quinta-feira, 6 de novembro de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 52ª PARTE

EU SOU CALMO; SÃO AS PESSOAS QUE ME IRRITAM.

Albert Einstein foi o maior físico do século XX — senão de todos os tempos —, e Henri Bergson, um dos filósofos mais eminentes de sua época. Em abril de 1922, os dois se encontraram para debater ideias sobre o tempo. O físico alemão já havia publicado sua teoria da relatividade, enquanto o filósofo e diplomata francês, prestes a lançar Duração e Simultaneidade, considerava-se intelectualmente superior ao rival.

 Quando Bergson afirmou que a Filosofia ainda tinha seu espaço na compreensão do tempo, Einstein rebateu dizendo que o "tempo dos filósofos" não existe. Isso abriu uma verdadeira Caixa de Pandora sobre a relação entre a Ciência — segundo a qual a experiência da passagem do tempo é secundária, até ilusória, e transcende a percepção individual — e a Filosofia — para a qual a vivência subjetiva do tempo não pode ser reduzida às medições dos relógios. Foi a partir dessas discussões que se consolidou a visão einsteiniana de que espaço e tempo formam uma estrutura indissociável — o espaço-tempo — onde o tempo é mais uma dimensão do espaço.


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


Numa evidência de que quem sai aos seus não endireita, Eduardo Bolsonaro será encostado no banco dos réus no próximo dia 14 — mesma data que seu pai entrará na reta de chegada da prisão em regime fechado, com provável escala na Papuda antes da análise de um previsível pedido de reclusão domiciliar humanitária.

Pai e filho tornaram-se protótipos de uma família autossuficiente: eles mesmos cometem os crimes, eles mesmos fornecem as provas, eles mesmos complicam a defesa, oferecendo eloquentes indícios de que, ao contrário do que postula a teoria de Darwin, está em curso um processo de regressão de certas espécies.


Bergson reconhecia que a teoria da relatividade era interessante, mas não passava de uma teoria. Einstein defendia que, sem a noção de dilatação temporal, a Física se perderia num emaranhado de contradições. No entanto, o francês alertava que não se poderia aceitar a Ciência sem um olhar crítico, histórico, social e político; afinal, "o tempo é o que se faz e o que faz com que tudo seja feito".

 

Embora a dilatação do tempo tenha sido confirmada experimentalmente por meio de relógios extremamente precisos, Bergson registrou em seu livro que esse suposto atraso de um relógio em relação a outro não existia de fato, e acusou Einstein de cometer o "erro cartesiano" de equiparar seres humanos a máquinas. Para este, o rival tinha uma visão do tempo que, por não ser objetiva, não poderia corresponder à realidade. Como tantas vezes ocorre hoje na política polarizada do Brasil, os seguidores do cientista tornaram-se críticos do filósofo — e vice-versa.

 

Meses após desse debate, Einstein recebeu o Prêmio Nobel de Física. Embora a láurea se devesse a suas descobertas sobre o efeito fotoelétrico, ficou subentendido que ele havia derrotado Bergson e que cabia à Física — e não à Filosofia — explicar a natureza do tempo. Bergson manteve suas convicções, mas não voltou a fazer comentários públicos sobre Einstein ou sua teoria. Ainda assim, seu livro acabou sendo malvisto, e sua interpretação da relatividade, considerada simplista demais.

 

Fato é que ainda hoje persistem questões sobre o tempo que nem a Ciência, nem a Filosofia conseguiram plenamente elucidar — como vimos ao longo desta sequencia e voltaremos a ver nos próximos capítulos. 

quarta-feira, 5 de novembro de 2025

AINDA SOBRE COMO ESCOLHER UM SMARTPHONE (FINAL)

QUANDO CONSEGUEM CRESCER, AS ÁRVORES SOLITÁRIAS CRESCEM FORTES. 

Celulares são frágeis, e a mesma mobilidade que permite ao usuário levar o aparelho a toda parte também potencializa o risco de quedas, furtos e roubos. 


Num país onde a corrupção e a máquina pública consomem quase todo o orçamento e o que sobra não é investido em segurança, saúde e educação, cada um cuida de si. Portanto, faça um seguro contra furto, roubo e danos acidentais, evite dar sopa para o azar e torça para não precisar convencer a seguradora de que o sinistro foi legítimo. 

