Mostrando postagens classificadas por data para a consulta seta do tempo. Ordenar por relevância Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens classificadas por data para a consulta seta do tempo. Ordenar por relevância Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 8 de setembro de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 45ª PARTE — SETAS DO TEMPO: DA SIMETRIA QUÂNTICA À DESORDEM CÓSMICA

SE NÃO FOSSE A LUZ, NÃO EXISTIRIA SOMBRA.

Nossos antepassados começaram a contar o tempo quando perceberam padrões no amanhecer, no anoitecer, nas fases da Lua e nas mudanças sazonais. Há cerca de 5.000 anos, os egípcios criaram um calendário baseado na observação da estrela Sirius. Mais ou menos na mesma época, os sumérios dividiram o ano em 12 meses de 30 dias. Em 1582, o papa Gregório XIII substituiu o calendário solar que Júlio César implementou em 46 a.C. pelo modelo hoje adotado oficialmente por 189 dos 193 países-membros da ONU.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Pelo andar da carruagem, Bolsonaro e outros 7 integrantes do núcleo crucial do golpe conhecerão suas penas na próxima sexta-feira. Até lá, haja antiácido, plasil e pantoprazol, pois o assunto continuará em destaque nos telejornais, assim como as manobras dos parlamentares bolsonaristas para pautar uma proposta de anistia que contemple também — e principalmente — o ex-presidente e seus asseclas de alto coturno.

Se a anistia fosse um filme, ele se chamaria "O Exterminador do Futuro". Na saga original, Schwarzenegger é enviado ao passado para matar a mãe de um líder revolucionário que incomoda o governo no presente — se o inimigo não nascer no passado, o problema deixa de existir no futuro. A proposta de anistia dos bolsonaristas segue a mesma lógica: enviar para o arquivo morto os inquéritos sobre fake news e milícias digitais, usados por Xandão como incubadoras, daria cabo de todos os problemas criminais de Bolsonaro et caterva. 

A proposta perdoaria todos aqueles que "tenham sido ou estejam sendo ou, ainda, eventualmente, possam vir a ser investigados, processados ou condenados" por crimes variados, inclui desde o complô golpista de Bolsonaro ao atentado à soberania nacional do filho Eduardo, passando pelo custeio de acampamentos de quartel e pelo quebra-quebra de 8 de janeiro.

A falta de limites do bolsonarismo ultrapassou todos os limites. Inclusive os do Centrão, pois o projeto apaga "todas as inelegibilidades já declaradas ou que venham a ser declaradas pela Justiça Eleitoral contra os anistiados. Bolsonaro, dodói e entristecido, voltaria a ser um presidenciável "imbrochável", estalando de novo. Tarcísio de Freitas, afilhado político do xamã golpista, estendeu a mão para a facção pró-anistia, mas descobriu que o bolsonarismo quer o braço, o tronco, a alma... 

A sorte é que o absurdo deve ser barrado — sob pena de todos os malfeitores se reunirem e mandarem um novo Schwarzenegger voltar 525 anos no tempo, aguardar na praia pela chegada da primeira caravela e exterminar Cabral e sua trupe.

Embora os relógios de sol e clepsidras tenham evoluído para sofisticados modelos atômicos, a ciência ainda não consegue explicar plenamente o que é o tempo. No século XVII, Isaac Newton comparou-o a uma flecha disparada de um arco, viajando em linha reta e velocidade constante. No  seu entender, a velocidade da luz podia variar, mas o tempo era constante e imutável em qualquer ponto do Universo.

Em 1905, Albert Einstein propôs que o tempo e o espaço são partes de uma única estrutura — o espaço-tempo. Segundo ele, com exceção da velocidade da luz, tudo é relativo no Universo, e a passagem do tempo varia conforme a velocidade do observador e a intensidade do campo gravitacional ao qual ele está submetido. Isso foi comprovado experimentalmente nos anos 1970, quando pesquisadores colocaram quatro relógios atômicos a bordo de aviões que deram a volta ao mundo, primeiro para o leste, depois para o oeste, e observaram um atraso de 59 nanossegundos e um avanço de 273 nanossegundos, respectivamente, em comparação com o padrão do Observatório Naval dos EUA.

De acordo com o astrônomo britânico Arthur Eddington, a "seta do tempo" aponta para o futuro quando a entropia aumenta e para o passado quando ela diminui. Até onde se sabe, a entropia só aumenta — ou seja, estruturas ordenadas perdem sua ordem, vasos de porcelana viram cacos e, por aí vai —, exceto nos sistemas quânticos, onde ela permanece constante quando tudo é deixado ao acaso. 

ObservaçãoOutra teoria sugere que o Universo “puxa” o tempo conforme se expande, e como o tempo e o espaço formam uma estrutura única, eventual reversão da expansão cósmica faria com que o espaço se contraísse e o tempo retrocedesse.

