sábado, 18 de outubro de 2025

O TEMPO PERGUNTOU AO TEMPO QUANTO TEMPO O TEMPO TEM… (CONTINUAÇÃO)

YESTERDAY'S GONE; TOMORROW NEVER COMES 

Salvador foi capital do Brasil de 1549 a 1763, e o Rio de Janeiro, de 1763 a 1960. Após a Proclamação da República (1889), o poder executivo, que inicialmente manteve sua sede no Paço Imperial, foi transferido para o Palácio do Catete em 1897, no governo de Prudente de Morais.

A ideia de transferir a capital federal para o interior do país foi sugerida pelo Marquês de Pombal em 1761 e ressuscitada por José Bonifácio em 1823, mas só se concretizou no governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961), quando Brasília foi idealizada por ele e Lúcio Costa, e construída a toque de caixa no meio do nada para ser a cidade do futuro.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


Consertar o Brasil exigiria devolver o país aos índios e orientá-los a impedir o desembarque de Cabral e sua trupe. Mas para evitar que situações como a que adveio da aposentadoria de Barroso se repitam, basta vontade política para alterar as normas constitucionais que regulam o preenchimento de vagas no STF. 

Quando um presidente vem a público dizer que não pretende indicar "um amigo", que optará por profissional do direito "gabaritado" a guardar a Constituição, ele escancara a distorção presente nessas escolhas. 

Ainda que a Lei Maior estabeleça o critério de notório saber, prevalecem a amizade com o presidente, a confiança do Palácio, o trânsito na política e o agrado dos pares do STF, Sobre o saber jurídico dos principais cotados não se escreveu nem se disse palavra. De Jorge Messias, destaca-se a religião e a proximidade com Lula; de Rodrigo Pacheco, o apoio do presidente do Senado e a simpatia de ministros do tribunal; de Bruno Dantas, o bom relacionamento nos três Poderes.

Tais requisitos são vistos com naturalidade e levados em conta com a maior seriedade, embora devessem ser tratados como secundários. Daí também decorre o fato de que meios e modos das sabatinas no Senado tenham sido incorporados à paisagem tropical.

A dinâmica tem mudado, mas não exatamente para melhor: antigamente os rapapés reinavam; atualmente, seguem presentes, mas acrescidos daquelas manifestações feitas para cortes de internet. A consistência do debate atinente ao escrutínio do saber jurídico continua ausente, e nada indica que haja chance de mudança — do jeito que está é mais fácil para todos, poupa o trabalho de pensar.


Com seu Plano Piloto no formato de avião (ou pássaro), seus bairros residenciais organizados em superquadras funcionais e autossuficientes, com centros comerciais, escolas e jardins, a nova capital era um símbolo da modernidade em 1960. Mas não há nada como o tempo para passar: construída meio século depois nos Emirados Árabes Unidos, sob o signo da velocidade e do progresso, sem desperdícios, carros e emissões de CO2, Masdar se tornou a capital do desenvolvimento sustentável.

O futuro representado por Brasília nos anos 1950 — de uma conquista racional e absoluta do homem sobre a natureza — passou a ser simbolizado por Masdar — monumento ao temor da poluição, do aquecimento climático e do esgotamento dos recursos naturais. Mas é possível que daqui a meio século Masdar nos pareça tão datada quanto Brasília ora nos parece marcada pelos sonhos de ontem.

As previsões do passado revelam menos sobre o futuro que se concretizou do que sobre as ansiedades e esperanças de quem as fez, e o futuro imaginado diz mais sobre o presente de quem imagina do que sobre o amanhã propriamente dito. Nos anos 1960, nas pegadas do sucesso da série The Flintstones — que retratava a vida de uma família da idade da pedra — William Hanna e Joseph Barbera projetaram em The Jetsons suas expectativas de como seria viver em 2062. 