 

Vimos que a classificação IP68 protege o dispositivo contra poeira e água, e que "resistente à água" não é o mesmo que "à prova d’água". Na prática, essa classificação indica que o aparelho suporta respingos, chuva e até um breve mergulho, mas daí a você poder entrar com ele na piscina ou no mar vai uma longa distância. E banhos de banheira, sauna e similares também estão fora de questão.

 

Existem modelos voltados a militares, aventureiros e demais usuários que precisam de um dispositivo capaz de suportar condições adversas, e o Moto G75 é uma ótima opção. Ele conta com proteção IP68 e certificação MIL-STD-810H, que garante seu funcionamento em altitudes de até 4.570 metros, sob temperaturas de -20°C a 55°C, com até 95% de umidade relativa do ar, resistência a vibrações intensas e quedas de até 1,5 metro.

 

A ficha técnica também impressiona: CPU octa-core de 2,4 GHz, 8 GB de RAM, 256 GB de armazenamento, bateria de 5.000 mAh com suporte a carregamento rápido (carregador incluso), tela Full HD+ de 6,8" com taxa de atualização de 120 Hz, proteção Gorilla Glass 5, Android 14 com garantia de atualização até a versão 19 e seis anos de patches de segurança. Para melhorar, ele podia ser encontrado por cerca de R$ 1.500 em meados de julho.

 

Para quem quer um verdadeiro tanque de guerra, o Unihertz Tank 3 Pro foi projetado para enfrentar os ambientes mais desafiadores, e combina resistência extrema com tecnologia de ponta. Além de 36 GB de memória e 512 GB de armazenamento (expansíveis até 2 TB), o aparelho integra uma câmera principal de 200 MP e uma de visão noturna de 64 MP. A bateria de 23.800 mAh garante uma semana de uso normal longe da tomada, e carregamento rápido de 120 W restabelece 90% de carga em apenas 90 minutos. Sem falar que um projetor integrado com foco manual proporciona uma experiência visual satisfatória em distâncias de até 3 metros. Tudo isso por menos da metade do preço do Samsung Galaxy S25 Ultra.

 

Falando na Samsung, para quem busca a robustez de um rugged phone mas não abre mão da confiabilidade e do ecossistema de uma grande marca, o Galaxy XCover 7 é sopa no mel. Ele conta com certificação militar MIL-STD-810H (a mesma do Moto G75), oferece suporte ao Samsung DeX — que converte celular em tablet ou desktop — e deve receber atualizações até o Android 18 e cinco anos patches de segurança. Sua bateria removível de 4.350 mAh permite trocas rápidas em campo, e o botão físico programável pode ser usado até com luvas.

 

Lançado em outubro de 2023, o Oukitel WP30 é feito de policarbonato, tem design moderno e ergonômico e proporciona uma sensação agradável e confortável ao usuário. Além da tela LCD IPS de 6.78 polegadas com resolução 1080x2460 (FHD+) e taxa de atualização de 120Hz, ele conta com processador MediaTek Dimensity 8050 (6nm),  12GB de memória RAM LPDDR4X, 512GB de armazenamento UFS 3.1 e suporte a cartão MicroSD. 


O conjunto de câmeras inclui uma Samsung S5KHM2 de 108.0Mpx, uma de visão noturna Sony IMX350 Exmor RS de 20.0Mpx, e uma lente macro GalaxyCore GC5035 de 5 MP. A câmara frontal é a Sony IMX616 de 32 MP, e faróis infravermelhos fazem a festa dos amantes de selfie. Por último, mas não menos importante, a bateria de 11.000 mAh garante de 3 a 4 dias de uso, e o carregamento rápido de 120W recupera 50% da carga em apenas 15 minutos.

 

Ficam as sugestões. 

terça-feira, 4 de novembro de 2025

AINDA SOBRE COMO ESCOLHER UM SMARTPHONE

ESTUPIDEZ É TER ACESSO À VERDADE E CONTINUAR ACREDITANDO NA MENTIRA.

Vinicius de Moraes ensinou que "não há nada como o tempo para passar", e é impossível fugir a essa dura realidade — sobretudo no campo da tecnologia, onde o que valia ontem pode não valer hoje, e o que vale hoje pode não valer amanhã.

