajuste é simples de ser feito, como veremos na próxima postagem, quando também
abordaremos (finalmente) a sincronização dos ponteiros do cronógrafo e
encerraremos esta novela. Até lá.
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