Encerrei a postagem de sábado pensando em dedicar a de hoje ao
imbróglio Queiroz/Bolsonaro, que, a
exemplo do caso João de Deus, tem novos e emocionantes capítulos todos os dias. Aliás, na semana passada o médium molestador se tornou réu pela segunda vez. Na denúncia
aceita pela juíza Rosângela Rodrigues
dos Santos, o Ministério Público se baseou em relatos de
13 vítimas, que tinham entre 8 e 47 anos quando os crimes ocorreram, mas em
apenas cinco dos casos — quatro estupros de vulnerável e um de violência sexual
mediante fraude — não houve prescrição.
O imbróglio envolvendo Flávio Bolsonaro se complica ainda mais
rapidamente e promete dar muito pano pra manga. Sempre que eu pensava ter concluído o texto, novos desdobramentos me levavam a começar tudo outra vez. Então, para entregar um apanhado "aceitavelmente atualizado", resolvi postergar a publicação (para amanhã ou depois, conforme
o andar da carruagem). Por ora, fiquem com mais um excelente artigo do
jornalista J.R. Guzzo e minhas considerações finais:
Já foi dito, mas vale
a pena dizer de novo: o Brasil anda muito nervoso. Uma das manifestações mais
comuns desta ansiedade é a cobrança de resultados concretos do governo de Jair Bolsonaro. E então: onde está a
reforma da Previdência? Por que ainda não fecharam o Incra, o Ibama e a Funai?
Quantos funcionários enfiados na máquina pública pelo PT (tudo peixe graúdo, ganhando de 50.000 reais por mês para cima)
já foram demitidos? Por que o Brasil, até agora, não rompeu com a Venezuela?
Onde estão os números de queda no índice de homicídios? E as privatizações:
alguém já viu alguma privatização sendo feita? Fecharam a empresa do “Trem
Bala”? Por que tanta gente fala e tão pouca coisa acontece? Enfim: porque esse
governo não faz nada?
Uma possível resposta para isso talvez esteja no calendário: quando se faz as contas, o novo governo não terá completado um mês quando o leitor estiver lendo este artigo. É verdade que já deu tempo para a ministra Damares pegar no pulo uma espetacular marmelada da era anterior — um contrato pelo qual você iria pagar 45 milhões de reais, isso mesmo, para instruir as populações indígenas no uso de criptomoedas, ideia que realmente só poderia ocorrer a alguém depois dos dezesseis anos de roubalheira alucinada dos governos Lula-Dilma. Mas pouca gente parece disposta a considerar que três semanas são um prazo muito curto para mudar o Brasil, trabalho que vai exigir os quatro anos inteiros do governo Bolsonaro e sabe-se lá quanto mais tempo ainda.
Uma possível resposta para isso talvez esteja no calendário: quando se faz as contas, o novo governo não terá completado um mês quando o leitor estiver lendo este artigo. É verdade que já deu tempo para a ministra Damares pegar no pulo uma espetacular marmelada da era anterior — um contrato pelo qual você iria pagar 45 milhões de reais, isso mesmo, para instruir as populações indígenas no uso de criptomoedas, ideia que realmente só poderia ocorrer a alguém depois dos dezesseis anos de roubalheira alucinada dos governos Lula-Dilma. Mas pouca gente parece disposta a considerar que três semanas são um prazo muito curto para mudar o Brasil, trabalho que vai exigir os quatro anos inteiros do governo Bolsonaro e sabe-se lá quanto mais tempo ainda.
O mercado, mais do que
ninguém, dá sinais de que está entendendo a situação com muito mais realismo, objetividade
e bom senso ─ falando com dinheiro, e não
com ideias, os investidores fizeram a Bolsa de Valores bater todos os seus
recordes nos últimos dias, e o dólar,
eterno refúgio nas horas de medo, recuou para a sua menor cotação
em dois meses. O recado aí é o seguinte: o país vai mudar, sim, na verdade já
está mudando e parece estar engrenado para mudar mais do que em qualquer outra
época de sua história econômica recente. Essa percepção se baseia num fato
essencial. Seja lá o que o governo fizer, seja qual for o seu grau de
competência na administração da máquina pública, ou seja lá quanto sucesso
efetivo tiver na execução dos seus projetos, uma coisa é 100% certa: Bolsonaro, desde já e ao longo dos
próximos quatro anos, vai fazer basicamente o exato contrário do que foi feito
nos dezesseis anos de lula-dilmismo,
incluindo o arremate dado por seu vice-presidente e aliado histórico Michel Temer. Não é muito complicado.
Mesmo um governo presidido pelo centroavante Deyverson inspiraria mais
confiança, aqui e no exterior, do que qualquer gestão do PT. Pense, por 45 segundos, como estaria a situação se o presidente
empossado no dia 1º. de janeiro tivesse sido Fernando Haddad, em vez de Jair
Bolsonaro. Pronto. Não é preciso perder seu tempo com mais nada.
Os ministros
escolhidos, em geral, parecem realmente os mais indicados para executar o
trabalho que o governo se propõe a fazer. Sempre é possível que haja um bobo
entre eles ─ mas até agora ainda não
se descobriu quem é. A dúzia
de generais, ou algo assim, que foram para o ministério ou primeiro escalão,
até agora só incomodaram os jornalistas; para o governo, deram prestígio moral,
autoridade e a imagem de que o Brasil está sendo dirigido por gente séria. Os
ministros mais atacados, como os do Meio Ambiente, Relações Exteriores e
Justiça, passam a impressão de que sabem perfeitamente o que estão fazendo ─
e de que estão muito seguros quanto aos seus objetivos práticos.
A “impossibilidade” de lidar
com o Congresso, apresentada como fato cientifico durante a campanha, não
impressiona ninguém, a começar pelo Congresso. As reformas mais complicadas na
organização do país têm boas chances de serem aprovadas ─
e isso, por si só, promete uma virada
vigorosa na economia. O que está faltando, mesmo, é
mais tempo para o governo acontecer. Três semanas é muito pouco.
O resto é conversa mole de uma oposição irresponsável, comandada pela maior quadrilha política da história brasileira. Essa merda continuará fedendo enquanto ninguém tiver peito de puxar a descarga. Até lá, a podridão que arruinou o Brasil e foi derrotada nas urnas tentará ressurgir, travestida de guerreira da falsidade e com o nítido propósito de manter o país em ruínas para depois dizer: eu não avisei?
Pobre povo ignorante este nosso, que atura calado tamanho descalabro.
Pobre povo ignorante este nosso, que atura calado tamanho descalabro.