Nos anos 1960, os relógios de pulso eram analógicos e exibiam a hora, os minutos e os segundos, os do desenho eram digitais e não só faziam videochamadas como controlavam dispositivos domésticos — algo que só se tornou possível depois que a Samsung lançou o Galaxy Gear. Televisores de telas finíssimas, que no desenho eram pendurados nas paredes como quadros, só começaram a substituir os volumosos aparelhos CRT (de tubo) depois da virada do século. Mais recentemente, dispositivos como os que limpavam a casa da família Jetson se concretizaram como aspiradores inteligentes, e a empregada-robô Rosie pode se tornar realidade em breve: a Aeolus Robotics já anunciou um robô doméstico com formato humanoide semelhante ao do desenho.

Mochilas a jato e carros voadores ainda não são vistos cruzando o céu, mas voar como o menino Elroy pode se tornar realidade em breve: em 2021, a empresa JetPack Aviation vendeu várias unidades para militares de um país do Sudeste Asiático. E os carros voadores já existem: além do Genesis X1, da startup cearense Vertical Connect, modelos da Eve devem se tornar comerciais já ano que vem..

Em 1969, a NASA colocou astronautas na Lua com a Apollo 11. Décadas depois, as sondas Voyager 1 e 2, lançadas em 1977, cruzaram a fronteira do sistema solar rumo ao espaço interestelar. Hoje, projetos como o Breakthrough Starshot investigam velas solares que aproveitam a radiação do Sol para impulsionar naves em viagens interestelares.

Como na canção de Mílton Nascimento e Ronaldo Bastos, "nada será como antes amanhã". Indo mais além, podemos dizer que o futuro não é mais o que era — não somente em tecnologia, mas também em política e valores coletivos. O fato de o presente ser o panteão de nossas angústias de ontem não significa que nossos temores de hoje são quiméricos — ou mais quiméricos que os de ontem.

Quanto aos sonhos políticos de ontem, acreditávamos no fim da exploração do homem pelo homem, numa sociedade sem classes e na vitória do socialismo. Mas o socialismo fracassou, as desigualdades sociais aumentaram e hoje pouco esperamos da democracia. O presente não é o que acreditávamos como futuro — longe disso: o futuro se nos apresenta como um cemitério de ilusões.

Talvez o futuro não seja o que esperávamos porque forjamos nossa identidade a partir de lembranças e desejos. Viver no presente implica voltar a todo instante para o porvir e, pela mesma razão, revisitar o passado. Uma comunidade é como um indivíduo que precisa reinventar para si um novo passado. “Salvadores da pátria” de ontem passam a ser vistos como ditadores sanguinários, “terroristas“ de outrora, como “resistentes”, “revoluções”, como “golpes de Estado”, e o que tínhamos como uma tradição imemorial, como uma invenção recente.

Um passado coletivo que parecia esquecido há dez ou vinte anos adquire nova importância à medida que ilumina o presente com uma nova luz. Em outras palavras, o passado de ontem não é mais o que era, e o presente de hoje deixou de ser o que será amanhã, uma vez que o hoje se alimenta do ontem para recriá-lo “over and over“.

Continua…

sexta-feira, 17 de outubro de 2025

DO TELEFONE DE D. PEDRO AO CELULAR (3ª PARTE)

SE TUDO QUE VOCÊ OFERECEU NÃO FOI SUFICIENTE, OFEREÇA SUA AUSÊNCIA.

 

Você pode estar feliz da vida com o carrinho popular que comprou seminovo há alguns anos, mas talvez pense diferente se dirigir um modelo top de linha, estalando de novo. O mesmo raciocínio se aplica ao smartphone de entrada que você vem usando há anos, a despeito de ele não ter atualizado para o Android 15 e, consequentemente, não estar na lista dos modelos que receberão a versão 16.