Ainda que as leis da física clássica sejam simétricas no tempo, os fenômenos termodinâmicos que observamos no cotidiano não são. Mas essa aparente contradição é resolvida quando se considera que o Universo começou num estado de entropia extremamente baixa, mas que vem aumentando sua desordem desde então. Mais que as próprias leis da física, esse ponto de partida incomum pode ser o verdadeiro responsável por termos uma seta do tempo. E como ninguém jamais viu os cacos de um vaso quebrado se rearranjarem espontaneamente, a experiência cotidiana reforça a ideia de que essa seta aponta somente para o futuro.

Se a seta do tempo aponta sempre da entropia menor (passado) para a maior (futuro), mesmo nos sistemas quânticos inicialmente ordenados, conclui-se que a entropia cresce até atingir um estado total de desordem. No entanto, segundo o físico John von Neumanna entropia de um sistema quântico não pode mudar, e se ela permanece sempre a mesma, não é possível saber se o tempo está correndo para frente ou para trás.


Essas considerações são irrelevantes ao lidar com sistemas quânticos elementares — como o átomo de hidrogênio, com um único elétron —, mas tornam-se cruciais quando se estuda sistemas com muitas partículas. Nestes casos, é preciso conciliar a teoria quântica com a termodinâmica, o que pode ser tão complicado quanto unificar a Relatividade e a Mecânica Quântica e combinar a gravidade com as outras três forças fundamentais da natureza. Por outro lado, talvez isso também seja apenas uma questão de tempo. 


Continua...

sexta-feira, 5 de setembro de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 44ª PARTE — QUANDO O FUTURO TAMBÉM APONTA PARA TRÁS

O MAIOR CASTIGO DO MENTIROSO NÃO É OS OUTROS NÃO ACREDITAREM NELE, MAS ELE NÃO PODER ACREDITAR NOS OUTROS.

A viagem no tempo sempre fascinou a humanidade, mas um dos maiores obstáculos para sua realização está na própria natureza do tempo e na manipulação da entropia — a medida da desordem de um sistema físico. 


Para compreender essa complexidade, imagine um vaso sobre uma mesa: sua entropia é baixa, mas aumentaria drasticamente se ele caísse e se quebrasse. Os cacos não se reorganizariam sozinhos, ilustrando perfeitamente a irreversibilidade que governa nosso mundo cotidiano.

 

Em escala cósmica, porém a passagem do tempo parece estar conectada à expansão contínua do universo em todas as direções — um fenômeno que nos fornece uma orientação temporal clara desde o Big Bang.


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


No segundo dia do julgamento do século, o advogado de Bolsonaro afirmou que “não há uma única prova” que ligue o ex-presidente ao 8 de janeiro, que seu cliente não atentou contra o estado democrático de direito e que a delação de Mauro Cid “não é confiável”. Para o advogado Braga Netto, Cid "mente descaradamente", e para o patrono do general Augusto Heleno "um juiz não pode se tornar protagonista do processo”.

A condenação dos réus são favas contada e as penas máximas previstas para os cinco crimes  somam mais de 40 anos de prisão. Resta saber onde Bolsonaro gozará suas  férias compulsórias. Lula  passou 580 dias hospedado numa cela VIP da Superintendência da PF em Curitiba. Na condição de oficial do Exército, o "mito" pode ficar numa cela no Comando Militar do Planalto — ou não, já que a condenação criminal resulta em perda de patente.

As próximas sessões do julgamento estão marcadas para os dias 9, 10 e 12. A previsão é que o resultado do julgamento seja conhecido na sexta-feira, 12. Além de votarem pela condenação ou absolvição de cada um deles, os ministros precisam definir a dosimetria da pena – quanto tempo eles ficarão presosCogita-se que o ex-presidente e seus cúmplices cumpram as penas no Complexo Penitenciário da Papuda, que abriga mais de 16 mil detentos, mas possui uma ala separada dos presos de maior periculosidade para abrigar os assim chamados "vulneráveis"Mas não seria surpresa se, a exemplo de Collor, o "mito" cavasse uma prisão domiciliar por "razões humanitárias". Afinal, isto aqui é Brasil. 

Bolsonaro aposta suas fichas no Congresso, mas, mesmo se aprovada nas duas Casas, a anistia será vetada por Lula. Deputados e senadores poderiam derrubar o veto, mas nesse caso a aberração seria barrada no STF, que vê as articulações como inócuas. Nos bastidores, as togas afirmam que a proposta é inconstitucional e dificilmente passaria no plenário da Corte. Eles lembraram ainda da tentativa do próprio Bolsonaro de conceder um indulto ao ex-deputado Daniel Silveira, considerado inconstitucional por não poder ser aplicado a crimes contra o Estado Democrático de Direito. 

Mesmo considerando que o PL da anistia não teria efeitos práticos, ministros avaliam que sua aprovação no Congresso representaria uma afronta à Corte, e admitem que poderiam contra-atacar votando pelo fim das emendas impositivas — o tema já está em análise em diversas ações sob relatoria do ministro Flávio Dino. 

Em qualquer hipótese, a ressurreição extemporânea do projeto que passa uma borracha no complô do golpe favorece a estratégia política de Lula. Depois de ser presenteado por Trump com o mote da defesa da soberania, o macróbio ganha do Centrão o material para restaurar o arco democrático que lhe deu a vitória (apertada, mas enfim) em 2022.


