segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 57ª PARTE

SE O QUE NOS TORNA ÚNICOS É A CONSCIÊNCIA, E SE VIAJAR NO TEMPO FOSSE POSSÍVEL USANDO APENAS NOSSA CONSCIÊNCIA, TALVEZ AS VIAGENS NO TEMPO SEJAM MAIS SIMPLES DO QUE NÓS AS IMAGINAMOS.

Os relógios que usamos no dia a dia foram concebidos há milênios, quando alguém associou a própria sombra a escalas capazes de determinar as horas a partir da posição projetada pelo sol. As versões de água e de areia surgiram no século VII a.C., e o modelo, mecânico, no século IX da nossa era. Mas nossa percepção da passagem do tempo depende de diversas variáveis. 


Se, por exemplo, estivermos quase borrando as calças e ouvirmos de dentro do banheiro o tradicional "só um minuto", esse minuto vai parecer a antessala da eternidade. Além disso, segundos, minutos e horas não explicam o tempo de uma ação quântica ou da formação de uma galáxia, também por exemplo


Em última análise, tudo é uma questão de tempo, mas o tempo não é tão simples quanto parece. Até porque, segundo abordagens recentes, ele pode ser tridimensional. Explicando melhor: descrever o horário, a passagem dos anos ou o valor de um deslocamento instantâneo de partículas quânticas no universo cósmico são coisas distintas; do ponto de vista cósmico, o tempo é relativo, variando conforme a massa e a aceleração (como ensinou Einstein em sua famosa teoria).

 

A relatividade geral e a mecânica quântica explicam o Universo com alto grau de precisão, mas partem de medidas de tempo distintas (do ponto de vista da física), dificultando a criação de uma teoria única e universal para explicar o tempo. A ideia do tempo 3D não é nova, mas foi reapresentada recentemente num estudo publicado na revista Reports in Advances of Physical Sciences pelo geofísico Gunther Kletetschka, da Universidade do Alasca, que propõe uma reformulação completa dos conceitos básicos que conhecemos. 

 

Para criar um conceito novo que dê conta de explicar tudo, o cientista criou uma estrutura matemática que reproduz as propriedades conhecidas do Universo em uma única equação matemática. Segundo ele, incorporar as três dimensões do tempo em uma operação que as preserva não altera a natureza do tempo, mas concilia suas três dimensões em uma única fórmula capaz de explicar desde o tempo do relógio até o surgimento das partículas quânticas.

 

Kletetschka diz que as primeiras propostas do tempo 3D eram fórmulas matemáticas sem conexões experimentais concretas, ao passo que seu estudo transforma o conceito em uma teoria fisicamente testada e com múltiplos canais de verificação independentes. Além da fórmula por si só, ele consegue reproduzir com precisão as massas conhecidas de diversas partículas, como elétrons e neutrinos.

 

Caso você esteja se perguntando o que isso tem a ver com as viagens no tempo, a resposta é: nada. Como eu disse e repeti dezenas de vezes ao longo desta novela, o tempo passa conforme a velocidade do observador aumenta, e desacelera nas proximidades do horizonte de eventos de um buraco negro. Assim, viajar para o futuro exigiria simplesmente se aproximar de um desses corpos celestes, mas mantendo uma distância segura de seu horizonte de eventos para não ser tragado. 

 

Em outras palavras, bastaria ficar lá por algum tempo para voltar à Terra dezenas, centenas ou milhares de anos no futuro em relação à data de partida. O xis da questão, como também já foi dito nos capítulos anteriores, é a imensidão do cosmos e as distâncias astronômicas — literalmente — que nos separam dos buracos negros conhecidos. A título de ilustração, nosso sistema solar está a "confortáveis" 26 mil anos-luz do buraco negro supermassivo que fica no centro da Via Láctea e a 1,6 ano-luz (cerca de 15 trilhões de quilômetros) de Gaia BH1 — o buraco negro mais próximo que foi avistado até agora. 

 

Para viajar rumo ao passado, as coisas se complicam ainda mais. A monstruosa atração gravitacional dos buracos negros supermassivos distorce o tempo a ponto de criar um loop temporal — como os trilhos dos antigos trens elétricos de brinquedo, que a cada volta passavam novamente pelo ponto de partida. Se conseguíssemos entrar em um dessesloops, teríamos uma máquina do tempo na qual entraríamos no futuro e sairíamos no passado. 