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


Nem bem o ministro Luís Roberto Barroso anunciou a antecipação de sua aposentadoria, os telefones em Brasília já fervilhavam com lobbies por candidatos à sua sucessão. A nova indicação, que deveria ensejar um debate qualificado sobre o papel da Corte e o perfil ideal de seus membros à luz do interesse público, virou, mais uma vez, um balcão de reivindicações políticas e identitárias que só confirma o que já se sabia: o Supremo se tornou um Poder político.

O PT apoia o advogado-geral da União, Jorge Messias, que é evangélico e visto como alguém da mais absoluta confiança de Lula, só reforça a mixórdia entre a militância política e a função jurisdicional da Corte. Parte dos parlamentares defende a escolha do senador Rodrigo Pacheco, que conta com o apoio dos ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes e, sobretudo, do presidente do Senado, Davi Alcolumbre. Bruno Dantas, ministro do TCU, é outro que aparece como “supremável”, favorecido por seu bom trânsito entre políticos de diferentes partidos.

Em vez de discutir credenciais acadêmicas e compromissos institucionais, os lobbies em ação parecem interessados em saber o que cada um de seus protegidos poderia fazer pelo grupo, pela “causa” ou pelo governo — e não pelo Brasil. Tal distorção, alimentada pelo comportamento dos próprios togados, explica a importância inédita que a eleição para o Senado assumirá em 2026. Ao se arvorar em protagonista da vida política nacional, o STF despertou a reação de parlamentares que hoje falam abertamente em “conter o ativismo” do tribunal.

Enquanto as togas se permitirem bandear para o terreno da política e as indicações forem tratadas como oportunidades para presentear aliados ou satisfazer lobbies, o Brasil seguirá pagando o altíssimo preço de ter um Supremo percebido como um tribunal político e, portanto, parcial.


Se for comprar um aparelho novo, releia o que eu escrevi no capítulo anterior sobre a importância de escolher um modelo com configuração de hardware compatível com seu perfil e que receba as próximas três ou quatro atualizações do sistema e patches de segurança pelos próximos quatro ou cinco anos. Ainda que a obsolescência programada nos induza a trocar o celular a cada dois anos, e que modelos de entrada possam se encontrados por menos R$ 1 mil, aparelhos medianos de boa estirpe custam entre R$ 2 mil e R$ 3 mil, e alguns modelos premium chegam a custar mais de R$ 10 mil.

 

A Samsung — líder do mercado de smartphones no Brasil — anunciou recentemente o lançamento do Galaxy Z Fold 7, da nova geração de celulares dobráveis. Embora tenha apenas 8,9 milímetros quando dobrado e 4,2 milímetros quando desdobrado, ele vem com tela maior, nova interface One UI 8 (com Android 16) e recursos de inteligência artificial providos pelo Galaxy AI. Suas três câmeras variam entre 10 MP (para selfie, frontal e telefoto) e 200 MP (para a grande angular), com recursos de IA para melhorar a edição de fotos e vídeos. No que diz respeito à memória e ao armazenamento, as opções vão de 12 GB a 16 GB e de 256 GB a 1 TB, respectivamente. Já a bateria de 4.500 mAh é a mesma usada na versão anterior do modelo.

 

O aparelho está disponível nas cores sombra azul, sombra prateada, preto-azeviche e menta, com preços a partir de 1.999 dólares nos EUA e 1.799 libras no Reino Unido. Quando redigi esta postagem, ele ainda não era vendido oficialmente no Brasil.

 

A Motorola — segunda colocada no ranking tupiniquim — ainda está distribuindo o Android 15 para alguns de seus modelos, mas o Android 16 deve chegar até o final do ano, primeiro para os modelos topo de linha, como o Edge 50 Pro e os novos Razr. Na família Moto G, os modelos Moto G 2025, Moto G Power 2025, Moto G Stylus 2025, Moto G86, G86 Power, Moto G55, G56, G75 e G85 estão na lista de espera.

