QUANDO A SORTE TE BAFEJA, ATÉ UM BOI TE DÁ UM BEZERRO.
Embora o tempo seja uma das únicas certezas da vida, como a morte, os impostos e a incompetência do eleitorado tupiniquim, que faz a cada eleição o que Pandora fez uma única vez, sabe-se muito pouco sobre ele.
Até Einstein publicar sua famosa teoria, a compreensão do tempo se baseava principalmente na física newtoniana, segundo a qual o tempo fluía de maneira uniforme e constante em todo o universo, independentemente do observador ou das circunstâncias. À luz dessa premissa, tempo e espaço eram dimensões independentes, e o tempo passava sempre na mesma velocidade, sem acelerar ou desacelerar sob nenhuma circunstância.
CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA
Presenteado por Hugo Motta com o posto de relator do projeto anti-facção de Lula, o deputado Guilherme Derrite apresentou-se como um anjo da tecnicidade a serviço da segurança pública, mas perdeu as asas ao propor que o crime organizado seja blindado contra a Polícia Federal.
Em 72 horas, Derrite produziu dois textos. Nas duas versões, ele equipara crimes cometidos por facções criminosas e milícias ao terrorismo. No primeiro, proibia a PF de investigar sem a requisição dos governadores; no segundo, permite que a PF atue contra o crime organizado desde que comunique previamente às autoridades estaduais.
A PF não é um canteiro de rosas, mas ainda fornece os melhores espinhos de que o Estado dispõe para espetar as organizações criminosas. Derrite, que é unha e carne com o governador bolsonarista de São Paulo, sabe que as más companhias das polícias estaduais fazem a PF parecer melhor do que é.
Um capitão da PM lotado no Gabinete Militar de Tarcísio foi pilhado pela PF ajudando a lavar dinheiro do PCC em bancos digitais, outro operador de lavanderias da facção foi executado quando delatava o vínculo do PCC com a polícia paulista, pelo menos 15 policiais e um delegado foram indiciados e três PMs foram acusados de disparar os tiros que mataram o delator.
No Rio de Janeiro, a polícia civil de Cláudio Castro passou cinco anos investigando a execução de Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes. E não esclareceu o crime. Acionada, a PF mostrou que as investigações patinavam porque a vereadora foi emboscada por dois milicianos egressos da PM, a mando de um deputado e um conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, sob a proteção de um delegado.
Após críticas do Palácio do Planalto, governadores de direita, parlamentares da base e oposição, além de especialistas em Segurança Pública, Derrite apresentou a quarta versão do texto, mas não houve consenso e a votação foi adiada para próxima terça-feira. Os principais problemas apontados são quanto ao financiamento da PF e à caracterização do crime de “facção criminosa”. Paralelamente, cinco governadores de direita pediram ao presidente da Câmara que consulte o STF para evitar questionamentos judiciais no futuro.
Se a proposta que blinda a criminalidade contra a PF prevalecer no plenário, a Câmara provará ao país que o crime, quando organizado, compensa.
Einstein mostrou que o tempo pode se dilatar ou contrair ao sabor da velocidade e da gravidade, que está intrinsecamente ligado ao espaço (formando o espaço-tempo), e que a simultaneidade é relativa — ou seja, que a velocidade com que o tempo passa para um determinado observador é inversamente proporcional à velocidade com que esse observador se movimenta. Mais adiante, Stephen Hawking explorou o comportamento do tempo em condições extremas, como na proximidade do horizonte de eventos de um buraco negro.
Einstein previu a existência dos buracos negros em suas equações, mas foi o astrônomo norte-americano John Wheeler quem deu esse nome aos corpos celestes resultam de colisões entre estrelas de nêutrons ou se formam quando estrelas supermassivas com pelo menos 10 vezes a massa do Sol explodem como supernovas, dando origem a uma região cósmica densa, compacta, onde a atração gravitacional é tamanha que nem a própria luz consegue escapar.
Einstein tampouco foi o primeiro a propor a existência dos buracos negros. Em 1783, o clérigo e cientista inglês John Michell propôs a existência de "estrelas escuras" e sugeriu que seria possível detectá-las se houvesse estrelas luminosas orbitando ao redor por seus efeitos gravitacionais em objetos próximos, e o matemático e astrônomo francês Pierre-Simon de Laplace publicou a mesma conclusão no livro Exposition du Système du Monde, mas foi a famosa teoria do físico alemão que forneceu as bases matemáticas modernas para a existência desse corpos celestes e ajudou a popularizá-los na ficção científica. Ironicamente, ele morreu sem ver sua teoria comprovada: foi somente em 2019 que o Event Horizon Telescope fotografou o buraco negro que fica no centro da galáxia Messier 87, a 53 milhões de anos-luz da Terra.
Costuma-se dizer que os buracos negros são como ninjas do universo: invisíveis, misteriosos, capazes de transformar qualquer coisa que se aproxime de seu horizonte de eventos num pontinho infinitesimal de densidade extrema (conhecido como singularidade), mas mantendo sua massa original. Vale realçar que o termo singularidade não designa o buraco negro em si, mas o elemento essencial dentro dele, o que torna o buraco negro o melhor exemplo de locais onde a singularidade pode existir.
O que acontece no horizonte de eventos, que representa o limite a partir do qual qualquer informação sobre o que é engolido deixa de existir para o restante do Universo, é um mistério que a ciência ainda tenta decifrar. Mas sabe-se que a força gravitacional dos buracos negros é tamanha que nem a a própria luz conseguir escapar, o que torna invisíveis, obrigando os cientistas a detectá-los mediante a observação do comportamento de objetos e da radiação a seu redor.
Observação: O horizonte de eventos não é uma superfície física, mas uma região matemática no espaço-tempo que cresce quando massa é absorvida e encolhe à medida que o buraco negro "evapora" através da radiação de Hawking (um processo quântico fundamentado no princípio da Incerteza de Heisenberg).
A NASA usou um supercomputador para criar uma simulação baseada em Sagittarius A* levando em conta dois cenários diferentes: no primeiro, a câmera — que representa o astronauta — erra o horizonte de eventos e dispara de volta; no segundo, ela cruza a fronteira e sela seu destino. Vale a pena conferir.
Continua...



