Embora a política não seja o mote deste Blog, o profundo desgosto causado pela mesmice dos candidatos e pela cabecinha pequena - com todo respeito - dos eleitores pouco esclarecidos (a esmagadora maioria, infelizmente) me leva às seguintes ponderações:
Se você não se interessa por política, seu maior castigo será ser governado por quem se interessa.
É certo que ninguém mais tem saco para assistir à propaganda eleitoral obrigatória (a não ser como arremedo de programa de humor), mas ainda que o cenário político nacional recomende seguir a receita do “Actívia com Johnny Walker”, não custa lembrar que somos nós, eleitores, os responsáveis pela proliferação e perpetuação dos maus administradores.
A pior democracia é melhor do que a melhor das ditaduras, pois permite separar o joio do trigo – claro que para isso é preciso haver trigo em meio ao joio e sabedoria por parte do eleitorado. E tem mais: voto de protesto é quase sempre um tiro no pé.
Devido ao hábito de fazer piada da própria desgraça, nosso povo acaba elegendo aberrações como o Cacareco (rinoceronte do Zoológico de São Paulo, que foi o candidato a vereador mais votado nas eleições de 1958, com cerca de 100 mil votos) ou na eleição para prefeito aqui de Sampa, 30 anos depois (para bom entendedor...).
De nada adianta reclamar que o Governo é um circo onde o povo faz o papel de palhaço se você não faz sua parta para mudar esse quadro - ainfal, mais vale acender uma vela do que amaldiçoar a escuridão.
E já que falamos em horário eleitoral gratuito, é bom saber que de gratuito ele só tem o nome. Embora os partidos políticos não paguem por esse espaço, 80% do valor que as emissoras receberiam se o vendessem para os anunciantes é deduzido do imposto de renda – em outras palavras, “o governo banca o prejuízo”. Mas como o governo não gera recursos, quem paga mesmo essa conta somos nós, com o dinheiro dos impostos que incidem sobre tudo que compramos, vendemos ou recebemos.
Apenas para se ter uma idéia, a Receita Federal estima que, neste ano, cerca de R$ 850 milhões deixarão de ser pagos pelos meios de comunicação – quantia suficiente para bancar as reformas do Maracanã e do Morumbi para a Copa de 2014, que, juntas, custariam em torno de R$ 840 milhões.
E viva o povo brasileiro.