Os computadores portáteis surgiram nas pegadas dos desktops e, a despeito de custarem bem mais caro, logo se popularizaram entre os usuários domésticos. Mas o tempo passou, e a versatilidade dos smartphones relegou os notebooks (e os PCs de mesa) a tarefas que exigem telas maiores, teclado e mouse físicos, e mais "poder de fogo" do que os smartphones medianos são capazes de oferecer.

Por conta da mobilidade e do uso em trânsito, os notebooks sempre estiveram mais sujeitos a quedas (e furtos, por que não dizer?) do que os desktops. O mesmo vale para os onipresentes smartphones, que as pessoas usam o tempo todo e levam a toda parte. Capinhas de silicone ajudam a reduzir o risco de danos, e películas de vidro temperado protegem o display contra riscos e trincas, mas não afastam os efeitos deletérios do calor (como sabe quem já esqueceu o celular dentro do carro num dia de verão) ou de uma chuvarada, por exemplo.

Uma toalha felpuda resolve o problema do usuário, mas não o do celular. Cobrir o aparelho com arroz pode até funcionar, pois esse cereal tem propriedades hidrofílicas, mas o resultado será melhor se você remover o SIM card e cobrir o dispositivo com sachês de sílica-gel — como os que vêm em embalagens de eletrônicos —, mantendo-o num recipiente fechado por, no mínimo, 24 horas. Ainda assim, vale destacar que a progressiva oxidação dos componentes internos pode comprometer o funcionamento no médio prazo. Fique atento a sinais como brilho irregular da tela, som intermitente, falhas na conexão com o carregador, entre outros.

Telas com taxa de atualização de 144 Hz ou superior, sensor de profundidade, resolução QuadHD, zoom digital de 100x, câmeras macro de 2 MP e gravação em 8K são características que os fabricantes alardeiam para "enfeitar o pavão", mas que oferecem benefícios reais bastante limitados para a maioria dos usuários. Se possível, opte por um modelo sem essas frescuras, mas com classificação IP68, que garante proteção dos componentes internos contra poeira e água — mesmo com submersão contínua por até 30 minutos, numa profundidade de até 1,5 metro.

Observação: Nesse contexto, IP é o acrônimo de Ingress Protection (proteção de entrada, em inglês). O número 6 indica que o aparelho é vedado contra poeira; os números 7 e 8 indicam resistência à água — mas não significam que o dispositivo seja, de fato, à prova d’água. Na prática, ele suporta respingos, chuva e até um breve mergulho, mas não é indicado para banho de piscina, mar, chuveiro quente ou sauna (seca ou úmida).

Continua...

segunda-feira, 3 de novembro de 2025

COMO ESCOLHER UM SMARTPHONE

NÃO HÁ LÓGICA MAIS INARGUMENTÁVEL E LOUCA QUE A DOS FANÁTICOS OBCECADOS.

O processador sempre foi considerado o “cérebro” do computador. No alvorecer da “era PC”, as pessoas se referiam a seus aparelhos pelo modelo da CPU — acrônimo de Central Processing Unit, que designa o chip principal, e não o gabinete, como muita gente ainda parece achar. 


Assim, fulano tinha um “386” (referência ao chip Intel 80386); sicrano, um “Pentium 200” (alusão aos 200 MHz, que correspondem a 200 milhões de ciclos por segundo); beltrano, um “K6 II” (modelo da AMD que precedeu o Athlon e concorreu diretamente com o Pentium II), e assim por diante.

 

Naquela época, a diferença entre um 386 e um 486, ou entre um Pentium 100 e um Pentium 200, saltava aos olhos, e os usuários sabiam que ter mais MHz significava aplicações rodando mais rápido. Mas isso mudou quando os fabricantes introduziram inovações como coprocessador matemático, cache de memória e multiplicador de clock em seus microchips. Em tese, quanto maior o clock, melhor o desempenho; na prática, duas CPUs operando a 3 GHz realizam 3 bilhões de ciclos por segundo, mas o que cada uma é capaz de fazer em cada ciclo é outra história.

