Primeiramente, agradeço os e-mails e recadinhos de Boas Festas com que alguns leitores prestigiaram este humilde blogueiro. No mais, como estamos iniciando mais uma semana "curta", com muita gente viajando ou fazendo preparativos para o réveillon, resolvi dedicar esta postagem a um assunto que nada tem a ver com o nosso habitual.
Dias atrás, lendo sobre as SETE MARAVILHAS DO MUNDO ANTIGO numa revista que encontrei no barbeiro, fiquei imaginando a trabalheira que deve ter dado a construção das pirâmides do Egito – aliás, a única “maravilha” remanescente da lista do poeta grego Antípatro de Sídon (~ 397 - 319 a.C.); as demais (Estátua de Zeus, Templo de Diana, Colosso de Rodes, Mausoléu de Halicarnasso, Farol de Alexandria e Jardins Suspensos da Babilônia) não resistiram ao peso dos séculos e já não existem mais.
Consta que as pirâmides foram construídas por volta de 2600 a.C, a 10 km do Cairo, e a maior delas (a de Quéops, o mais rico dos faraós) teria empregado a mão de obra de 100 mil operários durante 20 ou 30 anos. Até ser superada pela torre Eiffel, no século XIX da nossa era, ela reinou absoluta como a maior construção erigida pelo homem, com seus 2,6 milhões de blocos de granito, 228 metros de base, 150 metros de altura e área correspondente à de oito campos de futebol!
Considerando que a população mundial, na época, fosse de cerca de 20 milhões de habitantes – não sei qual a cota-parte que tocava ao Egito –, mobilizar 100.000 homens para realizar um capricho do Faraó me parece um pouco exagerado (sem mencionar que os soldados, mercadores, camponeses, funcionários, cortesões e sacerdotes egípcios certamente não puseram “a mão na massa”). Mais intrigante ainda é o fato de o local escolhido para o monumento ser cortado por um meridiano que divide os continentes e oceanos em duas metades iguais; a altura da pirâmide, multiplicada por um bilhão, corresponder aproximadamente à distância entre a Terra e o Sol, e sua circunferência, dividida pela altura, resultar no famoso número PI (3.1416). Como se isso não bastasse, a área em questão teria sido meticulosamente nivelada e aplainada – e não havia escavadeiras e motoniveladoras para auxiliar os pobres trabalhadores que, até cerca de 1.600 a.C., nem sequer dispunham de cavalos e carroças. Demais disso, os gigantescos blocos de pedra (pesando entre 2,5 e 15 toneladas), após serem recortados das pedreiras com instrumentos toscos e arrastados por muitos e muitos quilômetros, apresentavam arestas retas, faces lisas e encaixes de precisão milimétrica.
Mesmo levando em conta que a mão de obra provinha de trabalho escravo, seria humanamente impossível alguém suportar muitas horas ininterruptas de pesada labuta sob o sol escaldante do deserto. E ainda que os obreiros se revezassem em turnos, o período da noite ficaria prejudicado pela dificuldades de se iluminar artificialmente aquele gigantesco canteiro de obras. Assim, diante das limitações impostas pela carência de recursos, recortar, lapidar, transportar, instalar e ajustar uma média de 20 blocos por dia me parece uma projeção bastante otimista – e nesse ritmo, a obra levaria mais de 300 anos para ser concluída. Como o reinado de Quéops se estendeu de 2551 a 2528 a.C, a coisa parece não fazer muito sentido, não é mesmo?
Bom dia a todos e até amanhã.