 

Mas há alguns senões, começando pelo fato de que essa viagem ao passado seria limitada à época em que o buraco negro surgiu — se ele tivesse surgido após o período jurássico, por exemplo, não permitiria ver dinossauros ao vivo e em cores. Ademais, encontrar o loop temporal exigiria cruzar o horizonte de eventos, o que só seria possível se nos movêssemos mais rápido que a luz. Isso sem mencionar a "espaguetificação". 

 

No fim das contas, parece mais fácil aceitar que o tempo é um trilho sem retorno do que esperar por uma locomotiva quântica que nos leve ao passado enquanto não dispusermos de naves capazes de contornar buracos negros ou dobrar o contínuo espaço-tempo. Até lá, sigamos de carona no relógio e deixemos essa possibilidade para os netos dos nossos bisnetos. 

 

Independentemente de ser uma dimensão, uma ilusão, uma equação ou uma sentença, o tempo segue em frente e deixa atrás de si perguntas sem resposta e teorias à espera de comprovação. Mesmo que seja possível retroceder no tempo, o desafio maior talvez não seja técnico, mas lógico. Mas isso é conversa para os próximos capítulos.

domingo, 30 de novembro de 2025

MACARRONADA A CACIO E PEPE

O CLIENTE: “GARÇOM, JAMAIS PROVEI ALGO TÃO DURO QUANTO SUA CARNE DE PANELA!” O GARÇOM: “DA PRÓXIMA VEZ PEÇA NOSSO BIFE.” 

O macarrão se tornou a peça chave da dieta dos italianos no século XIII, depois que Marco Polo o trouxe da China, e chegou ao Brasil no começo do século passado, juntamente com o queijo, o vinho e outros produtos típicos da Itália.

Inicialmente, as massas eram caseiras e degustadas quase exclusivamente nos bairros italianos de algumas cidades — sobretudo das regiões sul e sudeste — mas a produção passou de artesanal a industrial, e o consumo, antes limitado aos nati e oriundi, se disseminou entre os brasileiros.

Macarrão sem molho é como pastel sem recheio ou pizza sem cobertura. As versões sugo e bolonhesa são mais populares porque carbonara, putanesca, bechamel, gorgonzola e quatro queijos levam mais ingredientes, dão mais trabalho e demoram mais para ficar prontos.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Convites de presidente não se recusam, sobretudo quando são dirigidos a autoridades que estão na mesma cidade e sem compromissos que as impeçam de comparecer. Assim, a ausência de Hugo Mota e Davi Alcolumbre na cerimônia de assinatura da lei de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$5 mil teve mais destaque que o projeto e mostrou que o desacerto vai além de atritos com líderes petistas. Ademais, ambos negaram prestígio aos festejos da bandeira de campanha pela reeleição; evitaram ouvir do presidente palavras de apreço para tentar desanuviar o clima e ainda procuraram produzir um efeito demonstração para as tropas mais fiéis aos comandantes nas duas Casas.

A história nos conta que, na vigência da democracia, presidente da República em contraposição acentuada ao Congresso Nacional tanto pode ficar vulnerável ao extremo de um impeachment quanto se tornar alvo de derrotas constantes ao ponto da ingovernabilidade. Se o Parlamento é o dono do jogo, cabe ao chefe do Executivo calibrar os lances a fim ao menos de conseguir um empate. 

Embora a campanha eleitoral já tenha começado e sua queda de popularidade pareça ter se revertido, Lula sabe que a batalha não está ganha. Enquanto Motta e Alcolumbre não tiveram oponentes nas eleições para Câmara e Senado, são de partidos de oposição e se identificam ideologicamente com a maioria, o xamã petista tem muito a perder se não descer do palanque para se dar ao sacrifício do beija-mão.

Por outro lado, fabricou-se Praça dos Três Poderes uma crise que nasceu do nada e parecia conduzir a lugar nenhum, mas cujos objetivos vão ficando claros, e o cerco ao Grupo Fit — ex-Refit — é a penúltima evidência de que a cortina de fumaça criada a partir das desavenças da cúpula do Congresso com o Planalto é pequena para ocultar o fogo que arde nos escândalos.

