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quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

TEMPESTADES DE VERÃO — SEXTA PARTE (TRANSPOSIÇÃO DE ALAGAMENTOS E O RISCO DO CALÇO HIDRÁULICO)

CORRENDO EM BUSCA DO PRAZER, TROPEÇA-SE NA DOR.
Quando o volume da água despejada por um temporal ultrapassa a capacidade de absorção do solo (que a crescente impermeabilização dos logradouros torna cada vez menor) e de drenagem das galerias pluviais (quase sempre obstruídas por dejetos de toda espécie, já que o povo é porco e descarta o lixo de maneira inadequada), os alagamentos são inevitáveis.

Carros de passeio não são veículos anfíbios. Portanto, a menos que você tenha um Jet Ski ou um submarino, evite trafegar por locais que alagam ao menor sinal de temporal. Mas se cair um dilúvio justamente quando você estiver na "Baixada do Deus-me-livre", suba a primeira ladeira que encontrar, entre com o carro no estacionamento de um supermercado ou num posto de combustíveis, por exemplo, e espere até o temporal passar e o nível da água baixar.
Há situações, porém, em que é preciso enfrentar o alagamento. Nesses casos, observe como se comportam os veículos à sua frente; se eles transpuserem o lençol de água sem maiores percalços — sem cair em buracos ou bueiros sem tampa, por exemplo — e o nível não lhes ultrapassar a metade da altura das rodas, “fé em Deus e pé na tábua”.
Observação: Ônibus e caminhões não servem de parâmetro, porque são mais altos e atravessam o alagamento com mais facilidade.
Pé na tábua” é força de expressão, pois deve-se atravessar o alagamento em primeira marcha e com velocidade reduzida. Mas convém manter a rotação do motor por volta de 2.000 RPM, para evitar que ele morra durante a travessia. Se o câmbio for manual, pressione parcialmente o pedal da embreagem enquanto acelera, de modo a manter o giro elevado e a velocidade sob controle. Nos automáticos e automatizados, coloque a alavanca seletora na posição 1, de modo que a transmissão permaneça na primeira marcha, e dose a aceleração, pois não há pedal de embreagem e você não terá como elevar o giro do motor sem que as rodas motrizes respondam na mesma medida.

Inicie a travessia somente depois que o carro da frente tiver terminado de passar, mas evite fazê-lo se outro veículo vier no sentido contrário, pois as ondas que ele produz potencializam o risco de o motor do seu carro morrer — ou mesmo de ser danificado pelo famigerado “calço hidráulico” (detalhes mais adiante).
Vale relembrar que o motor gera torque e potência a partir da compressão e posterior combustão de uma mistura de ar e gasolina (ou álcool). Para entender isso melhor, reveja este resumo sobre os princípios básicos do funcionamento do motor de combustão interna (ciclo Otto). Numa explicação sucinta, a mistura é “preparada” pelo sistema de injeção (ou pelo carburador, nos modelos mais antigos) e sugada para o interior da câmara (ou cilindro do motor) pela depressão produzida pelo movimento descendente dos pistões durante o ciclo de admissão. O ar captado da atmosfera passa por um filtro, que bloqueia partículas de poeira, insetos e outros detritos, mas não impede a passagem de água.
Para complicar ainda mais a situação, é difícil avaliar visualmente a profundidade do alagamento (sobretudo com água barrenta), sem falar no risco de você deparar com obstáculos submersos (buracos, pedras, galhos de árvores, bueiros sem tampa, etc.). Em tese, seguir pelo meio da pista é mais seguro do que trafegar próximo ao meio fio, mas, de novo, não dê início à travessia se houver outro veículo à frente, ao lado, ou vindo no sentido contrário, pois isso potencializa o risco de o motor “morrer” no meio do caminho e ser danificado pelo famigerado calço hidráulico, que, por uma questão de espaço, será detalhado na próxima postagem.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

TEMPESTADES DE VERÃO E OS PERIGOS QUE ELAS PODEM ACARRETAR — CONTINUAÇÃO


O SOL QUE DESPONTA TEM QUE ANOITECER.

