sexta-feira, 23 de agosto de 2019

AINDA SOBRE A EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA — CONTINUAÇÃO


NÃO PRECISO LER JORNAIS, SEI MENTIR SOZINHO.


Dizem que a maior invenção do homem foi a roda, mas há também quem diga que ela não é a prova maior da inteligência humana, e sim da sua limitação: quem a inventou certamente não sabia o que fazer com ela até que alguém fez um furo no centro, enfiou uma vareta e saiu rodando a dita-cuja estrada afora — se é que àquela altura já havia estradas.

O mundo evoluiu mais nos últimos 150 anos do que da idade da pedra lascada ao final do século XIX. Veja que Cabral — falo do Pedro Álvares, não do ex-governador condenado do Rio de Janeiro — zarpou de Portugal no dia 9 de março de 1.500 e aportou no litoral sul do que hoje é o Estado da Bahia em 22 de abril, coisa que os transatlânticos modernos fazem em duas semanas e um jato comercial, em menos de 10 horas.

Observação: Cabral só descobriu o Brasil nos livros de história, pois seu patrício Duarte Pacheco Pereira desembarcou no litoral norte tupiniquim em dezembro de 1948, e o italiano Américo Vespúcio, em junho de 1499. Mas isso é outra conversa.

IoT (sigla de "internet das coisas" em inglês) está transformando não só a nossa relação com a tecnologia, mas o modo como interagimos com o mundo e como o mundo interage conosco. De um simples smartwatch a eletrodomésticos inteligentes, passando pela sofisticadíssima robótica usada nas linhas de produção dos mais diversos produtos, tudo está conectado, e o que não está, logo estará. Olhando a coisa por esse ângulo, a evolução do computador se torna um mero detalhe.

A IoT é uma tecnologia que, de tão avançada, seria confundida com magia por quem entrasse numa máquina do tempo em 1969, quando a Apollo 11 pousou na Lua, e desembarcasse em 2019, quando há mais objetos conectados à Internet que habitantes no planeta e já se fala em estabelecer uma colônia em Marte. Mesmo assim, 7% dos brasileiros acreditam que a Terra é plana e um número ainda maior de apedeutas acha que o PT não é uma organização criminosa e que Lula é a alma viva mais honesta deste lado da Via Láctea.
Mudando o foco do PC para o segmento automotivo, foi graças ao fim da reserva de mercado e a reabertura das importações (durante o governo Collor) que a injeção eletrônica de combustível, largamente utilizada nos EUA e na Europa desde os tempos de antanho, aposentou também por aqui os pré-históricos carburadores e propiciou, ainda que de forma indireta, o advento dos motores flexíveis.

Motores flexíveis são os que funcionam tanto com gasolina quanto com etanol ou uma mistura de ambos em qualquer proporção. Os que também funcionam com dois combustíveis, mas não ao mesmo tempo (como no caso de álcool/gasolina e GNV) são chamados de "bicombustível". Como o uso consagra a regra, esses termos passaram a ser usado indistintamente como sinônimos, inclusive por publicações especializadas. Mas fica aqui a ressalva.

A possibilidade de usar o álcool da cana-de-açúcar como combustível automotivo remonta ao início do século passado, mas só passou a ser considerada mais seriamente no Brasil no anos 70, quando a “crise do petróleo” reacendeu o interesse mundial por fontes alternativas de energia. O álcool, que sempre fora considerado subproduto do açúcar, passou a desempenhar papel estratégico na economia brasileira e, diante do sucesso do Programa Nacional do Álcool, deixou de ser encarado apenas como resposta a uma crise temporária.

O primeiro veículo nacional movido a álcool foi lançado pela FIAT no início dos anos 1980, sendo logo seguido por modelos da FORD, GM e VOLKSWAGEN. Dez anos depois, mais da metade da frota nacional era movida a etanol, mas uma nova queda na cotação do barril de petróleo no mercado internacional reduziu a diferença de preço entre os combustíveis na bomba, ressuscitando o interesse do consumidor pelos modelos a gasolina, que eram mais econômicos e davam menos problemas (componentes como tanque de combustível, carburador e outros apresentavam sérios problemas de corrosão devido ao contato direto com o álcool).

Amanhã eu conto o resto.