sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

O Estadista Global e o povo brasileiro

Embora o assunto não se encaixe nos moldes convencionais aqui do Blog, estamos em ano eleitoral, o que, a meu ver, justifica publicar esta postagem.
Nosso conspícuo Presidente – que deve “pendurar as chuteiras” no final deste ano, já que a Constituição não o autoriza a se candidatar a um terceiro mandato consecutivo – foi agraciado com o título de ESTADISTA GLOBAL. (Devido a uma inoportuna crise de hipertensão, todavia, ele se fez representar pelo chanceler Celso Amorim, quebrando uma regra áurea de Davos, segundo a qual uma terceira pessoa não pode ler o discurso de outra).
Enfim, é motivo de orgulho para qualquer nação ter seu mais alto mandatário visto com bons olhos pelas elites mundiais, e isso certamente deverá elevar ainda mais a popularidade de Lula aqui pelas nossas bandas. No entanto, sem embargo do destaque de sua gestão no combate à pobreza mundial, no apoio à democracia e à estabilidade política na América Latina, ficaríamos ainda mais satisfeitos se o Presidente tivesse cuidado melhor do nosso próprio quintal: enquanto ele vem perdoando centenas de milhões de dólares em dívidas de países como Moçambique, Nicarágua, Nigéria, Bolívia, Cabo Verde e Cuba; gastando milhões de reais com cartões de crédito corporativos; cogitando aumentar a carga tributária e criar mais uma loteria para ajudar clubes de futebol a pagar suas dívidas com o INSS (?!), falta-nos dinheiro para solucionar problemas comezinhos, tais como o aumento aos aposentados e o aprimoramento da educação, saúde e segurança pública, apenas para citar alguns exemplos.
Ainda que Lula não seja o “bicho-papão” que muita gente temia, ele se revelou um governante um tanto “ingênuo” e sujeito a convenientes “lapsos de memória”. Para piorar, o PT provou não ser o obelisco da probidade cantada em prosa e verso por seus militantes, quando faziam oposição ao governo. Basta lembrar a sucessão de escândalos que eclodiram durante sua administração, conspurcando a imagem de alguns de seus ícones mais proeminentes – como os “Josés” Dirceu e Genoíno – e fazendo com que as maracutaias da era Collor parecessem coisas de principiante.
Tenho comigo que a pior democracia é melhor do que a melhor das ditaduras – aliás, passei boa parte da minha infância e toda a adolescência sob os ditames de um regime de exceção, e talvez por isso não simpatize com fardas ou com quem as veste. Mas basta ler os jornais ou assistir aos tele-noticiários para ver a que ponto chegou a desfaçatez de alguns de nossos ínclitos representantes. É um escândalo atrás do outro, e à medida que os primeiros cedem espaço para os subseqüentes, tudo acaba em pizza e os envolvidos retronam nas eleições seguintes, numa interminável dança das cadeiras onde, ao invés de se tirar um assento toda vez que a música pára, criam-se mais lugares para acomodar novos calhordas travestidos de “suas excelências”.
E viva o povo brasileiro!

Passemos agora à nossa tradicional anedota de final de semana:

Um ministro português recebeu, em Lisboa, um ministro angolano. Simpático, o anfitrião levou o convidado até sua casa, deixando-o espantado com a bela vivenda, em bairro de elite, com piscina e outros que tais.
- Com um ordenado que não chega a seis mil Euros limpos, como é que o meu amigo conseguiu tudo isto?! - perguntou o angolano. - Não me diga que era rico, antes de ir para o Governo...
O ministro português sorriu, disse que não, e em jeito de quem quer dar explicações, convidou o colega a ir até à janela.
- Estás a ver aquela auto-estrada?
- Sim - respondeu o angolano.
- Pois ela foi adjudicada por 100 milhões, mas na verdade só custou 90 – disse o português, piscando o olho.
Tempos depois, o ministro português foi de viagem a Luanda. O ministro angolano quis retribuir a simpatia, e convidou-o a ir lá a casa – um palácio com amplas varandas, jardins japoneses e piscinas em cascata. Impressionado, o português gaguejou perguntas sobre como era possível um funcionário público ter uma mansão daquelas. E o angolano levou-o à janela.
- Estás a ver aquela auto-estrada?
- Não...
- Pois...

Até segunda, se Deus quiser.