É um caso clássico de devedor contumaz — eufemismo para ladrão do dinheiro que deveria financiar serviços públicos como saúde, educação e segurança. O projeto de lei que tipifica o devedor contumaz dormitou nas gavetas do Senado durante anos, até que a operação Carbono Oculto revelou a relação de sonegadores inveterados com o crime organizado. Em votação unânime, os senadores aprovaram o projeto antissonegação, que agora está paralisado na Câmara.

Depois da operação policial que matou 121 pessoas no Rio de Janeiro, o Centrão tentou manietar a PFl. Dias antes, o governador fluminense havia acionado a procuradoria do estado para anular a interdição da Refinaria de Manguinhos, joia da coroa do Grupo que reaparece agora pendurado de ponta-cabeça nas manchetes.

As barricadas derrubadas no Congresso pelas investigações e pela reação da sociedade escondem pavor dos parlamentares de uma associação com a delinquência. PEC da Blindagem, proteção a sonegadores, constrangimento ao BC em meio às investigações contra o banco Master.

Haja cortina de fumaça!


Na hora da pressa (ou da preguiça), uma macarronada ao alho e óleo vai bem (desde que o “óleo” seja um azeite extravirgem de boa qualidade), mas o “Spaghetti Cacio e Pepe” é uma alternativa interessante. O preparo se resume a cozinhar a massa, envolvê-la numa mistura cremosa de parmesão, azeite e pimenta-do-reino e degustá-la pura ou acompanhada de almôndegas, carne assada, bife à milanesa ou à rolê, linguiça frita, etc. Você vai precisar de:  


— 1 pacote (500g) de Spaghetti;


— 250g parmesão ralado;

— 60 ml azeite extra virgem;

— 2 conchas da água do cozimento da massa;

— Pimenta-do-reino preta a gosto.

Observação: O espaguete é o formato mais popular e consumido em todo o mundo (entre 30% e 50% de participação no mercado, conforme a região), mas você pode substituí-lo por talharim, fettuccine, farfalle e até fusilli nessa receita.


O preparo é bem simples:

1) Rale o parmesão, misture o azeite e a pimenta-do-reino e reserve; 

2) Cozinhe a massa em água fervente “salata come il mare” pelo tempo indicado na embalagem;


3) Adicione 2 conchas da água do cozimento à tigela com o queijo ralado, o azeite e a pimenta até formar um creme; 


4) Despeje esse creme sobre a massa cozida, misture delicadamente e sirva imediatamente.


Bom apetite. 

sábado, 29 de novembro de 2025

CELULAR NOVO? VEJA COMO TRANSFERIR OS DADOS

FUJA DE QUEM DE TUDO SE QUEIXA.


Houve tempo em que as coisas eram feitas para durar, mas a tenência, hoje dia, é induzir as pessoas ao consumo repetitivo (assista ao curta metragem Obsolescência Programada). 


Para tanto, os fabricantes lançam novas versões de seus produtos em intervalos de tempo cada vez mais curtos, e seus marqueteiros passam ao público-alvo a ideia de que as novas funcionalidades (que em muitos casos não passam de inutilidades) justificam a substituição de algo em perfeitas condições de funcionamento por um modelo supostamente superior.


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


O teatro farsesco — um tipo de comédia surgido na Idade Média, onde personagens caricaturais provocavam gargalhadas encenando enredos absurdos e grotescos — está ora em cartaz no Congresso. 

No Senado, Davi Alcolumbre rompeu com o líder do governo, Jaques Wagner, diante da indicação de Jorge Messias em de Rodrigo Pacheco para a vaga de Barroso no STF. Na Câmara, Hugo Motta se desentendeu com Lindbergh Farias após barrar a tentativa da oposição de recuperar a equiparação entre facções criminosas e terroristas no projeto de lei antifacção — aliás, eles já haviam se estranhado durante o motim bolsonarista, em agosto. Mas nem Alcolumbre nem Motta têm colhões para peitar Lula, que orientou o voto contra o texto de Guilherme Derrite, pupilo do governador bolsonarista Tarcísio de Freitas.