Durante séculos, os físicos consideraram a irreversibilidade da "seta do tempo" um princípio fundamental da natureza, mas essa visão vem sendo desafiada pelas descobertas da física quântica, onde as interações são probabilísticas e, em certos contextos, reversíveis através da matéria exótica em estruturas como os buracos de minhoca — lembrando que tanto a existência da matéria exótica quanto dos buracos de minhoca ainda carecem de confirmação observacional direta.

 

Através de simulações matemáticas e experimentos com sistemas fotônicos, pesquisadores da Universidade de Surrey, no Reino Unido, descobriram evidências de que duas setas do tempo opostas podem emergir de certos sistemas quânticos — ou seja, que a reversibilidade pode coexistir com a irreversibilidade, dependendo das condições iniciais e da interação com o ambiente. Essa descoberta desafia a concepção tradicional de causalidade e evolução temporal, e uma eventual confirmação leva a crer que nosso conceito linear do tempo não passa de uma ilusão emergente da realidade macroscópica.


Um aspecto crucial dessa pesquisa é o papel da decoerência e do observador — a decoerência é o processo pelo qual um sistema quântico perde sua coerência, ou seja, deixa de exibir superposição de estados e passa a se comportar como um sistema clássico. Isso significa que o ato de medir ou observar não apenas perturba o sistema, mas pode determinar a direção temporal que ele seguirá. 


Os cientistas propõem a existência de duas setas temporais distintas: a termodinâmica, associada ao aumento da entropia, e a informacional, relacionada ao fluxo de informações nos sistemas quânticos. A questão que permanece é qual das duas experimentamos em nossa realidade cotidiana e se ambas podem coexistir — uma predominando em escalas macroscópicas e a outra restrita ao domínio quântico.

 

Alguns físicos teóricos sugerem que tanto o espaço quanto o tempo podem surgir de propriedades mais fundamentais da informação e da termodinâmica. Se isso estiver correto, o tempo seria mais uma "ilusão útil" do que um componente básico da realidade. Em ambientes extremos — como nas proximidades de buracos negros, onde as singularidades fazem com que as leis conhecidas da física não se apliquem —, ele pode literalmente "andar para trás" ou seguir direções não convencionais. 


Isso levanta questões fascinantes sobre como múltiplas setas temporais poderiam se manifestar em escalas cosmológicas, já que conceitos como "passado" e "futuro" podem ser apenas produtos de nossa percepção limitada. Nesse cenário, talvez o futuro não seja tão predefinido quanto imaginamos, e o livre-arbítrio poderia existir em um nível mais profundo, onde nossas escolhas não apenas moldam o presente, mas influenciam a própria direção temporal. 


Atribui-se ao filósofo grego Sócrates máxima "só sei que nada sei", que, a despeito da origem incerta, aplica-se perfeitamente a nosso entendimento atual do tempo: quanto mais os cientistas se aprofundam na exploração do tempo quântico, mais claro fica que eles estão apenas no início de uma jornada emocionante e complexa.

 

A possibilidade de navegar pelo tempo como um barco por um rio — avançando e retrocedendo — pode parecer ficção científica, mas os avanços da ciência sugerem que a realidade pode ser muito mais maleável e surpreendente do que nossa experiência cotidiana nos leva a crer.


Continua...

sexta-feira, 22 de agosto de 2025

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL — ENTRE MITOS E REALIDADES

HÁ MAIS RIQUEZA NOS LIVROS DO QUE NA ARCA QUE LONG JOHN SILVER ENTERROU NA ILHA DO TESOURO. 

 

Troncos caídos, pedras redondas e que tais eram abundantes na natureza, mas transformar a simples observação de que “coisas redondas rolam” em algo funcional — com eixo, encaixe e aplicação sistemática — foi um salto conceitual gigantesco.


A roda surgiu como tecnologia quando alguém teve a ideia de fazer um furo no centro de um objeto circular, enfiar uma vareta e colocar para rodar. Os barcos a remo só ganharam velas quando alguém pensou em usar grandes rios — como o Nilo — para escoar o excedente da produção agrícola. Já as caravelas, naus e demais embarcações à vela surgiram na “Era das Grandes Navegações” e continuaram em uso até o início dos anos 1800, quando apareceram os primeiros barcos a vapor. O motor a diesel, desenvolvido pelo engenheiro mecânico Rudolf Diesel, só começou a se popularizar no início do século XX. 


Do ponto de vista da tecnologia, o mundo evoluiu mais nos últimos 200 anos do que nos 500 séculos que separam a invenção da roda da Revolução IndustrialA IA despontou nos anos 1950, e as décadas seguintes trouxeram avanços em áreas como processamento de linguagem natural, games e redes neurais artificiais. O advento da Internet impulsionou a computação em nuvem e o deep learning, que hoje estão presentes em setores tão diversos quanto saúde, finanças, transporte e manufatura, mas ainda enfrentam desafios como interpretabilidade, viés algorítmico e questões éticas.

