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As viagens no tempo são o fruto mais cobiçado da árvore da relatividade. Embora viajemos para o futuro, segundo a segundo, desde o momento em que nascemos, avançar ou retroceder como nos filmes de ficção científica exigiria uma máquina do tempo ou uma espaçonave capaz de alcançar velocidades próximas à da luz (devido à dilatação temporal).
Outras maneiras seriam fruir da dilatação gravitacional do tempo proporcionada pelo horizonte de eventos de um buraco negro ou atravessar um buraco de minhoca. Em ambos os casos, alguns minutos no referencial do hipotético viajante corresponderiam a décadas, séculos ou milênios no referencial de um observador externo.
CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA
Quem tem ao menos dois neurônios funcionando e ouviu o discurso que o ministro Alexandre de Moraes proferiu na reabertura dos trabalhos do STF não teve dificuldade em perceber que Eduardo Bolsonaro segue à risca os passos pai — passos que, ao que tudo indica, conduzem à cadeia. Sem citar o nome do deputado foragido, o magistrado referiu-se a ele como integrante de uma “organização criminosa” que atua nos EUA “de maneira covarde e traiçoeira”, promovendo “agressões espúrias e ilegais” com o objetivo de provocar uma “grave crise econômica no Brasil” — e de produzir provas contra si próprio. Disse que ele e o neto do ex-presidente Figueiredo acreditam estar lidando com milicianos, mas advertiu-os de que estão lidando com ministros da Suprema Corte brasileira e acusou-os de repetir o já conhecido “modus operandi golpista”.
Xandão deixou claro que vai “ignorar” as sanções que lhe foram impostas por Trump, que pressionar por pedidos de impeachment de ministros do STF e pela aprovação de uma anistia — inconstitucional, segundo ele — não adiará o julgamento do processo, previsto para o mês que vem.
Ficou subentendido que Bobi Filho, atualmente investigado por coação no curso do processo penal, obstrução de investigação contra organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito e atentado à soberania, já pode ser considerado uma condenação criminal esperando na fila para acontecer.
Uma das apostas teóricas são as chamadas curvas fechadas do tipo tempo (CTCs) — trajetórias no espaço-tempo que, segundo certas interpretações, poderiam surgir a partir da rotação do próprio Universo. Nessas curvas, passado e futuro se unem como largada e chegada num circuito oval — como o de Indianápolis. Em tese, seria possível refazer o mesmo trajeto temporal indefinidamente, mas isso nos coloca diante de um paradoxo: percorrer uma CTC não seria o mesmo que reviver os mesmos eventos repetidas vezes? Algo parecido com o que acontece com Doctor Who no episódio Heaven Sent, quando o 12º Doutor Who fica preso num looping temporal causado pelo uso contínuo de um teletransportador? Por mais que pareça uma forma de "voltar no tempo", repetir exatamente a mesma sequência de eventos ad aeternum talvez seja mais castigo do que conquista.
A Teoria das Cordas sustenta que o Universo é composto por pequenas cordas muito finas, mas extremamente densas. Elas vibram de diferentes maneiras, dando origem a diferentes partículas e interações. Movendo-sem em direções opostas, a uma velocidade próxima à da luz, elas poderiam distorcer o espaço-tempo, criando um loop que permitiria retornar ao passado sem violar as leis da física. Mas vale destacar que ainda não existem evidências de que essas cordas cósmicas existam, nem de que as viagens no tempo por meio de loops no espaço-tempo sejam factíveis.
Até aqui, falamos sobre viajar no tempo à luz da relatividade, que descreve o comportamento de grandes objetos, enquanto a mecânica quântica se aplica ao universo as partículas, como elétrons e fótons. Como as leis da física tradicional não se aplicam em escalas microscópicas, uma alteração no estado de uma partícula pode influenciar instantaneamente outra partícula "entrelaçada" em outro lugar (efeito que Einstein chamou de "ação fantasmagórica à distância"). Esse fenômeno — que já foi demonstrado várias vezes em pesquisas vencedoras do Prêmio Nobel — contraria nosso entendimento de que os eventos acontecem do passado para o presente e deste para o futuro, e nessas peculiares configurações quânticas as informações podem viajar para o futuro e retornar ao passado.
O problema é que a relatividade e a mecânica quântica funcionam bem cada qual no seu quadrado, e uma teoria que as unifique em uma única estrutura matemática coerente ainda não foi desenvolvida, a despeito de décadas de esforços nesse sentido. Em nossa compreensão atual do Universo, podemos potencialmente viajar para o futuro, mas visitar o passado é outra conversa: eventos que influenciam a si mesmos geram paradoxos temporais, como o célebre paradoxo do avô, que afrontam a conjectura de proteção cronológica, e a hipótese da censura cósmica sugere que as próprias leis da física atuam para ajustar essas incongruências, preservando a causalidade no Universo.
A única certeza que temos — além do fato de que o tempo se dilata, a massa dos corpos aumenta e espaço se contrai — é que não temos certeza de nada. Mas é justamente essa incerteza que instiga os cientistas a investigar incansavelmente o mundo que nos cerca.