 

Hoje, raramente ouvimos alguém dizer que tem um “Core i7-13700K”, por exemplo. Mesmo quem não domina as sutilezas do hardware sabe que a quantidade de RAM, o tipo de armazenamento (SSD ou HDD) e a placa gráfica são igualmente importantes — ou até mais, pois as CPUs modernas dão conta da maioria das tarefas cotidianas. Um chip Core i3 atual, por exemplo, supera com folga os Intel Pentium III — que eram “a última bolacha do pacote” em 1999 —, mas o desempenho do aparelho como um todo pode ser limitado pelo armazenamento ou pela quantidade de memória RAM disponível.

 

Como vimos anteriormente, depois que os celulares se tornaram verdadeiros microcomputadores ultraportáteis, os desktops e notebooks foram relegados a situações que exigem telas de grandes dimensões, teclado e mouse físicos e mais “poder de fogo” do que a maioria dos smartphones medianos é capaz de oferecer. No entanto, ao escolher um celular ou tablet, as pessoas costumam se ater ao tamanho da tela, ao armazenamento interno e, em menor medida, à quantidade de memória RAM e à capacidade da bateria (lembrando que 10% dos brasileiros sofrem de nomofobia). Embora seja o "regente da orquestra, o processador raramente é lembrado, e músicos competentes podem mascarar a inépcia de um maestro chinfrim, mas nem André Rieu proporciona um bom espetáculo sem a contrapartida de cada integrante de sua orquestra.

 

No âmbito dos celulares, o chip Snapdragon 8 Gen 3 e o Snapdragon 8 Gen 3 for Galaxy estão entre os mais utilizados. Eles fazem basicamente o mesmo que as CPUs dos desktops e notebooks, mas o segundo foi desenvolvido especialmente para equipar os Samsung Galaxy S25 e Z Fold 7 (lançados no início deste ano). Já o primeiro chegou ao mercado em outubro de 2023 com foco em turbinar a inteligência artificial em smartphones e tablets premium com sistema Android, como o Galaxy Z Flip 6 e o Asus ROG Phone 8 Pro. Em meados deste ano, a Qualcomm lançou duas variantes mais modestas do Snapdragon 8 Gen 3, com apenas 6 núcleos (em vez de 8), voltadas a aparelhos intermediários.

 

Para não errar, tenha em mente que escolher um celular só pela aparência ou pelo número de câmeras é como escolher um carro pela cor. A ficha técnica está ali por um motivo, e entender pelo menos o básico sobre três itens — processador, memória RAM e armazenamento interno — pode evitar gastos desnecessários e eventuais arrependimentos. Já vimos que o processador tem impacto direto na velocidade, fluidez e capacidade de multitarefa do aparelho. 

 

Em linhas gerais, quanto mais núcleos, mais tarefas simultâneas podem ser realizadas; e quanto maior a frequência, maior tende a ser a velocidade de execução. Mas isso não quer dizer que um chip octa-core (8 núcleos) seja necessariamente melhor que um hexa-core (6 núcleos), já que geração do processador também entra na equação. Chips mais modernos tendem a ser mais potentes e eficientes, mesmo com menos núcleos ou frequência inferior à de modelos antigos, além de consumirem menos energia e, consequentemente, gerarem menos calor.

 

A memória RAM é responsável por manter os aplicativos funcionando sem engasgos. Quanto mais RAM, melhor a experiência de uso — especialmente para quem abre várias abas do navegador, usa redes sociais, jogar ou assiste a vídeos ao mesmo tempo. Para tarefas básicas (WhatsApp, navegador, YouTube, redes sociais), 4 GB ainda dão conta do recado, mas o mínimo recomendável hoje é 6 GB (se seu bolso permitir, invista num modelo com 8 GB ou mais).

 

O armazenamento interno também segue a velha regra do “quanto mais, melhor”. Prefira um aparelho com 128 GB ou 256 GB (ou mesmo 512 GB, se o orçamento permitir). Evite modelos com 64 GB, mesmo que haja suporte a cartões microSD — recurso, aliás, cada vez mais ausente. Lembre-se de que uma parte considerável do armazenamento é ocupada pelo sistema operacional e pelos aplicativos pré-instalados pelo fabricante (crapware), que só podem ser removidos por meio de um processo conhecido como "root" (mais detalhes nesta sequência). Fotos, músicas, vídeos e outros arquivos volumosos podem até ser transferidos para o PC ou para a nuvem, mas isso já é outra conversa.