 

Observação: Alguns aparelhos populares, como a linha Razr 2023 e modelos de entrada como os Moto G15 e G35, não figuram nessa lista, mas o Moto Razr 2024, que tem menos de um ano, deve receber o Android 16. Se o seu celular é recente e não está listado, convém ficar de olho nos canais oficiais da Motorola para acompanhar as novidades.

 

O Android 16 traz várias melhorias, e a Hello UI vai incorporar esses avanços com um toque personalizado. Entre as novidades previstas estão: um sistema de notificações mais inteligente e dinâmico; melhorias no RCS para chats em grupo; interface remodelada, com controle de volume redesenhado e painéis separados para configurações rápidas e notificações; aprimoramentos internos para reforçar a privacidade do usuário; e suporte otimizado para aparelhos como o Razr e a linha Edge.

 

Vale lembrar que as atualizações costumam ser disponibilizadas primeiro nos EUA e na Europa e só depois no Brasil — especialmente para modelos vinculados a operadoras.


Continua…

quinta-feira, 16 de outubro de 2025

O TEMPO PERGUNTOU AO TEMPO QUANTO TEMPO O TEMPO TEM…

VULNERANT OMNES, ULTIMA NECAT.

A ciência sabe muito, mas não sabe tudo. Sabe, por exemplo, que o cérebro é uma máquina de reconhecimento de padrões extremamente sofisticada, mas não sabe explicar as experiências de quase morte nem o déjà vu — essa estranha sensação de já termos vivenciado uma situação pela qual nunca passamos. 


A mitologia aborda a natureza do tempo com uma linguagem poética — a palavra "cronológico" vem de Chronos, o deus grego que devorava os próprios filhos. Já a ciência a aborda com rigor, mas ainda não sabe se o tempo passa para nós ou se nós passamos por ele, ou mesmo se ele é real ou apenas uma convenção criada para colocar alguma ordem no caos.


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


Segundo o Datafolha, 58% dos brasileiros têm vergonha dos ministros do STF. E não é para menos: nem uma republiqueta de bananas como a nossa merece que togados supremos se metam no fla-flu em que se converteu a escolha do substituto de Luís Roberto Barroso.

Lula recebeu informalmente, no Alvorada, os ministros Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, Flávio Dino e Cristiano Zanin. O micróbio não esconde sua preferência pelo advogado-geral Jorge Messias, mas os visitantes prefeririam que ele indicasse o senador Rodrigo Pacheco.

As atribuições do Supremo são específicas, e seu poder emana da independência prevista na Constituição. Essa independência não deveria frequentar palácios nem participar de conchavos, sob pena de a Corte virar bancada política.

Qualquer criança de cinco anos fica autorizada a concluir que há no plenário do Supremo uma espécie de “Centrão de toga”, e isso não ajuda a atenuar a vergonha captada pela pesquisa do Datafolha.


Segundo a Teoria da Relatividade, espaço e tempo formam uma estrutura unificada — o espaço-tempo — na qual o tempo desacelera à medida que a velocidade do observador aumenta (princípio da dilatação temporal). Como nada dotado de massa pode atingir a velocidade da luz (simbolizada por "c"), uma hipotética espaçonave viajando a 99,99999999999% dessa velocidade levaria 4,22 anos para chegar a Proxima Centauri, mas a viagem não levaria menos de um minuto no referencial dos astronautas.


Observação: A 99,99999999999% de “c”, o fator de Lorentz é extremamente alto (γ ≈ 707.000), fazendo com que o relógio dos astronautas corra 707.000 vezes mais devagar em relação aos da Terra. Além disso, da perspectiva da nave, a distância até Proxima Centauri se contrai para apenas alguns milhões de quilômetros, mas ambas as perspectivas estão corretas em seus próprios referenciais — ou seja, não há contradição, apenas diferentes medições do mesmo evento, já que cada observador vê o relógio do outro como mais lento (covariância de Lorentz).