Quem não quiser fazer papel de bobo deve reparar não em Messias ou na proposta antifacção, mas no pano de fundo, que está impregnado de vestígios da investigação da Polícia Federal nas arcas podres do banco Master e das digitais dos oligarcas do Centrão. E mais: cabe à mesa diretora da Câmara — presidida por Motta — o ato administrativo formalizando a cassação do deputado Alexandre Ramagem, condenado pelo STF a 16 anos de prisão e perda do mandato parlamentar.

Mostrando que aprendeu com os mestres Carla Zambelli — que desfila seu mandato de deputada brasileira numa prisão em Roma — e Eduardo Bolsonaro — que coleciona faltas como deputado fantasma autoexilado no Texas —, o ex-diretor-geral da Abin deu uma banana a todos e fugiu com a família para Miami. Questionado por jornalistas, Motta se limitou a dizer que “vai analisar”.

A leniência de Motta é a prova provada de que autoridade é a soma das decisões que o poderoso toma, e mediocridade, a soma das hesitações e decisões que ele não toma. 

No comando da Camarilha Federal, o deputado paraibano baby-face usa sua autoridade para quase tudo, mas quando se trata de remover o entulho que se acumula embaixo do tapete verde, essa autoridade vira mediocridade.


A vida útil do smartphone está atrelada às atualizações do sistema. O Google lança novas versões do Android anualmente, mas os fabricantes as implementam de acordo com políticas próprias. Assim, enquanto os modelos de entrada recebem uma única atualização e patches de segurança por dois anos, os modelos "premium" chegam a receber até 7 atualizações do Android e 7 anos de suporte de segurança.


A despeito de o aparelho funcionar normalmente após o período oficial de atualizações, mantê-lo em uso é arriscado, pois novas vulnerabilidades não serão corrigidas e alguns aplicativos (como o onipresente WhatsApp) podem deixar de funcionar. A boa notícia é que transferir dados do dispositivo velho para o novo é simples, sobretudo se o backup da conta do Google estiver atualizado: ao ser ligado pela primeira vez, o próprio sistema se propõe a restaurar uma variedade de informações, incluindo mensagens, aplicativos, fotos e configurações personalizadas — lembrando que ambos os aparelhos devem estar carregados e conectados à Internet através de uma rede Wi-Fi estável

 

Antes de qualquer outra coisa, acesse as configurações do Android no celular antigo, vá até Google, toque em Backup, certifique-se de que todos os itens relevantes — aplicativos, histórico de chamadas, contatos, configurações do dispositivo, SMS e fotos e vídeos — estejam incluídos no backup e toque em Fazer backup agora, Em seguida, ligue o aparelho novo e conecte-o à sua rede Wi-Fi. O Android oferecerá a opção de copiar dados com ou sem o uso de um cabo; se você escolher não usar um cabo, selecione Está sem o cabo? e siga as instruções para restaurar o backup da nuvem.

 

Se preferir o método manual, certifique-se de que seus contatos estejam salvos na conta Google (ao fazer login na mesma conta a partir do celular novo, eles serão sincronizados automaticamente). Caso utilize algum serviço de streaming, é só baixar o aplicativo no novo dispositivo e fazer login; para músicas salvas localmente, transfira os arquivos via cabo USB ou use serviços de nuvem como Google DriveUse o Google Fotos para transferir imagens e vídeos, o Google Drive para os demais arquivos, e Google Agenda para sincronizar automaticamente os eventos.

 

Antes de vender ou doar o celular antigo, acessar Configurações, tocar em Sobre o telefone e selecionar Restaurar > Restaurar dados de fábrica garante que seus dados pessoais não serão acessados por quem não deve ter acesso a eles.


Boa sorte.

sexta-feira, 28 de novembro de 2025

THANKS GOD IT´S (BLACK) FRIDAY

TUDO PELA METADE DO DOBRO DO PREÇO.