 

A Black Friday está aí, e o Natal não demora a chegar. Seguindo essas dicas e consultado o preço do modelo pretendido em várias lojas (físicas ou online) você certamente fará uma boa compra. Na pior das hipóteses, torça para que Papai Noel esteja de bom humor quando receber sua cartinha. Vai que cola...

domingo, 2 de novembro de 2025

RECEITAS PARA FORMIGA NENHUMA BOTAR DEFEITO

FERIDAS SARAM, MAS DEIXAM CICATRIZES.

Quando bate aquela vontade de doce e você não quer complicação, o brigadeiro de colher é uma opção simples, rápida e irresistível. Não é preciso enrolar, passar no granulado ou montar uma mesa de festa — é só preparar, esperar amornar, pegar uma colher e se deliciar. Você vai precisar de:

— 1 lata leite condensado;

— 75 g chocolate ao leite em gotas;

— 15 g chocolate em pó cacau;

— 100 g creme de leite sem soro;

— 1 colher (sopa) de manteiga.


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


Na abertura de Um Conto de Duas Cidades, Charles Dickens (1812-1870) escreveu: "Foi a era da sabedoria e da tolice, a época da crença e da incredulidade, a estação da Luz e das Trevas, a primavera da esperança e o inverno do desespero, tínhamos tudo diante de nós, não tínhamos nada diante de nós." Nada muito diferente do período atual no país em que vivemos. Senão vejamos:

Semanas atrás, Toffoli chegou a chorar durante uma sessão do Supremo na qual ressaltou que a Corte tem a "maior colegialidade da história". Na véspera, Edson Fachin, atual presidente do colegiado, acatou o pedido de Luiz Fux para trocar a Primeira pela Segunda Turma, na vaga deixada pelo recém-aposentado Luís Roberto Barroso. Mendes, presidente da Segunda Turma, chamou Fux de "figura lamentável" depois que o colega paralisou o julgamento de Sérgio Moro, que fez uma piada de festa junina sobre o decano.

Onde está a colegialidade mencionada por Toffoli ao louvar "os maiores e os melhores juristas e magistrados da nação brasileira" diante de um fundo de tela com a imagem da fachada do STF? Que o digam Alexandre de Moraes e André Mendonça, que protagonizam discussões em plenário e trocam farpas por divergências sobre como a Corte deveria se comportar diante das querelas políticas nacionais, em especial sobre liberdade de expressão.

Os embates pessoais entre os ministros são o verdadeiro problema: desde que Fux pediu transferência, tudo o que se faz é especular sobre a maioria de três ministros que tenderia a favorecer Bolsonaro. A partir de agora, a Primeira Turma decidiria de um jeito e a Segunda, de outro.

Vale lembrar que esses dois colegiados foram criados após o julgamento do mensalão, na expectativa de desafogar o plenário, que levou 69 sessões para julgar o caso. Foi essa mudança que permitiu que o julgamento da trama golpista ocorresse na Primeira Turma, com a participação de apenas cinco dos 11 ministros do STF, contra a vontade de um único ministro, Fux, que achava que o caso deveria ser julgado pelo plenário, assim como as defesas dos réus.

Fux não foi o primeiro a pedir para mudar de turma. Toffoli também solicitou transferência para a Segunda Turma depois da aposentadoria de Ricardo Lewandowski, em 2023. Em outro contexto, esses pedidos não chamariam atenção, mas no cenário de protagonismo político que cresceu nos últimos anos**,** as turmas se tornaram mais um elemento da degradação institucional do STF.

Flávio Dino defendeu o STF: "Não sei de onde tiraram a ideia de que tudo o que o Supremo decide é monocrático, uma vez que todas as decisões relevantes são colegiadas."

Parafraseando Bob Dylan, "the answer, my friend, is blowing in the wind". Talvez o melhor dos tribunais seja também o pior dos tribunais.


Misture numa panela o leite condensado, o creme de leite, a manteiga, o chocolate em pó e leve ao fogo médio. Quando estiver morno e bem misturado, junte o chocolate ao leite e cozinhe em fogo médio, sempre mexendo, por cerca de 10 minutos. Quando a mistura começar a “despregar” do fundo da panela, acrescente mais 50 g de creme de leite, misture, despeje em um recipiente plano, cubra com filme plástico (em contato com a superfície) para que não forme nata, espere esfriar por completo, pegue uma colher e seja feliz..