Como vimos no post anterior, o melhor a fazer quando uma tempestade elétrica se avizinha é desligar a chave geral do quadro de força (ou, no mínimo, desplugar das tomadas os aparelhos mais sensíveis). Mas nem sempre estamos em casa, e, quando estamos, nem sempre tomamos essas providências a tempo, daí ser importante dispor de um nobreak ou de um estabilizador de tensão de boa qualidade, que oferecem proteção responsável contra os famigerados distúrbios da rede elétrica (os também famigerados filtro de linha custam mais barato e podem ser encontrados em qualquer casa de ferragem ou hipermercado, mas não filtram coisa alguma e, portanto, são uma péssima péssima escolha, como veremos melhor mais adiante).

Chamamos subtensão transitória a uma queda de tensão inferior a 10% da tensão nominal da rede e com duração igual ou inferior a 4 ciclos. Esse fenômeno pode ocorrer tanto por culpa da concessionária de energia quanto da instalação elétrica do imóvel. Lâmpadas que “enfraquecem” momentaneamente sempre o compressor da geladeira entra em funcionamento ou quando um dispositivo elétrico é ligado em cômodo da casa, por exemplo, denunciam falta de aterramento ou fiação de bitola inadequada à demanda de energia (detalhe: ferro de passar roupas, secador de cabelos e outros utensílios vorazes não servem de parâmetro para essa avaliação).

As subtensões não transitórias (superiores a quatro ciclos e com duração de alguns minutos a muitas horas) têm basicamente as mesmas causas e sintomas das transitórias; se você notar um enfraquecimento "persistente" das lâmpadas (sobretudo em horários de pico), chame um eletricista, e caso ele não identifique problemas na fiação do imóvel, acione a concessionária de energia elétrica.

sobretensão, por sua vez, consiste na elevação (em 10% ou mais), por tempo igual ou superior a três ciclos, da tensão máxima permitida pela rede. Situação oposta às anteriores, nesta o brilho das lâmpadas aumentam de intensidade. Se a instalação estiver dentro dos padrões, especialmente o quadro de força, o problema deve ser externo e compete à concessionária de energia solucioná-lo. Mas convém checar periodicamente o estado dos fusíveis (ou disjuntores) e verificar a fixação dos cabos de energia no quadro (o afrouxamento dos parafusos é um problema comum).

Observação: Quanto às sobretensões que costumam ocorrer durante temporais com relâmpagos, vimos no post anterior que não há muito a fazer além de desligar da tomada os equipamentos mais sensíveis. Cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém.

Voltando aos filtros de linha, eles devem ser evitados por várias razões, a começar por não filtrarem coisa alguma. Apesar do nome, eles não passam de simples extensões (também conhecidas como "réguas"), mas é bom ter em mente que ligar dois ou mais aparelhos na mesma tomada da parede, dependendo de quanta energia cada um deles consome, é uma prática nada recomendável. A diferença entre esses "filtros" e as tais réguas está num pequeno fusível (ou um LED, conforme o modelo) que se rompe (ou funde) por efeito de um pico de energia, interrompendo a passagem da corrente elétrica. O problema é que essa interrupção nem sempre acontece com rapidez suficiente para impedir que a sobretensão alcance os aparelhos que o tal filtro deveria proteger, e aí está feita a caca.

Vale lembrar que as fontes de alimentação dos PCs operam entre 90 V e 240 V e suportam sobretensões de até 100% e subtensões de mais de 20% (quando ligadas a uma tomada de 110 V~127 V, evidentemente). Assim, a única vantagem do filtro de linha é facilitar a substituição do fusível (ou o próprio filtro), que nos varistores internos da fonte de alimentação do computador é uma tarefa mais complicada.

Continuamos na próxima postagem.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

AINDA AS CHUVAS DE VERÃO

DIFICILMENTE CHEGAREMOS A UM ACORDO SOBRE UM SABOR DE PIZZA QUE RESOLVA TODOS OS NOSSOS PROBLEMAS.

Tempestades de verão são causadas pelos cúmulos-nímbos – nuvens que alcançam facilmente 20 Km de altura e outros tantos de diâmetro. Essas formações decorrem da evaporação que, ao atingir as camadas mais frias da atmosfera, transforma-se em gotículas d’água, granizo e partículas de gelo. Na estratosfera, todavia, a absorção de raios ultravioleta pela camada de ozônio resulta num aumento de temperatura que barra o movimento ascendente da nuvem, levando-a a se espalhar horizontalmente e castigar quem estiver a seu alcance com chuva abundante, granizo, fortes rajadas de vento e o indefectível espetáculo pirotécnico dos relâmpagos.
É comum ouvir dizer que os raios são provocados pela colisão entre as nuvens, mas na verdade eles acontecem quando o ar deixa de ser capaz de isolar as cargas elétricas opostas que se acumulam no interior dos cúmulos-nímbos, gerando descargas que duram de alguns décimos até 2 segundos e podem ocorrer dentro das nuvens, das nuvens para o ar ou de uma nuvem para outra. As descargas mais comuns são as descendentes (nuvem-solo) e as maiores são as que passam de uma nuvem para outra (elas podem chegar a dezenas de quilômetros de extensão, embora sua espessura não vá além de alguns centímetros).