A Black Friday surgiu nos Estados Unidos nos anos 1960 e chegou ao Brasil em 2010. Tanto lá quanto cá, ela acontece na sexta-feira seguinte ao Dia de Ação de Graças. A diferença é que, aqui, maus comerciantes inflam os preços antes de aplicar os “descontos”, justificando a alcunha de Black Fraude e o bordão tudo pela metade do dobro do preço. Mas quem se dispuser a pesquisar pode economizar um bom dinheiro, tanto nas compras online como nas lojas físicas.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Bolsonaro apresentou pelo menos três versões sobre “meter o ferro de solda na tornozeleira”. A primeira aldrabice foi que ele bateu o dispositivo numa escada. Quando ela foi desmentida pelo plástico derretido, ele disse que fez o que fez por curiosidade. E quando essa versão também não colou, vieram os médicos para lhe atribuir uma alucinação causada por medicamentos, e os advogados para construir uma balela em “juridiquês castiço” — mas tão verdadeira quanto uma nota de três reais. Restou ao "mito" dos aluados fingir demência, mas doido que se preza come merda e rasga dinheiro.
E que raio de alucinação leva alguém a tirar a tornozeleira com a qual nunca se conformou? Ou a se insurgir contra uma condenação baseada no princípio segundo a qual as consequências sempre vêm depois? Não se trata de alucinação, mas de (mais) um insulto à inteligência alheia. E vale lembrar que fascistas, fascistóides e aspirantes a tiranetes não são doentes mentais, mas oportunistas desprezíveis que fizeram essa escolha política.
Moraes declarou na última terça-feira (25) o transito em julgado do processo em que o núcleo crucial da tentativa de golpe foi condenado. Bolsonaro deve cumprir sua pena de reclusão na sala VIP da Superintendência de PF do DF, para onde, aliás, ele já tinha sido levado após o episódio da tornozeleira.

As primeiras transações comerciais foram baseadas no escambo — sistema em que bens e serviços eram trocados diretamente. Conchas e metais preciosos passaram a ser usados como moeda de troca em 3.000 a.C., e as primeiras moedas surgiram na Turquia por volta de 600 a.C. — mesma época em que os chineses criaram as primeiras cédulas de papel. O cheque se popularizou no século XX, mas perdeu espaço para os cartões de crédito e de débito.

A ideia do cartão de crédito surgiu nos anos 1920, embora a primeira versão aceita pelo comércio tenha sido criada cerca de 30 anos depois, quando um certo Frank McNamara esqueceu a carteira ao sair para jantar com amigos em Nova York, apresentou seu cartão de visita, assinou a nota e prometeu pagar a despesa no dia seguinte. 

Já os cartões de débito surgiram nos anos 1980 para facilita a movimentação das contas bancárias — tanto nas agências quanto nos terminais de autoatendimento —, mas logo passaram a ser aceitos pelos lojistas, já que a transferência imediata do dinheiro eliminava os riscos de calote típicos do fiado e dos cheques sem fundo.

Observação: Até então, o cheque era a forma de pagamento à vista mais popular nos anos 1980, e os pré-datados funcionavam como um crediário informal para parcelar compras sem burocracia. Como havia poucos caixas eletrônicos naquela época, “trocar cheques” era uma prática comum, sobretudo nos fins de semana: a gente gastava Cr$ 10 na padaria do bairro, pagava com um cheque de Cr$ 50 e levava o troco em dinheiro. 

O DOC e o TED, criados em 1985 e 2002, respectivamente, foram amplamente usados nas transferências eletrônicas tupiniquins até serem superados pelo Pix, lançado em 2020, que trouxe mais agilidade e praticidade. Mesmo assim, os cartões de crédito e débito continuam sendo largamente utilizados. 

Nas lojas físicas, é indiferente usar um ou outro, mas nas compras online é mais seguro gerar um cartão de crédito virtual, já que a numeração, a validade e o CVV (código de segurança) servem para uma única transação, um número limitado de compras ou um prazo determinado. A emissão é feita pelo próprio usuário, através do aplicativo do banco, e os gastos são lançados na fatura do cartão físico vinculado ao virtual.

Observação: A despeito das camadas de criptografia e das precauções de segurança que bancos e empresas online utilizam, os golpistas sempre encontram maneiras de acessar os dados pessoais dos internautas. Compras fraudulentas são mais difícil contestar quando são feitas pelo cartão de débito, sem falar que eles permitem aos criminosos acessar a conta corrente e esvaziá-la antes que a vítima perceba.