Se você não aprecia chocolate, a “sobremesa rosada” é deliciosa e leva apenas 3 ingredientes batidos no liquidificador. Você vai precisar de:


— 2 caixas de gelatina de morango (ou framboesa, ou frutas vermelhas);

— 1 lata de leite condensado;

— Suco de 1 limão.


Prepare as duas caixas de gelatina de acordo com as instruções da embalagem, coloque em uma tigela e leve à geladeira. Quando estiver totalmente firme, transfira para o copo do liquidificador, junte o leite condensado e o suco do limão, bata bem, despeje o creme em uma forma de pudim (ou outro recipiente qualquer), coloque de volta na geladeira e espere endurecer.


A Torta holandesa tradicional — que de holandesa só tem o nome, já que foi criada originalmente na cidade paulista de Campinas — é cheia de etapas, com creme, ganache e biscoitinhos em volta. Boas confeitarias costumam cobrar os olhos da cara por uma fatia, mas você pode economizar um bom dinheiro com a versão de liquidificador, que não fica devendo nada em sabor e apresentação.


Observação: Para ficar no ponto certo, o ideal é fazer essa receita de um dia para o outro e tirar a torta do freezer 1 hora antes de servir. 


Você vai precisar de:


1 pacote (200g) de bolacha maisena;

1 pacote (130g) de bolacha Calipso;

4 colheres (sopa) de manteiga sem sal;

1 barra de 100g de chocolate meio-amargo;

1 barra de 100g de chocolate branco;

3 caixinhas de creme de leite;

2 colheres (sopa) de açúcar;

2 colheres (sopa) rasas de gelatina incolor e sem sabor diluída em água quente;

1 colher (sopa) de essência de baunilha;

1 pote (200g) de cream cheese. 


Triture a bolacha maisena no liquidificador até virar uma farofa fina, transfira para uma tigela, junte a manteiga, misture até formar uma pasta homogênea, forre o fundo de uma forma de aro removível com essa massa, disponha as bolachas Calipso ao longo do entorno da forma e reserve.


Bata no liquidificador 2 caixas de creme de leite com o cream cheese, o açúcar e a gelatina já diluída (siga as instruções da embalagem para fazer a diluição de forma adequada) e reserve.


Derreta o chocolate branco em banho-maria, desligue o fogo, adicione aos poucos a mistura do liquidificador, mexa bem, junte a essência de baunilha, misture, esparrame o creme sobre a massa de biscoito leve ao freezer por 30 minutos.


Enquanto espera o creme ganhar consistência, derreta o chocolate meio-amargo em banho-maria, junte o creme de leite remanescente, misture, distribua essa massa cremosa por cima do creme branco, cubra com plástico-filme, leve ao freezer por 4 horas e sirva bem gelado.


Bom proveito.

sábado, 1 de novembro de 2025

AINDA SOBRE NOTEBOOKS (FINAL)

AS PAREDES TÊM RATOS, E RATOS TÊM OUVIDOS.

Num mundo ideal, todos trocaríamos regularmente nossos celulares e computadores por modelos compatíveis com as versões mais recentes de sistemas e programas. Num país de terceiro mundo, com salários de quinto e a maior carga tributária do planeta, é mais fácil falar do que fazer.

Os PCs perderam o protagonismo desde que os celulares se tornaram microcomputadores ultraportáteis, mas certas tarefas exigem telas maiores, teclado e mouse físicos e mais "poder de fogo" do que os smartphones medianos oferecem. Notebooks que vieram com o Windows 10 pré-instalado ou evoluíram a partir do Windows 7 ou 8.1, mas não atendem aos requisitos do Windows 11, podem ser considerados obsoletos (mais detalhes no capítulo anterior). 

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Visto por aliados como a face moderada do clã Bolsonaro, Flávio ficou com um jeitão de Eduardo ao insinuar que o secretário da Guerra do governo Trump deveria bombardear embarcações na Baía de Guanabara. Um aliado da família no Centrão resumiu sua perplexidade em três frases:

1 - "Todos sabem que não se faz omelete sem quebrar os ovos, mas a família Bolsonaro quebra os ovos sem fazer omeletes. Ninguém entendeu o post do Flávio."