 

Novidades sempre geraram incertezas, e incertezas, insegurança. No tempo das cavernas, tempestades, terremotos, eclipses e outros fenômenos incompreensíveis à luz do conhecimento de então deram origem ao misticismo, que evoluiu para as religiões. Na Idade Média, a Igreja receava que a invenção da Prensa de Gutemberg ameaçaria seu controle sobre o "rebanho". No século XVIII, os Luditas destruíram fábricas e queimaram teares mecanizados, mas, no fim das contas, o aumento da produtividade gerou novos empregos e melhorou a qualidade de vida. 


Pessoas esclarecidas não só se adaptam às novas tecnologias como percebem os benefícios que elas proporcionam, ao passo que as ignorantes… A ignorância a mãe de todos os males, e a estupidez humana, infinita como o Universo. Prova disso é que, em pleno século XXI, ainda há quem acredite que os chatbots dominarão o mundo e escravizarão a humanidade.

 

Filmes como 2001: Uma Odisseia no EspaçoExterminador do Futuro e Superinteligência não são profecias, mas obras de ficção científica. Hollywood não é o Oráculo de Delfos, assim como textos bíblicos não são relatos jornalísticos baseados em evidências empíricas. É preciso desmistificar mitos, destacar os benefícios potenciais da IA e garantir que ela seja usada de forma responsável. Entusiasmo exagerado e temores infundados devem ser evitados — embora a linha entre ficção científica e planejamento responsável seja, às vezes, mais tênue do que aparenta.

 

Seguindo as pegadas da OpenAI, criadora do ChatGPT, gigantes como Microsoft e Google desenvolveram suas próprias inteligências artificiais. A Meta lançou a sua no final de 2023 e a incorporou ao WhatsApp, Facebook e Instagram. Embora a ferramenta ofereça desde sugestões para o jantar até respostas para questões científicas complexas — além de criar conteúdo visual —, a novidade dividiu os usuários.

 

A empresa admite coletar dados para aprimorar sua IA, mas garante estar em conformidade com a LGPD. Afirma também que o WhatsApp e o Messenger contam com criptografia de ponta a ponta em todas as formas de comunicação, e que o treinamento do modelo se restringe às informações coletadas durante interações com o chatbot.

 

Observação: A mim me causa espécie ver pessoas escancararem a própria intimidade nas redes sociais e, ao mesmo tempo, se dizerem incomodadas por não haver como desativar a MetaAI no WhatsApp — até porque basta manter pressionada a conversa por alguns segundos e tocar no ícone de lixeira (ou tocar na seta para baixo para arquivar).

 

Mas deixemos de lado essas questões “filosóficas” e passemos ao mote desta postagem: a criação de imagens com a ajuda da MetaAI. Tecnicamente, isso é possível graças ao recurso “Imaginar”, que permite gerar ilustrações, artes ou até fotos realistas em poucos segundos, a partir de descrições enviadas por texto. Os resultados podem ser enviados nos chats do WhatsApp e/ou salvos na galeria do celular para uso posterior.

 

Para usar, abra o mensageiro, acesse um chat, toque no ícone de adição (“+”) na parte inferior esquerda da tela e selecione “Imagens de IA”. Para aproveitar imagens pré-disponibilizadas pelo mensageiro, escolha uma categoria, selecione a foto desejada e toque no botão verde (Enviar) no canto direito para enviá-la ao contato.

 

Para criar suas próprias imagens com o recurso “Imaginar”, volte à seção “Imagens de IA”, toque em “Descreva uma imagem”, digite as características desejadas, pressione Enter, escolha o resultado que melhor corresponda ao que você imaginou e toque no botão verde para enviar. Se quiser fazer o download, abra a imagem, toque no ícone de compartilhamento (quadrado com seta para cima) e selecione “Salvar”.

 

Em tempoUma atualização recente do WhatsApp trouxe um recurso destinado a proteger a privacidade dos usuários em chats individuais ou em grupo. Para ativá-lo, abra o chat desejado, toque no nome do contato ou grupo (na parte superior da tela) e acesse a opção Privacidade avançada de conversas. A partir de então, os participantes não poderão exportar conversas, baixar arquivos automaticamente para seus dispositivos nem usar a IA nas mensagens. Segundo a Meta, novas atualizações estão sendo desenvolvidas para aprimorar ainda mais os níveis de proteção.

segunda-feira, 18 de agosto de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 42ª PARTE — UMA QUESTÃO DE TEMPO

SE O PROBLEMA TEM SOLUÇÃO, NÃO HÁ COM QUE SE PREOCUPAR. SE O PROBLEMA NÃO TEM SOLUÇÃO, A PREOCUPAÇÃO SERÁ EM VÃO. 

Antes do avanço científico, a mitologia já tentava desvendar os mistérios do mundo e da existência. No hinduísmo, a figura de Shiva — divindade da destruição e transformação na tríade sagrada com Brahma (o criador) e Vishnu (o preservador) — carrega símbolos que expressam tanto a natureza do Universo quanto a jornada humana. 