Observação: Via de regra, um raio é composto por várias descargas e sua voltagem fica entre 100.000.000 V e 1.000.000.000 V, a amperagem entre 20.000 A e 200.000 A e a temperatura é cinco vezes maior do que a da superfície do Sol. Já o trovão é causado pelo rápido aquecimento do ar produzido pela corrente elétrica do raio, e seu ribombar pode alcançar 120 decibéisA quantidade de energia descarregada por uma tempestade chega a ser maior que a de uma bomba atômica. A diferença é que a bomba libera tudo numa fração de segundo, enquanto a tempestade o faz durante um período que pode ir de vários minutos a algumas horas.

Tempestades elétricas não combinam com aparelhos elétricos e eletro-eletrônicos em geral, de modo que, quando o céu se tornar carrancudo e os trovões ribombarem ao longe, você deve desconectá-los das tomadas (ou, melhor ainda, desligue a chave geral do quadro de força) e somente religá-los depois que o temporal passar ou, em caso de apagão, quando o fornecimento de energia estabilizar, prevenindo, assim, problemas decorrentes de quedas de fase e picos de tensão.
Para avaliar a que distância a tempestade se encontra de você, conte quantos segundos separam o clarão do raio do som do trovão e divida o resultado por 3 – o relâmpago é visto em tempo real, já que a luz caminha a 300.000 Km/s, mas o trovão pode demorar um bom tempo para ser ouvido, já que a velocidade do som é cerca de um milhão de vezes menor (pouco mais de 300 m/s). 

Amanhã a gente continua; abraços e até lá. 

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

N-BREAKS, TEMPESTADES ELÉTRICAS E QUE TAIS.

A MENOR DOR EM NOSSO DEDO MÍNIMO CAUSA-NOS MAIS PREOCUPAÇÃO E INQUIETUDES DO QUE A DESTRUIÇÃO DE MILHÕES DE NOSSOS SEMELHANTES.

Curiosamente, o calor infernal que vem castigando Sampa nas últimas semanas não tem provocado as tradicionais tempestades de final de tarde, que, entra ano, sai ano, afogam meio mundo e levam de embrulho os moveis e utensílios da outra metade. Por outro lado, a se prolongar demais, essa estiagem pode impôr racionamentos de água, energia elétrica ou ambos, dependendo de onde o infeliz tupiniquim tem seu pedaço de chão.
Num mundo ideal, um pé d’água de 20 minutos todo final de tarde estaria de bom tamanho para abafar a poeira e dispersar a poluição. Já na cabeceira dos rios que alimentam nossas represas e hidrelétricas, dilúvios de levar até o Poderoso Thor (deus do travão da Mitologia Nórdica) a sair de guarda-chuva seriam bem recebidos, pelo menos até que o status quo ante se restabelecesse. Só que não vivemos num mundo ideal.
Se você costuma passar o final de semana fora – ou mesmo se ninguém fica em casa quando você vai trabalhar – habitue-se a desligar da tomada seus eletroeletrônicos mais sensíveis (computador e periféricos, rádios-relógio, telefones sem fio, televisores etc.). No caso de um apagão da rede, só religue os aparelhos depois que a energia voltar e se estabilizar, evitando sujeitá-los àqueles tradicionais picos de tensão típicos de quando o fornecimento é restabelecido.
Lembre-se também de que a maioria dos “filtros de linha” não passa de benjamins providos de varistores, que permitem alimentar diversos aparelhos usando uma única tomada (o que não é boa política), mas não filtram coisa alguma e nem oferecem proteção adequada contra distúrbios da rede elétrica ou sobretensões decorrentes de relâmpagos e assemelhados. Para proteger seu equipamento, utilize um estabilizador de tensão de boa qualidade ou, se puder, um no-break on line (os modelos off line – mais baratos – usam a energia da tomada até que um problema na rede seja detectado, e só então passam a alimentar o computador pela bateria interna).
Boa sorte a todos e até a próxima.