SE EXISTE UM DEUS, ELE É IMPESSOAL, POIS NÃO HÁ NADA DE PESSOAL NAS LEIS DA FÍSICA.
Enquanto o dogma se alimenta da rigidez, a ciência avança justamente por duvidar, por questionar o que hoje parece sólido.
Como nos lembram Platão no Mito da Caverna, Aristóteles com o axioma "o sábio duvida e o sensato reflete", e a própria ciência, só a dúvida e a revisão constante nos libertam das sombras.
Mesmo uma teoria científica robusta e testada é passível de refutação, já que o avanço científico depende da consciência de que todo conhecimento é, por definição, inacabado. O que enfraquece a ciência não é a dúvida, mas a arrogância das certezas definitivas. E é justamente essa maleabilidade que a torna tão poderosa — e tão diferente dos discursos religiosos que prometem respostas eternas.
CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA
Marx teria dito que a história se repete, primeiro como tragédia, depois como farsa. Não sei se alguém disse que a desgraça é cíclica, mas no Brasil isso parece fato. Com um Poder Executivo marcado por crises de confiança (Mensalão, Petrolão, Orçamento Secreto, entre outros) e um Legislativo fisiológico e corrupto (com PECs de blindagem e anistia), restou ao Judiciário atuar como tábua de salvação.
A atual composição do STF não empolga, mas não se pode negar que, diante de uma ameaça real à democracia, Alexandre de Moraes exerceu seu papel com firmeza, coragem e respaldo constitucional. Suas decisões se fundamentaram em dispositivos da Constituição que protegem o Estado Democrático de Direito — como os artigos 1º, 5º e 60 — além de leis penais que tipificam crimes contra a ordem democrática.
Pode-se gostar ou não de Xandão, mas não se pode negar que ele garantiu a lisura das eleições de 2022 e a estabilidade institucional. Em meio à tentativa de golpe, ele foi descrito como “a muralha entre o Brasil e a barbárie”. Sua atuação impediu que setores das Forças Armadas e do (des)governo Bolsonaro desestabilizassem os poderes constituídos. Como escreveu um articulista: “a história cobrará não apenas os que invadiram os prédios dos Três Poderes, mas também os que permitiram que a democracia sangrasse”.
O ministro Luís Edson Fachin, sucessor de Luís Roberto Barroso na presidência do STF, reafirmou uma frase que tende a se tornar mantra de sua gestão: “Ao Direito o que é do Direito, à política o que é da política.” Demonstrando consciência das ameaças ainda vigentes na Corte, reiterou sua total solidariedade a Moraes — que assumiu a vice-presidência do tribunal —, defendeu o equilíbrio da atuação dos magistrados, firmou que “um Judiciário submisso, seja a quem for, mesmo que seja ao populismo, perde sua credibilidade” e que não hesitará em zelar pelo “controle de constitucionalidade de lei ou emenda que afronte a Constituição”, e ressaltou ainda que a atribuição de “proteger os direitos fundamentais e preservar a democracia constitucional” não autoriza o tribunal a “invadir a seara do legislador.”
Num momento em que crescem críticas a decisões individuais das togas supremas, Fachin revelou seu apreço pelas decisões colegiadas. Tomado pelas palavras, parece convencido de que o principal desafio de sua gestão é devolver o STF à sua caixinha institucional na fase pós-tentativa de golpe.
Pode-se gostar ou não de Fachin, mas não se pode esquecer que, iluminado por uma epifania tão estranha quanto tardia, o então relator da Lava-Jato na Corte reconheceu a “incompetência territorial” da 13ª Vara Federal de Curitiba para processar e julgar o então ex-presidente Lula, e anulou as condenações nos casos do Tríplex e do Sítio — mesmo ambas tendo transitado em julgado no STJ e ele, Fachin, ter rejeitado esse argumento da defesa ao menos uma dezena de vezes.
A tabela periódica, originalmente formulada em 1869 por Dmitri Mendeleev, organizou os elementos então conhecidos com base em suas propriedades químicas. Desde então, ela passou por diversas atualizações à medida que novos elementos foram descobertos e os conhecimentos científicos se aprofundaram.
Ao contrário de crenças que, como os vaga-lumes, brilham na escuridão para seduzir os menos esclarecidos, a ciência se fundamenta na revisão constante de suas ideias, guiada por evidências — até porque o verdadeiro conhecimento exige ir além das aparências e questionar criticamente as narrativas que escolhemos seguir. E a capacidade da ciência de evoluir à luz de novas evidências não apenas a fortalece, como a diferencia de sistemas dogmáticos.
Voltando à tabela periódica, o que começou como um modelo com menos de 70 elementos hoje inclui 118 oficialmente reconhecidos, além de previsões teóricas para elementos ainda não sintetizados, refletindo não só uma ordem natural, mas também a evolução do próprio pensamento humano na tentativa de compreender e sistematizar o universo de forma racional, verificável e aberta à mudança.
Segundo um estudo publicado no site NewScientist, uma versão revista e expandida da tabela prevê a existência de inúmeros íons altamente carregados. Esses íons possuem propriedades eletrônicas únicas, o que os torna candidatos promissores para a construção de relógios atômicos ainda mais precisos do que os atuais.
A precisão é um requisito fundamental para o funcionamento de diversas tecnologias modernas, como sistemas de navegação por satélite, redes de telecomunicações e experimentos científicos que exigem medições temporais exatas. Um relógio atômico mais preciso não mede apenas segundos com mais exatidão; ele nos permite investigar fenômenos sutis da física, como variações na gravidade, mudanças na constante fundamental do universo e até testar teorias cosmológicas com maior rigor.
Em suma, ao contrários das certezas pré-concebidas e imutáveis, o conhecimento científico é uma ferramenta viva que constantemente amplia nossos horizontes.