As manifestações ocorridas em junho de 2013, cujo gatilho
foi supostamente o aumento de R$ 0,30 nos preços do transporte público, levaram
milhões de pessoas às ruas para cobrar providências do governo – aliás, uma
parcela minoritária pugnava pela gratuidade do transporte, como se esse serviço
não tivesse custos (atender um pedido dessa natureza levaria o erário a bancar
integralmente a conta, ou seja, a despesa com transporte seria rateada entre
todos os ”contribuintes”, independentemente de eles usarem ou não o serviço). Mas
é importante salientar que, além da questão do transporte (que de certa forma
foi gota que levou o copo a transbordar), a população exigia do governo mais
educação, saúde e segurança pública, buscando consertar problemas
criados pelo Estado mediante um fortalecimento ainda maior do próprio Estado.
De uns tempos a esta parte, porém, a coisa mudou de figura.
O principal anseio da população (ou o que mais se evidencia) passou a ser a diminuição do Estado,
consubstanciada na redução da carga tributária, da burocracia, do número de
ministérios e do funcionalismo. O “ajuste fiscal”, da maneira como vem sendo
implementado, transfere o ônus do governo para o cidadão. Não dá mais para
suportar tantos encargos, nem – muito menos – tanta corrupção, já que uma parte
substancial dos recursos arrecadados é mal versada, como deixam claras as
maracutaias trazidas à tona pela Operação Lava-Jato.
Mas nem só de impostos vive o intervencionismo do governo.
Desde a promulgação da Carta Magna de 1988, foram criadas quase 5 milhões de
novas leis, medidas provisórias, decretos e emendas constitucionais para reger
a vida do cidadão, e algumas, de tão absurdas, viraram piada: em Vila Velha
(ES), um vereador propôs uma lei para impedir que as noivas se casem na igreja
sem calcinha?! Aliás, foi também no Espírito Santo que outra “sumidade”
resolveu proibir a presença do saleiro nas mesas de restaurantes, lanchonetes e
afins, como forma (pasmem), com o fito de prevenir a hipertensão arterial, como
se os cidadãos fossem incapazes ou perfeitos idiotas (talvez alguns sejam, já
que votaram em políticos como esses).
Mudando de pato para ganso, a corrupção institucionalizada,
o fato de o país ter sob investigação Eduardo
Cunha e Renan Calheiros
(presidentes, respectivamente, da Câmara
e do Senado), de os desdobramentos
revelados pelos agentes da PF levarem a crer que a caca não tardará a respingar
no Macunaíma dos pobres e no poste que sua (então) invejável popularidade
lhe permitiu nos impingir reto acima – que também estão sob suspeita – é que
deve levar, mais uma vez, milhões de pessoas às ruas de todo país neste domingo
(16).
Como ponderou o festejado jornalista Reinaldo Azevedo em seu blog, na postagem
deste sábado, “As pessoas sensatas
deveriam torcer para que, neste domingo, houvesse nas ruas muitos e muitos
milhões, um troço realmente acachapante, a indicar para Dilma que não dá mais.
Isso também poderia evidenciar aos políticos que é chegada a hora (...) A pior
coisa que poderia acontecer seria o insucesso do protesto. A presidente não
teria o que fazer com ele. Seria um indicador não de otimismo, mas de desalento
e de descrença, o que costuma anteceder decisões coletivas desastradas. Não há
como o povo na rua, neste domingo, ser o problema. Ele só pode ser a solução. É
a continuidade do governo que nos lança no escuro, não a sua interrupção.”
Bom fim de semana a todos e que Deus nos ajude.