A Semana da Pátria
começou mal para Leo Pinheiro. O ex-chefão da OAS tornou a ser
preso nesta segunda-feira, depois de ser levado coercitivamente a depor
na Operação Greenfield, que apura
crimes contra fundos de pensão de estatais.
A prisão preventiva foi decretada pelo juiz federal Sérgio Moro, sob o argumento de que é
difícil controlar iniciativas do empresário para obstrução das investigações
com ele cumprindo pena em regime de prisão domiciliar. Moro lembrou ainda em despacho que ele já havia sido condenado por
ter pago pelo menos R$ 29,2 milhões em propinas em contratos da Petrobras e é
acusado em outras três ações em andamento, além de ser investigado em inquérito
que apura suposto pagamento de vantagens indevidas ao ex-presidente Lula ― caso que envolve a reforma do famoso tríplex
no Guarujá, cuja propriedade o petralha nega de pés juntos.
Pinheiro, que havia
sido preso na 7ª Fase da Lava-Jato,
em novembro de 2014, e colocado em prisão domiciliar pelo STF em abril do ano passado, vinha negociando um acordo de delação
premiada que não só feria mortalmente o ex-presidente Lula, mas também associava a OAS
a uma reforma milionária na mansão cinematográfica do ministro Dias Toffoli. Depois que Veja publicou detalhes sobre esse
acordo, as tratativas foram suspensas pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot (confira nesta
postagem).
Na recém-deflagrada Operação
Greenfield ― nome que, no jargão do mercado financeiro, designa
investimentos em projetos de empresas que ainda não se realizaram ―, foram
expedidos 127 mandados de busca e apreensão, condução coercitiva e
bloqueio de R$ 8 bilhões em bens de 103 pessoas físicas e jurídicas em São
Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa
Catarina, Amazonas e no Distrito Federal, dentre as quais, além de Leo
Pinheiro, destacam-se os irmãos Joesley e Wesley Batista, donos
da holding que comanda a JBS e a Friboi, o ex-tesoureiro petralha
João Vaccari Neto ― que cumpre pena em Curitiba ― e Walter Torre
Junior, fundador e CEO da Construtora WTorre.
Falando na jararaca
petralha, um artigo publicado no site do Valor
Econômico informa que a
ofensiva contra a petista na Lava-Jato
será dividida em pelo menos três denúncias. A primeira, que será oferecida
ainda este mês, deverá apontar delitos como corrupção e lavagem de dinheiro e
abordar a questão do tríplex no Guarujá
e o armazenamento do butim que Lula
trouxe de Brasília no final de seu segundo mandato, que teriam sido bancadas
pela OAS. Além do ex-presidente e da ex-primeira dama, serão
denunciados Leo Pinheiro (olha ele
aí de novo), Paulo Gordilho ―
executivo da OAS ― e Paulo Okamotto ― presidente do Instituto Lula. As outras duas
denúncias têm a ver com a reforma do sítio
Santa Bárbara e o uso da Lils
Palestras, Eventos e Publicações pelo petista para recebimento de pagamentos
feitos por sete empresas envolvidas no Petrolão,
e devem ser oferecidas até o final do ano.
O fatiamento da acusação é uma estratégia processual recorrente
na Lava-Jato e visa evitar que o
processamento penal seja demorado. Demais disso, se as tratativas de delação
premiada forem retomadas e o empreiteiro realmente se tornar delator, as informações
e provas eventualmente indicadas por ele poderão ser juntadas a uma acusação
futura a ser promovida contra a “alma
viva mais honesta do Brasil” ― que, nunca é demais lembrar, já reponde a
processo na 10ª Vara da Justiça Federal em Brasília por integrar uma suposta
trama para obstruir a Lava-Jato,
mediante tentativa de compra do silêncio do ex-diretor de Internacional da
Petrobras, Nestor Cerveró.
E “o cara” ainda faz pose de pré-candidato à presidência nas
eleições de 2108.
ATUALIZAÇÃO: Um dia depois de ser preso, o ex-presidente da OAS mudou de estratégia e pediu ao juiz Sérgio Moro para prestar novo depoimento na ação que investiga pagamento de propinas ao ex-senador Gim Argello, visando barrar a CPMI da Petrobras e impedir que fossem convocados executivos de empresas fornecedoras da estatal. Para mais detalhes, siga o link http://link.blog.br/comentarios/leo-pinheiro-decide-finalmente-falar-com-moro-106830