Em viagens ao exterior, por não fornecer acesso direto à conta corrente do usuário, o cartão de crédito é preferível ao de débito. Mas vale lembrar que hotéis e locadoras de veículos costumam bloquear uma quantia específica no no check-in ou na retirada do carro, como forma de cobrir eventuais danos ou garantir a devolução do veículo. Como o valor bloqueado costuma ser significativo, é possível que o titular fique momentaneamente sem limite suficiente para outras despesas.

Boas compras.

quinta-feira, 27 de novembro de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 56ª PARTE

TANTO VA LA GATTA AL LARDO CHE CI LASCIA LO ZAMPINO.

Andrew Carlssin realizou mais de 100 operações de alto risco e lucrou quase US$ 350 milhões em apenas duas semanas. Acusado de usar informações privilegiadas, confessou ao FBI que sabia de antemão como o mercado se comportaria porque viera do ano de 2256, e se prontificou a revelar eventos futuros em troca da permissão de voltar para casa, na "nave temporal" que escondera para "evitar que a tecnologia caísse em mãos erradas".

Segundo os sites que relatam o caso, os agentes não encontraram registros de alguém chamado Andrew Carlssin antes de dezembro de 2002, quando foi feita a denúncia. Em fevereiro de 2003, a história desencadeou uma onda de especulações que até hoje alimenta teorias da conspiração.

 

Rastreando-se as menções até sua origem, descobriu-se que quem deu o "furo" foi o tabloide sensacionalista Weekly World News (com a ressalva de que a maioria dos casos relatados era fictícios). Algumas versões da notícia foram ilustradas com um flagrante da prisão, mas a foto era de um ex-gerente de fundos do banco Bear Stearns e não havia registros verificáveis de prisões relacionadas a esse caso específico nem registros da Securities and Exchange Commission (SEC) sobre operações fraudulentas com essas características.

 

Ainda que a economia norte-americana estivesse fortemente afetada pela Guerra do Iraque em 2003, alguém que investisse US$ 800 e lograsse êxito em 126 transações dificilmente obteria US$ 350 milhões em 14 dias. Ademais, se Carlssin revelou o paradeiro de Bin Laden, por que o fundador da Al-Qaeda só foi encontrado oito anos depois? E por que a cura da AIDS não foi descoberta até hoje?


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


O Centrão topou com duas das coisas que mais temia: um Bolsonaro destrambelhado e uma Polícia Federal autônoma.

Se tudo desse certo, Tarcísio de Freitas compraria o apoio de Bolsonaro com a apólice do indulto e o grupo trocaria a redução da dosimetria das penas pela PEC da Blindagem. Mas deu errado e, sem blindagem, gente como Ciro Nogueira e Antonio Rueda, barões da coligação União-PP, e os governadores Cláudio Castro e Ibaneis Rocha, são intimados pelos fatos a explicar os rombos do Master no instituto de Previdência do Rio e no banco de Brasília.

Na manhã de sábado, Tarcísio de Freitas correu às redes sociais para engrossar o coro de governadores e líderes de direita contra o despacho que trancou Bolsonaro na PF, mas calou-se depois que vieram à tona o vídeo com a tornozeleira derretida e as versos de que Bolsonaro esbarrou a tornozeleira numa escada, meteu ferro de solda na peça por curiosidade e que “teve um surto paranoico”.

O medo da irrelevância estimula Bolsonaro a protelar a transferência do que restou do seu legado e manter a ameaça de lançar a candidatura do primogênito Flávio ao Planalto. Com isso, o sonho de Tarcísio apodrece antes de ficar maduro, e a proposta de redução das penas, já descartada antes da prisão do condenado, derreteu junto com a solda usada por ele para violar a tornozeleira na madrugada de sábado. 

Os governadores Tarcísio, Caiado, Zema, Castro e Leite organizavam para a noite de segunda-feira um jantar em São Paulo, que, segundo Flávio Bolsonaro seria um “encontro de canalhas”.

