Se você já não suporta mais ouvir falar em eleições, sucessão
presidencial e o escambau, seja bem-vindo ao clube, mas tenha em mente que a coisa ainda vai piorar antes de melhorar: a abjeta propaganda eleitoral obrigatória começará a ser veiculada no próximo dia 31 e vai até 4 de outubro — devendo retornar no dia 12, já que dificilmente não haverá segundo turno.
Nunca é demais lembrar que, embora costume ser chamada de "propaganda eleitoral gratuita", essa esbórnia custa rios de dinheiro, e quem arca com esse ônus não são as emissoras de rádio e TV, que são compensadas por isenções fiscais, mas sim os contribuintes — a exemplo do voto obrigatório, esse anacronismo deveria ter sido extinto há muito tempo, mas como a decisão cabe aos políticos, que disputam a tapa míseros segundos de exposição na mídia, a conclusão é óbvia.
Nunca é demais lembrar que, embora costume ser chamada de "propaganda eleitoral gratuita", essa esbórnia custa rios de dinheiro, e quem arca com esse ônus não são as emissoras de rádio e TV, que são compensadas por isenções fiscais, mas sim os contribuintes — a exemplo do voto obrigatório, esse anacronismo deveria ter sido extinto há muito tempo, mas como a decisão cabe aos políticos, que disputam a tapa míseros segundos de exposição na mídia, a conclusão é óbvia.
As eleições deste ano custarão menos
que as de 2014, dada a proibição do financiamento empresarial
e à redução do tempo de campanha dos candidatos. A propaganda
eleitoral obrigatória irá ao ar por “apenas” 35 dias — 10 a menos que da última vez — e os blocos do horário eleitoral serão cortados pela metade,
mas as inserções de 30 e 60 segundos ao longo do dia mais que dobrarão.
Sem as doações da iniciativa privada, nossos caros parlamentares aprovaram uma nova modalidade de financiamento
de campanha no valor de R$ 1,7 bilhão,
a ser dividido entre as 35 legendas (!?) conforme a representação política de
cada uma no Legislativo federal — isso
quando não há dinheiro para investir em saúde,
segurança pública, educação e o escambau. Por outro
lado, os postulantes à Presidência devem gastar bem menos que os astronômicos R$ 350 milhões desperdiçados na
campanha de Dilma (lembram dela?) em
2014.
Com o retorno da cláusula de barreira — segundo a
qual os partidos terão de comprovar que representam uma parcela mínima da população para ter acesso ao Fundo
Partidário e ao tempo de televisão —, siglas sem representação morrerão de inanição. Considerados os resultados da
última eleição, 14 legendas não superariam a marca, entre elas o PSL e o Podemos, que lançaram a candidatura de Jair Bolsonaro e de Álvaro
Dias, respectivamente.
Por último, mais não menos importante: o Brasil inteiro está de olho no dia 17 de setembro, que é quando termina o prazo para o TSE rejeitar as candidaturas de políticos inelegíveis — como é o caso do criminoso Lula, que o PT insiste em manter sob os holofotes até o último minuto (mais detalhes nas postagens publicadas ao longo de toda a semana passada). Para encerrar, transcrevo (mais) um texto imperdível de J.R. Guzzo, publicado originalmente na edição impressa da revista EXAME, sob o sugestivo título “Deu ruim”:
O Brasil vive um
desses momentos em que tudo parece acertado para “dar ruim”, como se diz. A
economia está doente — crescimento perto do nada, desemprego devastador, falta
de confiança na responsabilidade do governo, da oposição e de quem mais está
fazendo política, atraso apavorante no entendimento e na aplicação de
tecnologia. A educação caminha para garantir a permanência de milhões de
brasileiros na escuridão; suprime-se cada vez mais a transmissão de
conhecimento, substituída pela transmissão das crenças, dos desejos e da pura e
simples ignorância de professores e burocratas que mandam no ensino. Foi
eliminado no Brasil o trabalho livre: os cidadãos e as empresas são servos da
classe que transformou a máquina pública em sua propriedade particular e hoje,
na prática, trabalham apenas para sustentar o Estado. Não há mais
financiamento; há agiotagem. O Tesouro Nacional está quebrado.
Quando se chega a esse
nível de desastre, morre qualquer conversa de “política econômica” — e, mais
ainda, a costumeira fraude de “discutir com a sociedade” as soluções a tomar.
Não tem de conversar nada, e muito menos perguntar para o doente qual o
tratamento que ele prefere. A única saída racional é apagar o incêndio que está
rolando aí, e para apagar o incêndio utilizam-se os meios conhecidos desde
sempre — como, por exemplo, jogar água em cima do fogo. Depois, quando não
houver mais risco de morte, talvez venha ao caso debater se o melhor é tratar a
economia assim ou assado. Mas o que se vê todos os dias no Brasil é a cegueira
coletiva diante do fogaréu. Discutem-se fórmulas em vez de se trazer o
caminhão pipa. Ou, então, não se discute coisa nenhuma a sério — só despejam
mais gasolina sobre as chamas.
Estamos em plena
campanha presidencial e até agora nenhum dos candidatos, seus partidos e os
sistemas que os apoiam deram o mais remoto sinal de que pretendem trazer água
para apagar o incêndio que está queimando o país. Ao contrário: falam de tudo,
menos disso. Estão diariamente na mídia, mostrando-se escandalizados e
indignados com os horrendos problemas à vista de todos, mas não lhes passa pela
cabeça comprometer-se com nenhuma das providências mais elementares, todas elas
conhecidas desde a Arca de Noé, para enfrentar a emergência. Pior: nem sequer
percebem que eles próprios, com a sua maneira de pensar e de praticar política,
fazem parte do problema, e não da solução. Propor o que, então, se o problema
são eles? Ninguém diz que não há nenhuma possibilidade, mas nenhuma mesmo, de
se chegar a algum lugar enquanto o Brasil tiver, como tem no momento, mais de
700.000 funcionários públicos que jamais fizeram concurso para ocuparem seus
cargos. Ninguém lembra que é inviável, simplesmente, um país onde o Senado tem
uma gráfica própria. Ninguém percebe que é impossível melhorar alguma coisa
enquanto o governo usar o dinheiro da população para manter no ar um canal de
televisão que jamais saiu da casa dos 0% de audiência desde que existe.
O último magnata a
falar sobre “projeto econômico” foi o suposto candidato por procuração do PT, Fernando Haddad — dos outros minions do ex-presidente Lula é melhor nem dizer nada. As propostas de Haddad, em sua aparente função de Guia Econômico da Esquerda Nacional, seriam ouvidas com algum
interesse, talvez, no tempo do faraó Ramsés
II. De lá para cá, ele parece não ter adquirido consciência de que surgiram
economias modernas e que elas têm elementos mínimos de funcionamento. Não é só
que Haddad desconheça a existência
do capitalismo; o real problema é que desconhece o que vem acontecendo na
economia do mundo nos últimos dez anos. Sua grande ideia: usar o dinheiro das
reservas internacionais para “investir” e “criar empregos”. Por que não tentar
descobrir uma mina de ouro no semiárido do Nordeste? Por que não trazer
professores cubanos para melhorar o ensino da matemática? Por que não mandar
uma expedição à Marte?
O Brasil, às vezes,
parece que não tem conserto.
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