Os efeitos da dilatação temporal são imperceptíveis no nosso cotidiano. Num carro a 180 km/h, por exemplo, 30 segundos são 29,99999999999952 segundos. Mas os relógios atômicos dos satélites que orbitam a Terra a 14 mil km/h e 20 mil km de altitude adiantam 38 milissegundos/dia — se essa diferença não fosse compensada, a precisão dos sistemas GPS seria comprometida.


De acordo com o princípio da causalidade (não confundir com casualidade), o ontem molda o hoje, e o hoje molda o amanhã. Por outro lado, se estamos sempre reinventando o futuro em função da maneira como pensamos no presente e imaginamos o mundo de hoje, então o futuro não é mais o que era minutos atrás — e o mesmo se dá com o passado. 


Se o hoje é o amanhã de ontem e o ontem de amanhã, o presente é sempre o que é real; o passado é o que não é mais real — embora seja necessário, pois ninguém pode fazer com que o que foi feito não tenha sido feito —, e o futuro o que ainda não é real — ou seja, apenas possível. A pergunta que se coloca é: o que seria esse estranho tempo que nunca chega? 


A resposta é: não existe uma resposta, embora possamos conceber esse futuro imutável usando um rio e um trem como metáforas para representar o tempo. No caso do rio, as águas do tempo fluem à nossa volta sem que possamos paralisá-las. Assim, o futuro está sempre à nossa frente e o passado, sempre atrás. Já no caso do trem, o tempo corre sempre na mesma direção e à mesma velocidade, do antes para o depois — e nós seguimos presos aos trilhos.


Essas duas imagens do tempo parecem contraditórias: de um lado, as coisas aparentam se mover em direção ao passado; de outro, em direção ao futuro. Seria o tempo como o rio em que nos encontramos imersos ou como o trem que vemos passar? Seria o futuro o que nos precede ou o que se segue ao nosso tempo? 

A resposta pode ser uma das chaves do mistério do tempo. Einstein definiu o Universo como um bloco quadridimensional estático contendo todo o espaço e o tempo simultaneamente, sem um "agora" especial, e uma notável confraria de físicos admite a possibilidade de negar a existência do tempo sem afrontar a causalidade — já que o tempo é apenas uma ilusão emergente, uma percepção derivada de mudanças na posição e nos estados das partículas. Nesse cenário, o livre-arbítrio parece apenas mais uma ilusão de perspectiva — uma história que lemos acreditando escrevê-la.

As metáforas do rio (tempo fluindo por nós) e do trem (nós atravessando o tempo) capturam perfeitamente o paradoxo central, já que ambas parecem verdadeiras e, ao mesmo tempo, contraditórias. A visão einsteiniana do "universo em bloco" (block universe) resolve parcialmente essa questão: se todo o espaço-tempo já existe simultaneamente, então tanto o "fluxo" quanto a "travessia" são ilusões da consciência, e nós, meros leitores movendo os olhos por um livro já escrito.

A perspectiva de o futuro não ser mais o que era minutos atrás" em função de como pensamos o presente toca em algo profundo: a física clássica sugere Determinismo (dado o estado presente, o futuro é único), mas a mecânica quântica introduz indeterminação genuína. Talvez o futuro seja simultaneamente "já escrito" em termos relativísticos e "ainda aberto" em termos quânticos.


Segundo os presentistas somente o momento atual existe — o passado são cinzas de um fogo que se apagou; e o futuro, uma névoa inexistente. Para os eternalistas, por sua vez, tanto sua infância quanto o momento atual existem, e seu último suspiro já está gravado na estrutura do espaço-tempo, como uma página de livro esperando para ser lida. 


O Presentismo enfrenta um dilema fatal: se apenas o “agora” existe, de qual “agora” estamos falando? O dos astronautas que viajam a 99,99999999999% da velocidade da luz — para quem passou menos de um minuto — ou para quem ficou na Terra — onde se passaram 4,22 anos?