O crânio usado como adorno lembra que o Universo é cíclico; a lua crescente alude à passagem do tempo; a chama simboliza que a destruição é necessária para a renovação; o Damaru (pequeno tambor) emite o som sagrado que marca o início do Universo; o terceiro olho lança chamas que dissipam a ignorância; o Trischula (tridente) representa as três forças cósmicas — criação, preservação e destruição; e a serpente, que simboliza o Kundalini (energia latente), o controle sobre o ego e a morte. 

Observação: Shiva é uma figura ascética e meditativa, mas também uma força transformadora que limpa o caminho para o novo. O provérbio indiano "Morrer é como antes de nascer" reforça essa ideia. No entanto, sua imagem reflete um dos maiores mistérios que a ciência tenta decifrar: a verdadeira natureza do tempo.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Na última quarta-feira, depois que as defesas de Bolsonaro e demais réus do "núcleo crucial do golpe" declararam que seus clientes são inocentes e, portanto, devem ser canonizados, digo, absolvidos, Alexandre de Moraes pediu ao presidente de turno da 1ª Turma do STF para pautar o julgamento da AP 2668, e Zanin marcou sessões extraordinárias entre os dias 2 e 12 de setembro.

Como Luiz Fux já divergiu de seus pares em outras ocasiões, os réus e seus patronos acalentam a esperança de que um pedido de "vista protelatória" postergue o julgamento para fevereiro do ano que vem.

Nas alegações finais, a defesa do general Paulo Sérgio Nogueira divergiu das demais, trocando o caminho cômodo do ataque ao delator pela tentativa (tardia) de igualar o ex-ministro da Defesa ao general Freire Gomes, ex-comandante do Exército, que frequenta o processo na confortável posição de testemunha que resistiu ao golpismo de Bolsonaro.

Quem lê a peça tem a impressão de que Nogueira age como um náufrago que se agarra a pedaços de depoimentos de Cid como quem confunde jacaré com tronco. Ao tentar se salvar do naufrágio, o general confirma a existência do próprio desastre que os outros réus tentam negar. Isso dificilmente o livrará da condenação, mas certamente fornece munição contra Bolsonaro e seus comparsas.

Enquanto a mitologia aborda a natureza do tempo com uma linguagem poética (a palavra "cronológico" vem de Chronos, o deus grego que devorava os próprios filhos), a ciência lida com ela em termos rigorosos, e a arte a trata com emoção — como na música Dust in the Wind, cuja letra resume a transitoriedade de tudo. Mas a pergunta é: será que a "seta do tempo" aponta sempre para o futuro? A resposta é: ainda não existe uma resposta definitiva. 

De acordo com a Teoria da Relatividade, espaço e tempo formam uma estrutura unificada chamada espaço-tempo, e a velocidade com que o tempo passa depende da velocidade do observador — e tende a ser zero quando na velocidade da luzEmbora possamos nos mover livremente nas três dimensões espaciais, na temporal podemos somente seguir em frente — pelo menos em tese, já que a ciência ainda questiona se o tempo é contínuo ou quântico, se realmente existe ou não passa de uma criação humana destinada a explicar fenômenos naturais, como o amanhecer, o entardecer e as estações do ano. 

Segundo o princípio da causalidade (não confundir com casualidade), o que aconteceu ontem impõe restrições ao que acontece hoje, e o que acontece hoje influencia diretamente o que acontecerá amanhã. Como isso dá ao Universo uma direção única, a possibilidade de voltar no tempo põe a ciência em xeque. Einstein definiu o Universo como um bloco quadridimensional estático, que contém todo o espaço e o tempo simultaneamente, sem um "agora" especial. Alguns físicos acreditam que é possível negar a existência do tempo sem afrontar a causalidade, já que o tempo é apenas uma ilusão emergente — ou seja, uma percepção derivada de mudanças na posição e nos estados das partículas. 


Em algumas interpretações da física, como a da gravidade quântica, o tempo se resume a uma dimensão secundária, que surge da interação entre eventos e partículas sem existir como entidade independente. Assim, se causa e efeito estão relacionados pela ordem dos eventos, e não pela passagem do tempo em si, então o tempo é ilusório, e a causalidade pode se manter através dessas relações ordenadas. A Relatividade Geral descreve o espaço-tempo como uma entidade única e maleável, curvada pela presença de massa e energia, e a maioria dos cientistas aceita essa premissa. 


No entanto, a aparente incompatibilidade entre a relatividade e a mecânica quântica dá margem a dúvidas quanto a Einstein estar certo em absolutamente tudo que postulou em suas famosas teorias — mesmo porque a gravidade é a única das quatro forças elementares que não se aplica ao mundo das partículas. A mecânica quântica lida com forças e partículas em escalas microscópicas, onde as outras três interações fundamentais (eletromagnetismo, força forte e força fraca) são descritas por teorias quânticas bem estabelecidas. Mas a gravidade resiste a essa quantização. A incompatibilidade com a Relatividade Geral se evidencia em singularidades como as que habitam o interior dos buracos negros, onde a gravidade se torna extremamente intensa em uma escala minúscula. 