 

Outro caso estranho aconteceu em junho de 1950. Consta que um homem surgiu misteriosamente na região de Manhattan (epicentro de NYC) e vagou desorientado pela Times Square. Quando foi abordado por um capitão da polícia, ele tentou fugir, foi atropelado por um táxi e teve morte instantânea. O policial imaginou tratar-se de um bêbado, mas a calça xadrez, o tecido do casaco, as fivelas de metal dos sapatos e o chapéu da vítima eram típicos da era vitoriana.

 

A hipótese de que o sujeito teria saído de uma festa à fantasia foi descartada quando o capitão encontrou com ele US$ 70 em notas e moedas aparentemente novas, mas impressas e cunhadas antes de 1876. Havia ainda uma espécie de recibo emitido por um estábulo — onde ele supostamente deixara seu cavalo — e uma carta enviada da Filadélfia para uma empresa na 5ª Avenida — cujo endereço não existia. Mas não foram encontradas impressões digitais, certidão de nascimento ou relatório de pessoa desaparecida com as características da vítima.

 

Buscando pelo nome que constava nos cartões de visita do falecido, o policial descobriu que um certo Rudolph Fentz Jr. havia morrido cinco anos antes. Em contato com a viúva, soube que o sogro dela, Rudolph Fentz, desaparecera misteriosamente no final dos anos 1800. Pesquisando na base de dados da polícia, encontrou o registro do desaparecimento de alguém com o mesmo nome, datado de 1876, e observou que a foto correspondia à aparência da vítima. No entanto, dadas as singularidades do caso, ele só mencionou suas descobertas depois que se aposentou.

 

Uma investigação conduzida em 2002 pelo ufólogo Chris Aubeck concluiu que não havia provas consistentes de que o episódio realmente acontecera, mas tampouco descartou a possibilidade. Há quem diga que a história foi criada pelo escritor Jack Finney, autor de uma antologia de ficção científica chamada About Time. O conto final, intitulado I'm Scared, retrata a história de Fentz desde seu surgimento em Nova York até o final das investigações, e a foto que pipocou durante anos em debates virtuais sobre o assunto era de um modelo fotográfico chamado Henz.

 

Casos como os de Carlssin e Fentz continuam circulando pela Internet e povoando o imaginário coletivo, ora como evidências ocultas de algo que não compreendemos, ora como boas histórias de ficção embaladas como notícia. Mas a possibilidade de haver uma centelha de verdade nessas narrativas nos convida a seguir adiante, mesmo quando o caminho passa por arquivos de jornais sensacionalistas, registros policiais duvidosos e relatos que soam mais como roteiro de filme B do que como documento histórico.

 

Continua...

quarta-feira, 26 de novembro de 2025

TRISTE BRASIL

De tão recorrente, o vitimismo político se tornou um padrão nesta banânia.

De D. Pedro I, forçado a abdicar em 1831, ouvimos que “abria mão do cargo para "que o Brasil sossegasse".

Em 1954, Vargas tirou a própria vida (se é que não foi “suicidado”) e deixou uma carta melodramática afirmando que "saía da vida para entrar na História”.

Em 1961, Jânio Quadros afirmou que "forças terríveis o levaram a renunciar”. Vice do demagogo cachaceiro, João 'Jango' Goulart denunciou uma trama em que "não o deixavam governar" e foi apeado pelo golpe militar de 64.

Collor disse que caiu por conta de "um complô articulado por interesses contrariados"; Dilma, que foi vítima de uma "farsa"; Temer, que havia "uma conspiração contra seu governo". Lula, que ficou preso por 580 dias, pariu a seguinte pérola: "Eu sou uma jararaca; eles tentaram me matar e não conseguiram".


Em que pese esse passado de ressentimentos e lamúrias de imperadores e presidentes, ninguém foi tão constante na vitimização como Bolsonaro, seus familiares e seguidores. Além de requentar, amplificar e instrumentalizar ad nauseam a facada que levou às vésperas das eleições de 2018, o aspirante a tiranete perorou que "deu o sangue pelo país", numa tentativa de transformar um atentado em evento messiânico e idólatra.


No clássico "Purificar e Destruir", Jacques Sémelin anotou que muitos dos regimes mais autoritários e sanguinários da história foram justificados por uma violência redentora e restauradora contra inimigos da pátria que impedia o povo de atingir seu potencial.