A relatividade destrói a noção de um “presente universal”, já que não admite a existência de um ”'agora” cósmico sincronizado. Mas o Eternalismo também parece absurdo: se nossa morte futura "já existe", por que ainda não a sentimos? Por que nossa consciência insiste teimosamente em fluir apenas para frente, como prisioneira de uma trajetória já traçada?


A resposta pode estar no Possibilismo — segundo o qual apenas o presente e o passado existem; o futuro é potencialidade pura, ramificações quânticas ainda não colapsadas. Mas talvez o tempo simplesmente não “passe”; nossa consciência seja como um holofote atravessando uma paisagem estática de eventos, iluminando momentos que sempre estiveram lá.


Resumo da ópera: o Eternalismo sugere que somos o trem atravessando uma paisagem fixa; o Presentismo insiste que somos folhas no rio, criando o curso conforme fluímos, e a mecânica quântica sussurra uma terceira opção: somos simultaneamente o trem e o rio — observadores que colapsam possibilidades em realidades, escrevendo o livro conforme o lemos.

Pensando bem, a ciência pode não ter escolhido entre essas visões porque a própria pergunta "o que existe realmente?" pressupõe que existência tenha um significado absoluto. Mas a relatividade nos ensinou que até conceitos aparentemente óbvios, como simultâneo, são relativos ao observador.

Talvez o tempo seja como a luz, cuja natureza última escapa às nossas categorias intuitivas. Ou talvez ele simplesmente não passe. Ou talvez nossa consciência seja como um holofote que atravessa uma paisagem estática de eventos, iluminando momentos que sempre estiveram lá — e sempre estarão."

Continua…

quarta-feira, 15 de outubro de 2025

DO TELEFONE DE D. PEDRO AO CELULAR (CONTINUAÇÃO)

TUDO É ENGRAÇADO QUANDO ACONTECE COM OS OUTROS.


Conforme mencionado anteriormente, a privatização das telecomunicações pôs fim ao mercado negro de telefones fixos e democratizou o uso dos celulares. Atualmente, o Brasil possui 263,4 milhões de linhas móveis ativas — média de 1,22 aparelho por habitante, segundo dados da ANATEL de 2024 —, sendo que quatro marcas dominam o mercado: Samsung (36%), Motorola (19%), Apple (17%) e Xiaomi (16%).

 

Meu primeiro celular foi um Motorola D160, comprado em 1999. Nos anos seguintes, usei outros modelos da marca — os mais marcantes foram o Razr V3 e o Krzr K1 —, além de aparelhos da Ericsson, da Nokia e da Sony. Quando os dumbphones se tornaram smartphones, alternei entre modelos da Motorola e da Samsung — os mais marcantes foram o Razr V3 e o Krzr K1. Quando meu Galaxy M23 "estacionou" no Android 14, comprei um Moto G75, que vem me prestando bons serviços desde então.


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

A máxima de Otto Von Bismarck, segundo a qual “os cidadãos não dormiriam tranquilos se soubessem como são feitas as salsichas e as leis", continua valendo em nossa republiqueta de bananas: depois que o Centrão enterrou a medida provisória sobre aumento de impostos, Lula determinou que os afilhados de deputados infiéis sejam postos  o olho da rua
Valendo-se de uma metáfora doméstica, a ministra Gleisi Hoffmann exaltou o óbvio: "o governo não vai mais tolerar quem vive em sua casa, come da sua comida, mas não é leal".
Quem sabe ler nas entrelinhas inferiu que o fisiologismo eliminou do relacionamento entre Executivo e Legislativo o faz de conta do diálogo institucional: o Planalto vai exonerar afilhados de infiéis para nomear apaniguados de quem lhe for leal.
Ao dizer o indizível, Gleisi expôs sua convicção de que a única linguagem que o Congresso entende é a da chantagem. Na prática, a explicitação do que antes era apenas sussurrado passa a impressão de que a degradação dos costumes políticos evoluiu. 
A infestação de reféns na máquina pública é a mais eloquente demonstração do desprezo de um poder pelo outro e dos políticos por si mesmos. Seria melhor se o povo não soubesse como são feitas as salsichas e as nomeações para cargos públicos.
 

