SE A MÔNICA É
DO TAMANHO DO CEBOLINHA E DO CASCÃO, POR QUE ELES A CHAMAM DE BAIXINHA?
Uma nova crise do petróleo levou à retomada do uso do etanol como combustível automotivo em
2003, mas então o carburador já era
peça de museu e a injeção eletrônica
propiciara o desenvolvimento de motores
flexíveis (capazes de queimar tanto
etanol quanto gasolina ou uma mistura de ambos em qualquer proporção).
O primeiro veículo nacional "descarburado" foi o VW
Gol GTI — uma série esportiva
limitada e cara daquele que se tornou o carro nacional mais popular depois que
o Fusca deixou de ser fabricado —, e
o primeiro "flexível" foi o Gol
Total Flex, que a Volkswagen apresentou em 2003, em
comemoração a seus 50 anos de operação no Brasil. Houve também modelos
"multicombustível", como o Astra
Multifuel, lançado pela GM em
2005, e Siena Tetrafuel, lançado em
2006 pela Fiat. Ambos rodavam tanto
com gasolina quanto com etanol e GNV, mas só o modelo da Fiat
suportava gasolina sem adição de álcool, como a que é vendida na maioria dos
países vizinhos. Por razões que agora não vêm ao caso, a produção desses
modelos foi descontinuada, mas os veículos "flex" caíram no gosto do consumidor tupiniquim, e hoje
representam 80% da frota nacional.
Anos luz de tecnologia separam os veículos a álcool dos anos
1980 dos flexíveis atuais. Dirigir as carroças de antanho era uma tortura. Além
do consumo exagerado e da exigência de manutenção constante, fazer o motor
"pegar" e aquecer nas manhãs de inverno era uma provação. Havia gente
que deixava o carro ligado enquanto tomava banho, café, e se vestia para o
trabalho. Já os flexíveis atuais são igualmente eficientes com qualquer um dos
dois combustíveis, isoladamente ou misturados, e o motorista não sente a menor
diferença, a não ser a potência, o torque e o consumo ligeiramente superiores
quando abastece com etanol.
Essa tecnologia só se tornou possível quando a indústria
finalmente aposentou o pré-histórico carburador,
que dosava a mistura através de gargulantes (também
chamados de “giclês), resultando
numa taxa estequiométrica imutável, por volta de 14,6:1 nos modelos à gasolina e 8,4:1 nos modelos a álcool. Isso significa 14,6 e 8,4 mais ar, respectivamente, do que combustível, o que deixa claro quão mais "rica" precisa ser a mistura quando se utiliza o etanol.
Observação: Por taxa estequiométrica, entenda-se a proporção entre a quantidade de ar e de combustível que chegam até a câmara de combustão, seja através do carburador, seja pelo sistema de injeção eletrônica.
Com a injeção eletrônica, sensores estrategicamente posicionados realizam diversas medições em tempo real e enviam os dados a um módulo, e este promove ajustes na mistura, no ponto de ignição, etc., de maneira a otimizar a queima da mistura. Daí a razão de podermos colocar no tanque dos “flexíveis” gasolina, álcool ou a mistura de ambos em qualquer proporção.
Observação: Por taxa estequiométrica, entenda-se a proporção entre a quantidade de ar e de combustível que chegam até a câmara de combustão, seja através do carburador, seja pelo sistema de injeção eletrônica.
Com a injeção eletrônica, sensores estrategicamente posicionados realizam diversas medições em tempo real e enviam os dados a um módulo, e este promove ajustes na mistura, no ponto de ignição, etc., de maneira a otimizar a queima da mistura. Daí a razão de podermos colocar no tanque dos “flexíveis” gasolina, álcool ou a mistura de ambos em qualquer proporção.
Os principais componentes de um motor atual são basicamente
os mesmos usados no início do século passado: cilindros, cabeçote, cárter (espécie de “depósito” de
óleo lubrificante), pistões (ou
êmbolos), bielas, virabrequim (ou árvore de
manivelas) e válvulas (e
respectivo mecanismo de acionamento).
Os cilindros ficam no bloco, entre o cabeçote e o cárter. Sobre cada um deles, duas ou mais válvulas acionadas pelo “eixo-comando” abrem e fecham a comunicação entre a câmara de explosão e os dutos de admissão e escapamento. Abaixo dos cilindros, os mancais (apoios) suportam o virabrequim, que é ligado aos pistões por meio de bielas e acoplado a um “volante” metálico cuidadosamente balanceado. No interior de cada cilindro, um pistão realiza movimentos de vai-e-vem milhares de vezes por minuto (vertical nos motores “em linha”, em ângulo nos modelos “em V” e horizontal nos propulsores “boxer”, como os refrigerados a ar que a VW usava no Fusca, na Brasília e nos primeiros Gol, com quatro pistões são contrapostos e trabalhando horizontalmente).
Os cilindros ficam no bloco, entre o cabeçote e o cárter. Sobre cada um deles, duas ou mais válvulas acionadas pelo “eixo-comando” abrem e fecham a comunicação entre a câmara de explosão e os dutos de admissão e escapamento. Abaixo dos cilindros, os mancais (apoios) suportam o virabrequim, que é ligado aos pistões por meio de bielas e acoplado a um “volante” metálico cuidadosamente balanceado. No interior de cada cilindro, um pistão realiza movimentos de vai-e-vem milhares de vezes por minuto (vertical nos motores “em linha”, em ângulo nos modelos “em V” e horizontal nos propulsores “boxer”, como os refrigerados a ar que a VW usava no Fusca, na Brasília e nos primeiros Gol, com quatro pistões são contrapostos e trabalhando horizontalmente).
Amanhã a gente continua.