No populismo, o povo é sempre trabalhador, moral, altivo, o verdadeiro representante da alma mais pura da nação, herdeiro legítimo dos bons tempos que construíram o país, e “eles”, os conspiradores que minavam os fundamentos da pátria como cupins.


A única saída para curar essa doença social era identificar os inimigos do povo e depois prender, exilar e matar. Não que os ditadores gostassem de violência. Eles a evocavam como um mal necessário para a restauração da ordem e passava a ser aceita como parte de uma guerra justa, legítima defesa, motivada por uma ira santa, patriotismo e sacrifício dos verdadeiros patriotas que sonham restaurar o passado glorioso que foi roubado por "eles".


Quanto mais crimes demandados pelos líderes do movimento, mais o vitimismo servia como justificativa moral e espiritual para os carrascos convocados naquela missão cívica. Mas a democracia pressupõe alternância de poder e é do jogo que grupos políticos distintos tenham vitórias e derrotas, entrem e saiam do poder.


Como ensinou Roger Scruton, a democracia é o regime em que os derrotados na eleição aceitam ser governados pelo grupo adversário e vão para a oposição em paz, desejando boa sorte a quem venceu e mostrando que o país está acima daquela disputa que se encerra. 


A lógica autoritária e tribal não reconhece adversários legítimos, apenas inimigos a serem destruídos. Toda disputa é existencial, e o destino da nação está sempre naquela disputa pelo poder que não admite derrota. Se o fim é a salvação do povo, todo meio é legítimo na luta, mesmo os mais violentos e arbitrários. E a maneira mais eficiente de convencer um cidadão comum a cometer atos criminosos, como invadir e vandalizar prédios públicos, é fazer com que ele acredite que ele é vítima, e que, naquela disputa, é matar ou morrer.


Foi essa lógica que alimentou o núcleo de desinformação da trama golpista bolsonarista — e funcionou por anos como central de produção de fantasias persecutórias, instigando e radicalizando parte da população contra as instituições, as urnas, as pesquisas e "eles".


Nenhum movimento político no país levou o vitimismo e o conspiracionismo tão longe quanto o bolsonarismo. Em 2018, ainda no hospital, Bolsonaro afirmou em rede nacional: "Eu, pelo que eu vejo nas ruas, não aceito resultado das eleições diferente da minha eleição". Três anos depois, diante de pastores, completou: "Só saio [da presidência] preso, morto ou com a vitória". "Não tenho ambição pelo poder, tenho obsessão pelo Brasil", repetia. "Deus me colocou aqui, e somente Deus me tira daqui". Depois da prisão, mais vitimismo: "Estou sendo humilhado. Não tem nada de concreto. Isso é perseguição".


Quando foi derrubado por um golpe militar, D. Pedro II tinha à mão todo o prestígio necessário para incendiar o país e provocar o caos. Muitos correligionários se ofereceram para pegar em armas e defender seu reinado, mas ele partiu sem vitimismo, sem bravata, sem transformar sua dor em chantagem. Aceitou o exílio com serenidade. Saiu como estadista, não como coitado — e nunca foi superado. Jamais teremos mais um brasileiro como D. Pedro II, mas poderíamos ter ao menos um mínimo de compostura.


Bolsonaro precisa de remédio que ofereça democracia, não de psiquiatra. Não existe droga química contra o fascismo. O remédio é a política, o exercício da democracia até onde ela deve e pode alcançar, que é fazer a defesa de si mesma. E para isso é preciso às vezes prender pessoas que cometem crimes.


Os advogados do ex-presidente insistem que seu cliente precisa ficar em casa para ter uma assistência permanente, eventualmente com aparelhos, etc., que na cadeia ele não teria. Mas a pergunta é: cadê o imbrochável, incomível e imorrível, para quem a Covid não passava de uma gripezinha mixuruca? Que estaria saudável para enfrentar uma campanha eleitoral, mas que vai morrer se ficar numa cela da Papuda?


Bolsonaro sempre foi contra punir fake news, porque mentir não é crime. Na esteira desse raciocínio, fingir demência também não é.


Inspirado em um artigo de Alexandre Borges