Enquanto a teoria quântica sugere que o espaço-tempo tem uma estrutura granular em níveis extremamente pequenos, a Relatividade o trata como um continuum suave. Essa divergência estimulou a busca por uma teoria unificadora, como a gravidade quântica e a teoria das cordas, que propõem novas formas de entender o espaço-tempo e a gravidade em escalas quânticas. Algumas abordagens sugerem que o espaço-tempo pode não ser fundamental, mas emergente de interações mais profundas.


A pergunta que se coloca é: se todo o Universo pode ser explicado através das partículas fundamentais, por que a gravidade foge à regra? Supondo que exista alguma partícula fundamental da gravidade, como sustentar a tese de que gravidade, espaço e tempo estejam intrinsecamente relacionados?

Sustentar que o tempo não é necessário para explicar a gravidade (e consequentemente o espaço) leva à conclusão de que ele foi inventado para explicar eventos simples, como o alvorecer, o anoitecer e outros vinculados ao relógio e ao calendário. Mas será que somos uma simples aleatoriedade no Universo, que flui no cosmos como as ondas de um mar, indiferente à passagem das horas no relógio?  E mesmo que o tempo não exista, que os dias, horas, minutos e segundos sejam mera convenção, o princípio da causalidade leva a crer que a existência de tudo, inclusive de nós, estava pré-determinada desde o Big Bang


Como bem observou Stephen Hawking, se a evolução do Universo desde o plasma de quark-glúon até a formação de vida foi definida por uma cadeia de causas e consequências, o cosmos dar origem à matéria, às estrelas, aos planetas e a formas de vida como nós eram favas contadas.


Continua...

sexta-feira, 25 de julho de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 38ª PARTE

PENSE, ACREDITE, SONHE E OUSE.

É possível chegar à Lua em menos de três dias e a Marte em cerca de seis meses meses, mas uma missão tripulada ao planeta vermelho pode durar mais de um ano, dependendo da logística da viagem e do tempo de permanência em solo marciano.

Considerando que Suni Williams e Butch Wilmore ficaram nove meses na ISS e Frank Rubio orbitou a Terra durante 371 dias, passar algumas semanas em Marte não é uma coisa de outro mundo (embora o seja literalmente). Além disso, a NASA vem desenvolvendo novas tecnologias para tornar as missões mais seguras, e a Rússia está testando um motor elétrico de plasma, capaz de reduzir o tempo de viagem a menos de 60 dias.

Em escalas cósmicas, Marte está logo ali na esquina, mas os exoplanetas ficam do outro lado da cidade. Para enviar seres humanos a Proxima Centauri b, que dista 39,735 trilhões de quilômetros da Terra, seria preciso desenvolver um sistema de hibernação ou alguma tecnologia capaz de manter os astronautas vivos e saudáveis pelo tempo necessário— 4,2 anos à velocidade da luz (1,08 bilhão de km/h) e 6.500 anos com a velocidade da Parker Solar Probe (692 mil km/h).

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Há décadas vivemos numa caquistocracia. Depois de FHC, esta banânia passou a ser governada como uma usina de processamento de esgoto, onde a merda entra pela porta das urnas, muda de aparência, troca de nome e sai como merda com a posse do novo governante. Em 2018, elegeu-se o refugo da escória da humanidade para impedir que o bonifrate do então presidiário mais famoso da história deste país ocupasse o gabinete mais cobiçado do Palácio do Planalto. Como a emenda ficou pior que o soneto, o presidiário foi libertado, descondenado e reabilitado politicamente por togas camaradas para nos livrar do escroto golpista. E deu no que está dando. 

Às vésperas de completar 80 anos, caquético, mais gasto que sapato de vendedor pracista e amargando os piores índices de aprovação popular de toda sua trajetória política, o macróbio vem torrando bilhões do suado dinheiro dos contribuintes em busca de um quarto mandato (que Deus nos livre e guarde dessa desgraça). Enquanto conta os dias que o separam da mais que provável condenação por tentativa de golpe, Bolsonaro posa de vítima e insiste que será candidato em 2026. Diante do risco de ser preso preventivamente, optou pela cautela e desistiu de participar de uma coletiva da oposição na Câmara dos Deputados. 

O filho Eduardo se homiziou na cueca de Trump para conspirar contra o próprio país. Se nada for feito, 03 será remunerado pela pátria para traí-la em tempo integral. Pela lógica, deveria ter sido cassado por atentar contra o artigo do regimento da Câmara que impõe aos deputados o dever de "promover a defesa do interesse público e da soberania nacional". Mas a Câmara é uma Casa ilógica. 

Adaptado para os tempos de tornozeleira, o slogan do bolsonarismo ficou assim: "Anistia acima de tudo, Trump acima de todos". A velha tríade que o integralismo nacional importou do fascismo europeu — Deus, pátria e família — ganhou novos sentidos. Deus é um imperador laranja chocado com a "caça às bruxas"; a pátria se deslocou para o Norte, e a família Bolsonaro, a única que importa, virou célula-mártir de uma conspiração antipatriótica desde que Dudu Bananinha escolheu os Estados Unidos como terra natal.


