Sabe o Zé de Abreu, aquele ator global que foi
condenado a devolver R$ 300 mil (abocanhados indevidamente com a ajuda da Lei
Rouanet), que cuspiu num casal ao ser
questionado sobre sua postura em defesa da nefelibata da mandioca, e que sempre
defendeu o PT, mesmo depois dos escândalos do mensalão e do
petrolão? Pois bem: agora o canastrão vermelho ameaça abandonar de vez
o partido.
Essa “perda irreparável” que o canastrão vermelho ameaça infligir
à seita advém de seu inconformismo com a decisão de apoiar o senador Aécio
Neves, afastado do mandato pela 1ª Turma do STF ― que
também determinou o recolhimento noturno do tucano como alternativa ao pedido
de prisão feito pelo MPF, já que a Lei só permite a prisão de
parlamentares em flagrante delito e por crime inafiançável ― mesmo assim, com o
aval da Câmara ou do Senado, dependendo do cargo do político flagrado com as
calças na mão.
A decisão do PT não chega a surpreender.
Afinal, dos 81 senadores, 24 estão enrolados na Lava-Jato, e qualquer um deles
pode se ver, em algum momento, na mesma situação do tucano. Aécio,
vale lembrar, é demonizado pela militância vermelha porque quase derrotou a
nefelibata da mandioca, no pleito de 2014, e por ter orquestrado o pedido de
cassação da chapa Dilma-Temer, que acabou sendo julgado
improcedente pelo TSE, graças à atuação questionável do
ministro Gilmar Mendes.
Se o Supremo extrapolou ou não suas
prerrogativas ao afastar um político com cargo eletivo, isso será objeto de
deliberação pelo plenário da Corte. Os senadores ainda não chegaram
a um consenso sobre a penalidade imposta a Aécio, mas parece
que Estrupício Oliveira vem tentando convencer seus pares a
aguardar o posicionamento do Judiciário, que deve deliberar sobre a questão
ainda nesta semana, a despeito de a ministra Cármen Lúcia ter
pautado para o próximo dia 11 o julgamento de uma ação impetrada em 2016 pelo
PP, PSC e SD, que questiona o efeito imediato de medidas cautelares
alternativas à prisão de parlamentares ― como é o caso do recolhimento noturno.
O presidente interino do tucanato, senador Tasso
Jereissati, defende a conciliação, mas o líder do partido na Câmara,
senador Paulo Bauer, não vê razão para aguardar a decisão do
Supremo, pois, segundo ele, a ação de inconstitucionalidade a ser examinada
daqui a duas semanas tem teor distinto do julgamento do mérito da decisão
tomada contra Aécio. Já o deputado Rodrigo Maia,
atual presidente da Câmara, entende que existe “um vácuo legal” na posição
tomada pela 1ª Turma do STF, já que, segundo ele, o recolhimento
noturno “equivale a uma prisão”. Não é bem o que diz a Lei, mas isso é briga de
cachorro grande e a nós, plebe ignara, cabe apenas acompanhar o desenrolar dos
acontecimentos.
É por essas e outras que nossos
políticos são os menos confiáveis do mundo. No Fórum de Davos,
o Brasil amargou a 137ª posição no quesito "confiança do
povo nos políticos" ― o último lugar no ranking, já que são 137 os países
que compõem o Índice. Não me surpreenderia se o Zé de Abreu resolvesse
dar escapada até a Suíça para cuspir no olho do pessoal que integra
o Comitê. Dessa gentalha, a gente pode esperar qualquer coisa.
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