2 - "Ao se vincular aos torpedos de Trump contra as exportações brasileiras, Eduardo tirou a imagem do Lula do buraco, e com o devaneio dos bombardeios americanos na orla carioca, Flávio pareceu empenhado em consolidar o naufrágio da direita."

3 - "Lula anda dizendo que Eduardo é o principal craque do seu time. Aparentemente, Flávio decidiu disputar com o irmão a camisa 10 do time rival."

Os aliados achavam que Bolsonaro tinha enviado o primogênito aos Estados Unidos para colocar juízo na cabeça do irmão, mas voltou com um parafuso solto. Por outro lado, no momento em que o petismo se esbaldava na crítica a Flávio por ter sugerido ataques dos Estados Unidos contra barcos com drogas no Rio de Janeiro, Lula, a pretexto de condenar os bombardeios americanos contra embarcações venezuelanas, produziu a seguinte pérola: "Os usuários são responsáveis pelos traficantes, que são vítimas dos usuários também."

Expoentes da oposição correram à internet para grudar no presidente a pecha de protetor de bandidos. Diante da péssima repercussão, o Planalto pendurou um post nas redes. Nele, o molusco disse que sua frase foi "mal colocada" e que é claramente contra "os traficantes e o crime organizado."

Não é a primeira vez que a língua de Lula ganha vida própria num improviso. A diferença é que dessa vez ela se aventurou no ramo da magia e tirou um gambá da cartola. Ao tratar traficantes como vítimas de dependentes químicos, o macróbio soou como líder da oposição, entregando aos adversários um vídeo para ser usado na propaganda eleitoral de 2026.

Depois de alguns anos de uso, é comum a bateria do note descarregar rapidamente. Se houver peças de reposição no mercado, a troca é simples. Já se o componente for parte integrante da placa de sistema, o jeito é usar o portátil conectado à tomada ou comprar outro aparelho.

O desempenho do Windows tende a se degradar com o tempo e o uso normal da máquina. A manutenção preventiva em nível de software ajuda a postergar a reinstalação do sistema, e próprio Windows oferece ferramentas para limpeza de disco, correção de erros e desfragmentação de dados. Mas a Microsoft não inclui um utilitário para limpar ou compactar o Registro nem recomenda o uso de programas de terceiros com essa finalidade.

O uso constante de 100% da CPU e a falta de memória durante atividades exigentes — como edição de vídeo, modelagem 3D ou softwares de engenharia — podem ser atenuados com upgrades de hardware, mas os notebooks são menos amigáveis que os desktops nesse quesito. Na melhor das hipóteses, pode-se instalar módulos adicionais de memória RAM ou substituir os originais por outros de maior capacidade. Já upgrades de processador, placa de vídeo e placa-mãe são caros e, não raro, inviáveis.

O upgrade de HD ou SSD é possível em alguns modelos, mas alguns trazem o armazenamento soldado à placa-mãe, o que inviabiliza a troca. Isso sem falar que aparelhos mais antigos não oferecem suporte a SSDs NVMe — bem mais rápidos que os SSDs SATA ou os HDDs convencionais. Rodar o Windows 11 numa máquina com disco rígido eletromecânico é uma verdadeira provação (meu Dell Inspiron Intel Core i7/1TB/8GB só voltou a ser “usável” depois que substituí o HDD por um SSD).

Por serem levados de um lado para outro, os portáteis estão sujeitos a quedas, avarias estruturais, desgaste do teclado e arranhões na carcaça e na tela. Alguns reparos são simples, mas o preço das peças de reposição pode tornar o molho mais caro que o peixe. Teclado e mouse externos são uma opção interessante quando o note faz as vezes de PC de mesa — mas, nesse caso, a portabilidade vai para o vinagre. 

À luz do custo-benefício, comprar um modelo novo pode ser mais vantajoso do que seguir remendando o velho.

sexta-feira, 31 de outubro de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 51ª PARTE — SOBRE A SETA DO TEMPO

FUGIT IRREPARABILE TEMPUS.

A expressão arrow of time (flecha do tempo, numa tradução direta) foi cunhada pelo astrofísico britânico Arthur Eddington no final da década de 1920, mas a ideia de que o tempo é unidirecional remonta à Segunda Lei da Termodinâmica, proposta no século XIX, que trata da entropia — medida de desordem e aleatoriedade.