Quanto à viagens relativísticas — que permitiriam tanto avançar para o futuro quanto voltar ao passado — Einstein demonstrou que o tempo passa mais devagar conforme a velocidade do observador aumenta (dilatação temporal), "congela" quando o observador atinge velocidade da luz e regride numa velocidade superluminal. O tempo negativo é uma realidade matemática e experimental no mundo quântico, mas continua sendo visto como "desfritar um ovo". E inverter a seta do tempo é essencial para saborear um filé de brontossauro com Fred Flintstone na pré-histórica Bedrock.

Para fruir dos efeitos da dilatação temporal, é preciso viajar a velocidades próximas à da luz, o que é inviável com a tecnologia atual. A boa notícia é que há outras opções no cardápio cósmico, como o Cilindro de Tipler — cuja rotação extrema geraria um frame dragging no tecido espaço-temporal, permitindo viajar não apenas pelo espaço, mas também pelo tempo. A má notícia é que sua densidade teria de ser infinita, e seu comprimento, comparável ao do próprio universo. Mas isso é uma questão de implementação, como disse a coruja ao coelho da fábula.

As misteriosas cordas cósmicas — que, apesar do nome, nada têm a ver com a famosa Teoria das Cordas — também são uma luz no fim do túnel. Se duas dessas cordas passassem perto uma da outra a uma velocidade próxima à da luz, a deformação que elas produziriam no espaço-tempo permitiria voltar ao passado "pegando um atalho no Waze do Universo". O problema é que ninguém jamais viu uma dessas cordas — nem em fotos de satélite, nem em buracos negros fotogênicos.

A opção mais popular entre os roteiristas de ficção científica são os buracos de minhoca — atalhos cósmicos que supostamente levariam uma espaçonave de um ponto a outro do espaço-tempo em segundos, mesmo que a distância linear fosse de milhares ou milhões de anos-luz. O problema é que mantê-los abertos exigiria uma quantidade imensa de "matéria exótica", com energia negativa tão densa que faria uma estrela de nêutrons parecer uma nuvem de algodão. A física não descarta a existência dessa matéria, mas ainda não sabe onde encontrá-la.

As coisas ficam ainda mais esquisitas quando saltamos do campo macroscópico para o mundo quântico.  Algumas interpretações da mecânica quântica — como a proposta por David Deutsch — sugerem que o tempo pode ser apenas mais uma coordenada entre muitas, e que viajar através dele seria como pular de uma realidade paralela para outra (em vez de voltar ao próprio passado, o viajante entraria num passado alternativo, onde sua presença não causaria paradoxos nem anomalias temporais).

Para quem acredita que o Universo é uma simulação — hipótese levada a sério por alguns filósofos e cientistas —, a viagem no tempo seria apenas uma questão de reverter os dados, como se fazia com as fitas VHS. Não se voltaria ao passado real, mas a uma versão armazenada ou replicada digitalmente, como um backup universal da realidade. 

Observação: Essa hipótese combina melhor com Matrix do que com Einstein, mas não custa sonhar — pelo menos enquanto Haddad não taxar taxar os sonhos. Ademais, se estamos mesmo em uma simulação, os bugs da viagem no tempo devem estar na próxima atualização do sistema.

Embora não haja evidências experimentais de que alguma dessas alternativas funcione, a física teórica continua fornecendo material para os autores mais ousados viajarem rumo ao passado, ao futuro ou a qualquer ponto entre os dois. 

Enquanto a ciência busca provas, a ficção já está lá: jantando com Einstein, jogando xadrez com Hawking e tomando chá com Schrödinger e seu gato — vivo ou morto, dependendo da linha temporal.

Continua...

quinta-feira, 3 de julho de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 34ª PARTE

SOMOS APENAS UMA ESTIRPE AVANÇADA DE MACACOS EM UM PLANETA MENOR DE UMA ESTRELA MUITO COMUM, MAS TEMOS NOCÃO DO UNIVERSO, MAS TER NOÇÃO DISSO NOS TORNA ESPECIAIS.

A ciência que estuda o tempo é chamada de cronologia em homenagem a Chronos — o deus do tempo da mitologia grega que devorava os próprios filhos —, mas ainda não se sabe se o tempo realmente existe ou se não passa de uma convenção criada para explicar fenômenos como o dia e a noite, as fases da Lua e as estações. 


Enquanto os físicos buscam decifrar esse mistério, escritores e roteiristas de ficção científica, inspirados no clássico A Máquina do Tempo, usam e abusam das viagens no tempo em produções como Interestelar, Feitiço do Tempo e De Volta para o Futuro, entre tantas outras.


Viajamos para o futuro desde o momento em que nascemos, e vislumbramos o passado quando observamos o céu noturno e vemos a luz que as estrelas emitiram há milhões ou bilhões de anos. Talvez não seja tão emocionante quanto o antigo seriado televisivo O Tunel de Tempo, mas é real. Como também é real a possibilidade de o tempo pode não ter uma direção preferencial no mundo microscópico — regido pela mecânica quântica — onde as partículas podem se mover livremente para frente ou para trás, como sustenta um estudo publicado na Scientific Reports por pesquisadores da Universidade de Surrey.


