NÃO BASTA CAMINHAR; É
PRECISO CAMINHAR NA DIREÇÃO CERTA.
Vimos que é possível ter uma ideia aproximada da autonomia da maioria dos gadgets dividindo a amperagem da bateria pelo consumo do aparelho, embora isso não nos ajude a descobrir por quanto tempo
nosso smartphone é capaz de manter
uma chamada de voz ativa, por exemplo, ou nosso tablet, de exibir vídeos em streaming.
Para obter informações (superestimadas) sobre a autonomia desses aparelhos,
basta folhear os respectivos manuais do
usuário, que apresentam informações baseadas em "condições ideais"
que nada têm a ver com nosso quotidiano. Demais disso, também como vimos no
transcurso desta sequência, não faltam aplicativos
destinados a gerenciar a bateria,
apontar os vilões do consumo, encerrar tarefas gulosas executadas desnecessariamente
em segundo plano, e por aí vai, mas isso dificilmente
ajuda a decidir qual aparelho se adéqua melhor ao nosso perfil à luz da
autonomia teórica provida pela bateria.
Em tese, é possível comparar baterias a partir de suas
amperagens ─ uma bateria de 3.000 mAh, por exemplo, dobra a autonomia em relação a um modelo de apenas 1.500 mAh ─, mas na prática a teoria costuma ser outra.
Observação: Para quem não está lembrado, o mAh (miliampère/hora) é um submúltiplo
do Ah (ampère/hora) e corresponde a 3,6 coulombs (ou seja, a quantidade de
carga elétrica transferida por uma corrente estável de um milésimo de ampère
durante uma hora). Vale ressaltar que essa grandeza na quantifica a "potência"
da bateria (que costuma ser expressa em joule
ou watt/hora), mas sim sua capacidade de fornecer energia (que, em
última análise, corresponde à autonomia
do aparelho que ela alimenta).
O "X"
da questão são as diferenças do consumo
energético dos celulares, tablets, notes e assemelhados, que variam
conforme o perfil de cada usuário e
as tarefas impostas a cada aparelho.
Daí a maioria das dicas que vimos nas postagens anteriores envolverem
basicamente o uso balanceado dos
recursos e a desativação de funções
que se revelam desnecessárias durante a maior parte do tempo (quantas vezes
você já pareou seu smartphone com outro aparelho para transferir um arquivo via
Bluetooth?).
Outro fator digno de nota é a tecnologia usada por cada fabricante no desenvolvimento de seus
produtos. Traçando um paralelo com a indústria automobilística, temos que o
velho motor de 1.493 cm3
que equipava o "Fuscão 1500" (lançado pela VW em 1970) produzia
modestos 52 CV a 4.600 RPM, ao passo que o propulsor de 999 cm3 que equipa o Gol 1.0 gera 76 CV a 5.250 RPM (ou 112 CV quando equipado com um turbocompressor).
Fato é que, ao comparar gadgets
considerando somente as especificações técnicas
de suas baterias, você nem sempre levará para casa o modelo com maior autonomia. Isso se deve em parte à
configuração de hardware ─ os
componentes variam de um modelo para outro, como também a quantidade de energia elétrica que cada um deles utiliza para
funcionar ─ mas principalmente ao perfil
do usuário. Isso sem mencionar que dois
aparelhos de marca e modelo idênticos podem apresentar autonomias distintas quando equipados com chips de operadoras diferentes ─ o que não chega
a surpreender se retomarmos nossa analogia com os automóveis, pois um mesmo veículo
pode apresentar diferenças de rendimento
(tanto no desempenho quanto no consumo) se abastecido em postos diferentes e,
principalmente, se dirigido por
motoristas diferentes.
Observação: O software
também desempenha um papel fundamental no consumo energético. A propósito, vale
mencionar que a adoção da versão Mavericks
do iOS aumentou a autonomia dos MacBooks, dispensando a Apple de modificar o hardware ou substituir
a bateria por um modelo de maior capacidade. Outro aspecto digno de nota são os
apps, ou mais exatamente a maneira como eles são utilizados. Não
há bateria que resista por muitas horas com a conexão móvel com a Internet,
programinhas como o Facebook e o Instagram e a atualização automática de apps ativos e operantes durante todo o
tempo.
Para não estender demasiadamente esta postagem, veremos amanhã o que é calibrar a bateria e
como fazê-lo no Windows e no Android. Abraços a
todos e até lá.