Devido ao uso constante, a autonomia tornou-se um parâmetro importante na escolha do smartphone. Mas mesmo baterias de 5.000 mAh não livram os heavy users de um "pit stop" entre duas recargas completas — nem os usuários comuns de recarregarem a bateria diariamente ou, na melhor das hipóteses, a cada dois dias. O desafio dos fabricantes não é propriamente aumentar a capacidade de carga (se fosse, não haveria carros elétricos com mais de 500 km de autonomia com uma única carga), mas fazê-lo sem aumentar o tamanho do componente nem encarecer demais o processo de fabricação.

 

Enquanto buscam soluções comercialmente viáveis, os fabricantes recorrem a paliativos para reduzir o tempo de recarga e prolongar a autonomia das baterias mediante otimizações de software. Entre as possibilidades mais promissoras para dispositivos móveis, atualmente, destaca-se a substituição das baterias à base de íons/polímeros de lítio por modelos que utilizam silício-carbono.

 

Paralelamente, pesquisas em outros segmentos apresentam avanços notáveis: os chineses criaram uma minibateria nuclear que promete durar mais de 7.000 anos, e os dinamarqueses desenvolveram uma superbateria 'movida a sal', com eficiência de 90%, capaz de abastecer 100 mil casas por até 10 horas. Mas ainda não se sabe quando — nem se — essas soluções chegarão ao usuário final.

 

A Honor já oferece smartphones com baterias de silício-carbono que prometem até três dias de autonomia e mantêm a capacidade máxima de carga mesmo após três anos de uso. A Realme vem desenvolvendo modelos com baterias de maior capacidade, chegando a 10.000 mAh em alguns dispositivos específicos — um avanço significativo em relação às baterias convencionais de 5.000 mAh da concorrência. A Apple, por sua vez, deve lançar o iPhone 17 Air ainda este ano, prometendo aumento na densidade energética em relação às baterias de polímeros de lítio.

 

Combinada com o constante avanço da tecnologia, a obsolescência programada induz o usuário a substituir um aparelho ainda em boas condições de uso por um modelo novo, supostamente superior. No caso específico dos smartphones, o Google atualiza o Android anualmente, em média, mas os fabricantes seguem suas próprias políticas. Assim, comprar um celular mais barato em vez de um modelo intermediário pode se tornar uma armadilha, já que o aparelho pode deixar de receber atualizações de sistema e patches de segurança antes mesmo que a pessoa quite a última parcela do financiamento. Isso ajuda a explicar por que apenas 7% dos smartphones Android em uso no mundo rodam a versão mais recente do sistema (15).

 

Recentemente, a Samsung ampliou o ciclo de atualizações da linha Galaxy para até sete versões em alguns modelos — e foi seguida pela Motorola. O Google fez o mesmo com o Pixel 8 e o Pixel 8 Pro (que não são vendidos oficialmente no Brasil, mas podem ser comprados de importadores independentes). Já a Xiaomi argumenta que a maioria dos consumidores troca de aparelho a cada três anos e, portanto, não faz sentido em ampliar o tempo de suporte.

 

Considerando que as novas versões do Android focam mais a estabilidade e eficiência do que a introdução de novos recursos, e que a inteligência artificial pode ser implementada sem alterar a versão do sistema, um smartphone com Android 14 ou 13 — desde que em dia com os patches de segurança — atende às necessidades da maioria dos usuários. No entanto, quem estiver se programando para comprar um aparelho novo deve dar preferência (desde que o bolso permita) a um modelo que venha a receber mais atualizações. 

 

Continua...