No final da década de 90, quando publiquei meus primeiros escritos sobre tecnologia da informação, eu já dizia que um sistema computacional é um “amálgama” de dois segmentos distintos, ainda que complementares (hardware e software), e que sua performance global depende de cada um dos dispositivos que o integram.
Aprendi com o mestre Carlos Morimoto (que considero um dos papas do hardware, ao lado de Laércio Vasconcelos, Gabriel Torres e outros expoentes de igual quilate) que qualquer PC será tão “rápido” quanto o for seu componente mais lento, devido à importância relativa de cada um. Como numa orquestra, onde mesmo o melhor dos maestros não consegue mascarar a incompetência de músicos chinfrins, uma CPU de ponta só irá mostrar todo seu poder de fogo se a placa-mãe (e respectivo chipset), o subsistema de memórias, a aceleradora gráfica, o HD e os demais componentes lhe oferecerem a devida contrapartida.
Passando ao mote desta postagem, vale lembrar que o HD, embora tido e havido por muita gente como mero dispositivo de memória de massa, influencia – e muito – a performance do sistema como um todo.
Numa seqüência de postagens publicada há cerca de 3 anos (clique aqui para acessar a primeira delas) eu ofereci uma visão detalhada do disco rígido, e retomei o tema em outras oportunidades, inclusive para dizer que a tecnologia SSD não deve demorar a aposentar os jurássicos drives eletromecânicos, responsáveis, atualmente, pelo principal “gargalo” dos sistemas computacionais (para saber mais, clique aqui).
Desta feita, volto ao assunto para recomendar a leitura de um post publicado pelo Kevin (para acessá-lo, clique aqui) que aborda de forma magistral as principais especificações dos discos rígidos (cuja complexidade confunde a maioria dos usuários na hora da compra, levando-os a se balizarem apenas pela capacidade de armazenamento de dados).
Antes de encerrar, vale dedicar algumas linhas à evolução dos discos rígidos por conta da velocidade vertiginosa com que a tecnologia substitui produtos de ponta por outros ainda mais avançados.
Veja o leitor que o primeiro HD, construído no final da década de 50, era composto por 50 pratos de 24 polegadas de diâmetro, custava cerca de 30 mil dólares e armazenava somente 4.36 MB (pouco mais que uma faixa musical em MP3). No entanto, se os fabricantes levaram décadas para romper a barreira do Gigabyte, a partir de então o espaço foi crescendo exponencialmente, e em poucos anos já tínhamos drives com capacidade superior a 100 GB. Mais recentemente, graças a uma nova tecnologia (gravação perpendicular), drives de 1 ou mais TB (1 Terabyte corresponde a 1000 GB) já podem ser encontrados no mercado a preços relativamente acessíveis.
Para entender melhor essa questão, tenha em mente que os HDs são compostos por 1 ou mais pratos revestidos por uma camada magnética (óxido de ferro), e que os dados são gravados e lidos por cabeças eletromagnéticas a partir da polarização dos elétrons. Considerando que a capacidade física dos discos é limitada, a gravação de mais e mais dados no sentido longitudinal, com alinhamento horizontal e posicionamento dos elétrons lado a lado acaba resultando num fenômeno conhecido como “superparamagnetismo”, em decorrência do qual bastam pequenas variações de temperatura para a ocorrência da inversão de polaridades espontânea dos elétrons, o que resulta na corrupção dos dados.
Já a gravação perpendicular – que, como o nome sugere, implica no alinhamento vertical dos elétrons – resulta num melhor aproveitamento do espaço físico do disco, elimina o superparamagnetismo e permite, conseqüentemente, aumentar a capacidade de armazenamento de dados.
Tenham todos um ótimo dia.