QUEM DÁ AOS
POBRES EMPRESTA A DEUS. QUEM EMPRESTA AOS POBRES DÁ ADEUS.
Num livro lançado às vésperas da virada do milênio, Bill Gates fez diversas previsões sobre
tecnologia que acertaram na mosca. Dentre outras coisas, ele profetizou o
surgimento de serviços automatizados de
comparação de preços ― que hoje são largamente utilizados, até mesmo via
smartphone.
Observação: Ressalte-se que, quando o livro foi lançado, ainda não existiam
smartphones, mas Gates previu que as pessoas transportariam dispositivos pequenos, capazes de lhes permitir ler notícias, obter
informações do mercado financeiro, horário de voos nos aeroportos e por aí
afora. E hoje temos celulares inteligentes, tablets, smartwatches e até
eletrodomésticos como geladeiras inteligentes, que ainda não estão presentes em
todos os lares, mas enfim...
Também fazem parte da lista do visionário o pagamento de contas online (e está aí o
net banking, que permite isso e
muito mais), o agendamento remoto de consultas
médicas e visualização de resultados de exames (que já são atividades
corriqueiras no nosso dia a dia), as câmeras
inteligentes e os “companheiros
pessoais”, que interligariam e sincronizariam um sem número de dispositivos
(ou seja, o que hoje conhecemos como “internet das coisas”).
Outras palpites certeiros remetem ao streaming de vídeo para uso doméstico (e isso quando o acesso à
internet ainda era provido pela arcaica conexão discada), aos “sites privados para amigos e familiares”
(que se traduziram no Orkut, no Facebook, no Instagram, ao WhatsApp e
nas redes sociais em geral), à popularização de anúncios personalizados, de serviços
e aplicativos que oferecem produtos com descontos (como Google Now e do Airbnb), à publicidade
inteligente, na transmissão de programas
de TV com links para conteúdos relevantes, aos fóruns comunitários, nos softwares
de gerenciamento e até em serviços para procura de
empregos online (caso do popular LinkedIn).
A Gates, como à
maioria das pessoas que se destacam significativamente pelo que são ou pelo que
fazem, atribuem-se diversas passagens que não têm qualquer fundo de verdade. Um
bom exemplo é a nota de US$ 1000, que eu comentei na primeira parte desta matéria (essas cédulas foram tiradas
de circulação quando o fundador da Microsoft
tinha apenas 14 anos, muito antes, portanto, de ele se tornar bilionário). Outra
bobagem que se popularizou na Web afirmava que
a Microsoft e a AOL estariam se fundindo e quem encaminhasse determinada mensagem
de email para Gates receber uma
quantia considerável. Nada muito diferente do SCAM dos dias atuais, embora sem efeitos danosos (além de estimular os incautos a enviar carradas de mensagens ao bilionário).
É verdade que Gates foi detido pela polícia em 1977, quando tinha 21 anos, por dirigir em
alta velocidade e não portar carteira de motorista. Todavia, a afirmação de que
ele teria gasto milhões de dólares para limpar sua ficha não procede, mesmo porque a foto
tirada quando ele foi fichado (que ilustra esta postagem) pode ser facilmente
encontrada na Web. Por outro lado, ele gastou uma nota preta para evitar que fotografassem seu casamento com Melinda French, em 1994, quando não só
alugou todos os quartos vagos do hotel em que ficou hospedado, mas também todos
os helicópteros da região, evitando, assim, os cliques dos paparazzi.
Diz-se à boca pequena que o sucesso da Microsoft se deve mais ao “oportunismo” de Bill Gates do que à sua capacidade como programador. Aliás, eu mesmo
cheguei a mencionar esse fato numa
postagem sobre a evolução do Windows. Para resumir a história, lá pelos
anos 1970, quando resolveu lançar seu Personal
Computer, a IBM não dispunha de
um sistema operacional, e aí procurou Gates, supondo que a Microsoft detivesse os direitos autorais do Control Program for Microcomputer. Ele desfez o equívoco, o que contraria sua fama de oportunista, mas, mesmo
sem jamais ter desenvolvido um SO, aceitou o desafio. Só que, em vez de escrever o programa
a partir do zero, a Microsoft adaptou o QDOS (que comprou de Tim Paterson por US$50 mil) para o
hardware da IBM, rebatizou-o de MS-DOS e com ele dominou o
mercado dos PCs compatíveis.
Gates prefere o Twitter ao Facebook, mas não devido à sua pretensa rivalidade com Mark
Zuckerberg. No entanto, é fato que ele proibiu a entrada de produtos da Apple em sua casa, depois que seu
relacionamento com Steve Jobs azedou
e a concorrência da Microsoft com a
turma da maçã se acirrou. Em entrevista publicada na revista Vogue, em 2009, Melinda Gates disse: “há poucas coisas na lista de
proibições de nossa casa, mas duas das coisas que não damos aos nossos filhos
são iPods e iPhones”.
Gates se afastou da Microsoft (em 2008) para se dedicar integralmente à Bill & Melinda Gates Foundation. A instituição faz vultosas doações para caridade e para o financiamento de pesquisas visando à cura
de doenças. também. Além disso, Gates tenciona
distribuir sua fortuna, como já disse em diversas entrevistas. Claro que deixará os herdeiros desamparados, até porque que seu patrimônio
é de quase 100 bilhões de dólares. Mas isso já é outra história.
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