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


Desde 1889, quando o primeiro de muitos golpes de Estado substituiu a monarquia parlamentarista do Império pelo presidencialismo republicano — houve um breve período de parlamentarismo após a renúncia de Jânio, mas isso é outra conversa —, 37 brasileiros ocuparam a Presidência da República, e o mais próximo de um estadista que tivemos desde a redemocratização foi Fernando Henrique. No entanto, como bem observou Lord Acton, o poder corrompe. 

Picado pela mosca azul, FHC comprou a PEC da reeleição. E como quem parte, reparte e não fica com a melhor parte, é burro ou não em arte, disputou e conquistou seu segundo mandato. No entanto, faltaram-lhe novos coelhos para tirar da velha cartola, e Lula derrotou José Serra em 2002, dado azo à tomada do poder pelos petralhas, que desgovernaram esta banânia até maio de 2016. 

Roberto Jefferson denunciou o mensalão petista em 2005, mas Lula não só foi reeleito no ano seguinte como elegeu um poste em 2010 — que deveria retribuir-lhe o favor em 2014, mas fez o diabo para se reeleger e acabou impichada. Em 2018, surfando no antipetismo, um mix de mau militar e parlamentar medíocre com vocação para golpista foi guindado ao Planalto. Em 2022, para livrar o país dessa excrescência, a minoria pensante do eleitorado se uniu à patuleia ignara para devolver a poltrona presidencial a Lula — que fora libertado da prisão, descondenado e reabilitado politicamente por togas companheiras. 

Hoje, a pouco mais de um ano das eleições, o xamã petista amarga índices de rejeição jamais registrados momento algum de sua trajetória política. Ao recorrer ao STF contra a derrubada do reajuste do IOF no Congresso, ele sinaliza aos rivais que não se deixará fritar. Mas a revogação do aumento do imposto — com votos de partidos que controlam ministérios — deixou-o bem passado, e a adição de fermento na articulação pró-Tarcísio inflou um bololô que reúne a direita patrimonialista e as viúvas de Bolsonaro. 

Com a impopularidade a pino, o macróbio vermelho faz uma guinada à esquerda e requenta o velho ramerrão do “nós contra eles”. “Acabará governando contra todos”, ironizou o presidente da Câmara durante um jantar na casa de João Doria, com mais de cinquenta empresários. 

No gogó, o ministro da Fazenda diz apostar num entendimento com o Congresso para aprovar medidas que ajudem a fechar as contas de 2025 e 2026. Na real, o que há na praça é uma campanha eleitoral prematura, não um ajuste fiscal tardio — e a única certeza disponível é que o próximo presidente, seja ele quem for, terá de gerenciar um orçamento federal inviável. 

A dúvida é se o apagão orçamentário virá antes ou depois da posse. Façam suas apostas.

 

O conceito de seta do tempo foi baseado na 2ª Lei da Termodinâmica, mais exatamente na entropia (desordem), que, num sistema fechado, sempre tende a aumentar. Mas as equações de campo de Einstein demonstraram que o tempo passa mais devagar para quem se move do que para quem está parado (princípio da dilatação temporal). Na visão do físico alemão, a distinção entre passado, presente e futuro não passa de uma ilusão teimosamente persistente, e viajar para o futuro é viável, ainda que voltar ao passado seja extremamente improvável. No entanto, essa possibilidade ganhou força com o avanço das pesquisas e experimentos no âmbito da mecânica quântica.

 

Diversas leis da física precisariam ser violadas para uma viagem ao passado se concretizar, mas um pesquisador da Universidade de Queensland, na Austrália, sustenta que o espaço-tempo poderia se adaptar para evitar paradoxos, e que loops temporais podem existir juntamente com o livre-arbítrio e os princípios da física clássica. Assim, mesmo que voltar ao passado implique mudar o futuro, a liberdade de ação impede o surgimento de paradoxos. No entanto, o fato de as equações mostrarem que sistemas quânticos abertos não privilegiam o passado ou o futuro não significa que estamos em via de viajar no tempo como nos filmes de ficção científica

 

Resumo da ópera: a irreversibilidade da passagem do tempo fica evidente quando um copo cai e se espatifa — já que os cacos não se rejuntam espontaneamente —, mas alguns fenômenos parecem não distinguir claramente uma direção nesse fluxo temporal. Se no mundo quântico o tempo pode realmente fluir em ambas as direções sem violar a relatividade, talvez ele não seja uma linha reta, mas um labirinto de possibilidades onde cada descoberta acrescenta novas bifurcações e atalhos. 


Não faltam exemplos de cientistas que foram ridicularizados por suas ideias heterodoxas — como Copérnico, que desafiou o geocentrismo, Lister, que revolucionou a medicina com a desinfecção, e Wegener, que propôs a teoria da deriva continental — até que o tempo provasse que eles estavam certos. Einstein previu em 1915 a existência de objetos celestes com gravidade tão intensa que nem a luz poderia escapar (o termo "buraco negro" só seria cunhado 52 anos depois), e morreu achando que tudo não passava de teoria, já que foi somente em 2019 que o Event Horizon Telescope fotografou o M87*, a 55 milhões de anos-luz da Terra.

 

Continua...