 

Em um sistema fechado, a entropia tende a aumentar com o passar do tempo. Quando um copo se quebra, por exemplo, seus cacos não se juntam espontaneamente. No entanto, a ideia de que a seta do tempo está intrinsecamente ligada à seta entrópica não é unanimidade entre físicos e cosmólogos. 


Alguns cientistas argumentam que, embora a entropia descreva fenômenos macroscópicos, em escalas microscópicas as interações fundamentais da física (como as equações da mecânica quântica e da relatividade geral) são majoritariamente simétricas no tempo. E mais: se pudéssemos reverter as velocidades de todas as partículas em um sistema, ele retornaria ao seu estado anterior. A unidirecionalidade do tempo emergiria apenas em sistemas complexos, com grande número de partículas. 


O fato de o Universo ter surgido de um estado de baixa entropia (Big Bang) pode explicar o aumento contínuo da desordem que observamos hoje e, consequentemente, a flecha do tempo. Mas o "porquê" dessa condição inicial permanece um mistério.

 

Nossa percepção é que o tempo flui do passado para o futuro. Nesse contexto, nossas lembranças pertencem ao passado, e nossas expectativas, ao futuro. Mas algumas teorias cosmológicas especulam sobre universos cíclicos, em que períodos de contração (grande colapso) sucedem à grande expansão. Nesses cenários, a seta do tempo poderia se inverter durante a fase de contração, o que significaria uma diminuição da entropia — lembrando que essas hipóteses são meramente teóricas.

 

Embora a Segunda Lei da Termodinâmica forneça uma explicação robusta para a direção observada do tempo, o debate em torno da natureza fundamental da seta do tempo e suas implicações cosmológicas continua sendo uma área vibrante de pesquisa — e um dos grandes mistérios da física. Uma equipe internacional liderada por físicos brasileiros demonstrou experimentalmente que o desenrolar contínuo do tempo do passado rumo ao futuro é um conceito relativo. Em seu artigo — ainda em revisão para publicação — os pesquisadores descrevem o experimento, detalham os resultados e explicam por que suas descobertas não violam a lei retromencionada.

 

A ideia de partículas emaranhadas (ou entrelaçadas) tornou-se conhecida graças aos esforços para transformá-las em qubits para computadores quânticos. Mas outra propriedade menos famosa das partículas subatômicas é o correlacionamento: quando correlacionadas, elas se ligam de modos que não ocorrem no mundo macroscópico. Os pesquisadores usaram esse correlacionamento para alterar a direção da seta do tempo. Após modificarem a temperatura dos núcleos em dois átomos de uma molécula de triclorometano (hidrogênio e carbono), deixando o núcleo de hidrogênio mais quente do que o de carbono, eles observaram que, quando os núcleos não estavam correlacionados, o calor fluía como esperado — do núcleo mais quente para o mais frio. No entanto, quando os núcleos estavam correlacionados, o núcleo quente ficou ainda mais quente, e o frio, ainda mais frio.


Como é a própria assimetria do fluxo de calor (ou seja, a entropia) que define a direção do tempo, a equipe concluiu que o experimento inverteu a seta do tempo — isto é, fez o tempo "correr para trás". Segundo os pesquisadores, esse resultado abre a possibilidade de controlar ou até mesmo inverter a seta do tempo, dependendo das condições iniciais. E não há violação da Segunda Lei da Termodinâmica porque ela pressupõe a ausência de correlações entre as partículas — exatamente o fator que permitiu a reversão observada.

 

Outros experimentos já demonstraram a reversão do fluxo temporal, alimentando novas discussões sobre a existência de uma fronteira a partir da qual o tempo deixa de fluir para o futuro. Embora não vejamos copos quebrados se desquebrando por aí, as leis fundamentais da física não pressupõem necessariamente uma única direção, já que as equações permanecem as mesmas, independentemente de o tempo avançar ou recuar.

 

Resumo da ópera: a seta do tempo é um conceito relativo, e se setas opostas podem emergir de sistemas quânticos abertos, então também seria possível — ao menos em tese — viajar para o futuro ou para o passado.


Continua...