quarta-feira, 15 de julho de 2015

MAIS SOBRE BATERIAS E COMO RECALIBRAR O MEDIDOR DE CARGA NO WINDOWS E NO ANDROID

NÃO BASTA CAMINHAR; É PRECISO CAMINHAR NA DIREÇÃO CERTA.

Vimos que é possível ter uma ideia aproximada da autonomia da maioria dos gadgets dividindo a amperagem da bateria pelo consumo do aparelho, embora isso não nos ajude a descobrir por quanto tempo nosso smartphone é capaz de manter uma chamada de voz ativa, por exemplo, ou nosso tablet, de exibir vídeos em streaming. Para obter informações (superestimadas) sobre a autonomia desses aparelhos, basta folhear os respectivos manuais do usuário, que apresentam informações baseadas em "condições ideais" que nada têm a ver com nosso quotidiano. Demais disso, também como vimos no transcurso desta sequência, não faltam aplicativos destinados a gerenciar a bateria, apontar os vilões do consumo, encerrar tarefas gulosas executadas desnecessariamente em segundo plano, e por aí vai, mas isso dificilmente ajuda a decidir qual aparelho se adéqua melhor ao nosso perfil à luz da autonomia teórica provida pela bateria.

Em tese, é possível comparar baterias a partir de suas amperagens ─ uma bateria de 3.000 mAh, por exemplo, dobra a autonomia em relação a um modelo de apenas 1.500 mAh ─, mas na prática a teoria costuma ser outra.

Observação: Para quem não está lembrado, o mAh (miliampère/hora) é um submúltiplo do Ah (ampère/hora) e corresponde a 3,6 coulombs (ou seja, a quantidade de carga elétrica transferida por uma corrente estável de um milésimo de ampère durante uma hora). Vale ressaltar que essa grandeza na quantifica a "potência" da bateria (que costuma ser expressa em joule ou watt/hora), mas sim sua capacidade de fornecer energia (que, em última análise, corresponde à autonomia do aparelho que ela alimenta).

O "X" da questão são as diferenças do consumo energético dos celulares, tablets, notes e assemelhados, que variam conforme o perfil de cada usuário e as tarefas impostas a cada aparelho. Daí a maioria das dicas que vimos nas postagens anteriores envolverem basicamente o uso balanceado dos recursos e a desativação de funções que se revelam desnecessárias durante a maior parte do tempo (quantas vezes você já pareou seu smartphone com outro aparelho para transferir um arquivo via Bluetooth?).

Outro fator digno de nota é a tecnologia usada por cada fabricante no desenvolvimento de seus produtos. Traçando um paralelo com a indústria automobilística, temos que o velho motor de 1.493 cm3 que equipava o "Fuscão 1500" (lançado pela VW em 1970) produzia modestos 52 CV a 4.600 RPM, ao passo que o propulsor de 999 cm3 que equipa o Gol 1.0 gera 76 CV a 5.250 RPM (ou 112 CV quando equipado com um turbocompressor).

Fato é que, ao comparar gadgets considerando somente as especificações técnicas de suas baterias, você nem sempre levará para casa o modelo com maior autonomia. Isso se deve em parte à configuração de hardware ─ os componentes variam de um modelo para outro, como também a quantidade de energia elétrica que cada um deles utiliza para funcionar ─ mas principalmente ao perfil do usuário. Isso sem mencionar que dois aparelhos de marca e modelo idênticos podem apresentar autonomias distintas quando equipados com chips de operadoras diferentes ─ o que não chega a surpreender se retomarmos nossa analogia com os automóveis, pois um mesmo veículo pode apresentar diferenças de rendimento (tanto no desempenho quanto no consumo) se abastecido em postos diferentes e, principalmente, se dirigido por motoristas diferentes.          

Observação: O software também desempenha um papel fundamental no consumo energético. A propósito, vale mencionar que a adoção da versão Mavericks do iOS aumentou a autonomia dos MacBooks, dispensando a Apple de modificar o hardware ou substituir a bateria por um modelo de maior capacidade. Outro aspecto digno de nota são os apps, ou mais exatamente a maneira como eles são utilizados. Não há bateria que resista por muitas horas com a conexão móvel com a Internet, programinhas como o Facebook e o Instagram e a atualização automática de apps ativos e operantes durante todo o tempo.

Para não estender demasiadamente esta postagem, veremos amanhã o que é calibrar a bateria e como fazê-lo no Windows e no Android. Abraços a todos e até lá.