VENCE DUAS VEZES QUEM, NO
MOMENTO DA VITÓRIA, VENCE A SI MESMO.
Nos primórdios da computação pessoal, Bill Gates teria dito que se a Microsoft
fabricasse carros, eles custariam 25
dólares e seriam capazes de rodar 1.000
milhas com um galão de gasolina. Em defesa das montadoras, a GM asseverou que o motor dos "MS-Cars" morreria frequentemente,
obrigando o motorista a descer do carro, trancar as portas, destrancá-las e
tornar a dar a partida para poder seguir viagem, fazendo uma analogia jocosa
com os constantes travamentos das antigas edições do Windows (clique aqui
para ler a íntegra da resposta).
É certo que a coisa melhorou muito a partir do lançamento do XP, que herdou o kernel (núcleo) do Windows
NT, mas isso não significa o fim das instabilidades, travamentos e aborrecimentos
que tais, até porque em muitos casos a culpa nem é do sistema, mas de drivers
de hardware inadequados, aplicativos mal-comportados, conflitos entre programas
e assim por diante. O lado bom da história é que uma saudável reinicialização geralmente repõe o bonde nos trilhos (e o
mesmo vale para celulares, smartphones, tablets, modems, roteadores, impressoras, decodificadores
de TV por assinatura e dispositivos eletrônicos assemelhados).
Observação: Reiniciar o computador também é fundamental
para a correta instalação de uma vasta
gama de aplicativos, para o reconhecimento de novos componentes de
hardware, para a validação de
atualizações de software e para uma
vasta gama de tarefas de manutenção.
Vamos ver a seguir por que isso ocorre, mas numa abordagem
elementar, livre de detalhes técnicos que fogem ao escopo e às possibilidades
desta matéria. Ao final, se pairarem dúvidas sobre o assunto, deixe um comentário e volte amanhã ou depois
para ler minha resposta.
1.
Alguns dos principais arquivos do sistema
(dentre eles o Registro)
não podem ser alterados quando o Windows
está carregado, de maneira que procedimentos como os mencionados dois
parágrafos atrás são validados somente após a reinicialização do computador.
2.
Na hipótese de problemas meramente pontuais, reiniciar o aparelho é mais prático e
rápido do que tentar descobrir as causas das anormalidades ─ aliás, se o
aborrecimento não se repetir de forma contumaz, saber o que o causou é
irrelevante; erros recorrentes, no entanto, devem ser investigados a fundo ─
mas isso já outra história e fica para outra vez.
3.
Tanto o sistema quanto os aplicativos e arquivos
que manipulamos são carregados na memória
RAM. Mesmo que o Seven
64-bits seja capaz de gerenciar até 192 GB de RAM, e que máquinas
top de linha tragam algo entre 6 GB e 8 GB dessa memória, ela sempre será finita. E à medida que a RAM se esvai, a memória
virtual entra em ação para impedir as aborrecidas mensagens de memória
insuficiente (muito comuns nas edições
antigas do Windows), mas como ela é baseada no disco rígido (que é muito mais lento que a memória física), o
resultado é uma significa redução do desempenho global do sistema. Então, para
restabelecer o status quo ante,
reinicie seu computador.
4.
Qualquer programa em execução ocupa espaço na
memória, mas alguns não liberam esse espaço quando são encerrados. Outros,
ainda, tornam-se gulosos durante a sessão e vão se apoderando de mais e mais
memória. O resultado é lentidão generalizada e, em casos extremos, travamentos
com direito à exibição de uma tela
azul da morte. A boa notícia é que geralmente basta reiniciar o
computador para tudo voltar a ser como dantes no Quartel de Abrantes.
5.
Costuma-se dizer que reinicializar
frequentemente o PC reduz a vida útil do
HD, embora esse componente seja dimensionado para suportar um número de
ciclos liga/desliga capaz de suportar improváveis 20 reinicializações diárias
por mais de seis anos. Então, muita
gente prefere deixar o sistema em stand-by
ou em hibernação. Ambas as
alternativas são válidas, naturalmente, mas somente porque fazem a máquina "despertar" bem mais rapidamente do que um
boot convencional. O problema é que prolongar
uma sessão do Windows por dias a fio (mesmo que ela seja seccionada por
suspensões e/ou hibernações) irá fatalmente implicar em lentidão ou
instabilidades que podem levar a um crash
total. Portanto, não deixe de reiniciar
a máquina ao menor sinal de problemas
iminentes.
Observação: Vale também fazer logoff e tornar a se logar, ou então esvaziar o cache do sistema (como vimos numa postagem publicada no
último dia 23). Se o problema persistir, reinicie o computador e um abraço.
6.
Conforme foi explicado em outras postagens, DLL
é a sigla de Dynamic Link Library e
remete a uma solução (desenvolvida pela Microsoft)
mediante a qual as principais funções utilizadas pelos aplicativos são
armazenadas em "bibliotecas" pré-compiladas e compartilhadas pelos
executáveis. Assim, quando um programa é encerrado, os arquivos DLL que ele utiliza permanecem carregados na memória, já
que existe a possibilidade de ele voltar a ser aberto ou de o usuário executar
outros programas que compartilham as mesmas bibliotecas. Com o passar do tempo,
no entanto, isso acarreta num desperdício significativo de RAM e, consequentemente, aumenta o uso do swap-file (arquivo de troca da memória virtual). Como a RAM é uma memória volátil ─ ou seja, capaz de reter os dados somente enquanto
está energizada ─, a reinicialização
"zera" os dados nela gravados e faz com que o sistema ressurja lépido
e fagueiro (ou nem tanto, dependendo do tempo de uso e da execução ou não dos
procedimentos de manutenção que eu sugiro regularmente aqui no Blog, mas isso
também é outra história e fica para outra vez).
Resumo da ópera: Mesmo
não sendo tão suscetível a crashes quanto seus antecessores, há situações que o
Seven só consegue contornar mediante
uma oportuna reinicialização ─ que
tanto pode ser levada a efeito pelo próprio sistema quanto pelo usuário,
conforme a configuração vigente. Com um pouco de sorte (e alguma oração, se
você tem fé), isso fará com que o aparelho volte a funcionar normalmente.
Observação: Reiniciar
um aparelho consiste basicamente
em desligá-lo e tornar a ligá-lo logo em seguida. O termo reinicializar não significa exatamente a mesma coisa, mas o uso
consagra a regra e não é minha intenção encompridar este texto discutindo
questões semânticas. Convém ter em mente, todavia, que desligar o computador interrompe o fornecimento da energia que
alimenta os circuitos da placa-mãe e demais componentes, propiciando o
"esvaziamento" das memórias voláteis. Já se recorremos à opção "Reiniciar" do menu de desligamento
do Windows, o intervalo entre o
encerramento do sistema e o boot subseqüente pode não ser suficiente para
permitir que os capacitores esgotem totalmente suas reservas de energia. Então,
para não errar, desligue o computador e
torne a ligá-lo depois de um ou dois minutos sempre que uma reinicialização
se fizer necessária.
Boa sorte a todos e até mais ler.