Em pronunciamento à nação após ter seu mandato suspenso, Dilma se manteve fiel ao velho e batido ramerrão que vem repetindo dia após dia, afirmando que o processo de impeachment foi "fraudulento" e que não passou de um “golpe” ― muito embora, ressalte-se, o STF já tê-lo classificado como medida legítima e constitucional.
"Sofro a dor da
injustiça, mas não esmoreço", disse
a mulher sapiens. "Já sofri a dor indizível da tortura, a dor
aflitiva da doença, e, agora, sofro, mais uma vez, a dor inominável da
injustiça. O que mais dói nesse momento é a injustiça, é perceber que estou
sendo vítima de uma farsa jurídica e política. Mas não esmoreço. Olho para trás
e vejo tudo que fizemos. Olho para frente e vejo tudo que ainda precisamos
fazer. Eu fui eleita presidenta com 54 milhões de cidadãs e cidadãos
brasileiros. É nesta condição de presidente eleita pelos 54 milhões que eu me
dirijo a vocês neste momento decisivo para a democracia brasileira e para nosso
futuro como nação", concluiu sua insolência ― e essa patética asnice
logo repercutiu na mídia e nas redes sociais
Depois de uma sessão cansativa e pouco excitante, os
senadores decidiram, por 55 votos a
favor e 22 contrários, afastar a presidanta pelo prazo de 180 dias ― ou até
o julgamento final da ação, se isto ocorrer primeiro ―, dando início à fase de pronúncia na comissão especial
de impeachment no Senado.
Observação: O número de parlamentares inscritos para
discursar por, no máximo, 15 minutos, aumentou dos sessenta e poucos iniciais
para 71, e único parlamentar ouvido com atenção foi, pasmem, o ex-presidente e
atual senador por Alagoas Fernando
Collor de Mello (clique aqui para assistir ao vídeo), que
afirmou ter alertado o governo sobre
a possibilidade de afastamento da presidente e colocado sua experiência à
disposição, mas Dilma fez ouvidos de
marcador. “A autossuficiência pairava
sobre a razão”, concluiu o impichado. Já o discurso mais aplaudido pelos oposicionistas foi o de Aécio Neves, que criticou a condução da
política econômica do governo petista. "O desequilíbrio das finanças
públicas gera instabilidade no país, que faz com que os investimentos deixem de
vir e o desemprego passe a florescer”, disse o tucano. Quanta novidade!
Segundo Renan
Calheiros, a nova fase será conduzida pelo ministro Ricardo Lewandowski, atual presidente do STF, que terá a palavra final sobre os procedimentos e as questões
que surgirem. Os parlamentares poderão convocar testemunhas e requerer perícias
e auditorias sobre documentos, para determinar se há ou não motivos para a
deposição da petralha. Ao final, depois de ouvir a acusação e a defesa, a comissão
votará um novo parecer do relator ― agora sobre o mérito da ação ― e o encaminhará ao plenário, que, ainda por
maioria simples, decidirá se aceita ou não a pronúncia. Caso afirmativo, o
julgamento final acontecerá numa terceira e derradeira sessão plenária, quando
será preciso que pelo menos 54 dos 81 senadores (2/3) votem pela cassação
definitiva do mandato e suspensão dos direitos políticos da petista por 8 anos
(como ela já soprou sua 68ª velinha, sabe Deus se daqui a 8 anos... bom, deixa pra
lá).
Dilma Vana Rousseff
é a segunda presidente do Brasil a enfrentar formalmente um processo de
impeachment desde a redemocratização. O primeiro foi Fernando Collor de Mello,
que renunciou à presidência em dezembro de 1992, às vésperas do julgamento, mas
teve seus direitos políticos cassados mesmo assim. Cumprida a suspensão, Collor voltou à política, elegeu-se
senador por Alagoas, foi
absolvido pelo STF por falta de provas em abril de 2014 e, em outubro
daquele ano, derrotou a ex-senadora Heloísa
Helena, renovou seu mandato e continua ativo e operante, gozando de
trânsito livre no Congresso, embora seja investigado
na Lava-Jato (aliás, Maluf
também continua deputado federal, ainda que paire sobre sua careca um mandado
de prisão expedido pela INTERPOL ― coisas
da política brasileira).
Observação: Agora, além de acompanhar a evolução do
incipiente governo Temer, devemos
ficar atentos às etapas finais do processo de impeachment e às ações que
tramitam no TSE, pedindo a cassação
da chapa Dilma-Temer. Haja coração!
Michel Temer passou
hoje a ser o 41º presidente do Brasil. Desejo a ele toda a sorte do mundo, já
que seu “governo de transição” sofrerá
oposição ferrenha da petralhada ignara e irresignada, o que não ajudará nem
um pouco na árdua missão de descascar o monumental
abacaxi que lhe caiu no colo. Na melhor das hipóteses, ele dispõe de 30
meses para desatar o nó górdio
herdado da gerentona de arque, e precisa dar mostras de que está no caminho
certo logo de início, o que não lhe dá tempo nem espaço para erros. Seu
prometido “ministério de notáveis” não convenceu a maioria dos analistas e
críticos de plantão, mas seria querer demais de alguém que precisa manter um
olho na oposição e outro nos mercados, no PMDB
e nos demais partidos que darão sustentação a seu governo, sem mencionar a opinião pública, já que o peemedebista
não chegou à presidência pelo voto popular. Ainda que a nação (com a possível
exceção da petralhada) já não suportasse mais o governo incompetente e corrupto
protagonizado pelo deplorável trinômio Dilma-Lula-PT,
isso não significa necessariamente que ascensão de Temer ― e, por tabela, do PMDB
― agrade a gregos e troianos.
Observação: O ex-vice e agora presidente passou as
últimas semanas montando seu gabinete, com idas e vindas, dadas as críticas de
setores do empresariado e da sociedade civil, além de dificuldades para
acomodar os aliados dos quais precisará para tocar sua agenda no Congresso.
Assessores do peemedebista calculam que ele terá cerca de 60 dias para se
estabilizar politicamente e encaminhar medidas emergenciais econômicas no
Congresso. Se for bem-sucedido, a absolvição política de sua predecessora será
virtualmente impossível.
O presidente do Senado afirmou, em pronunciamento na sessão
de ontem, que o governo petista, com a repetição de erros que cometeu,
"perdeu a centralidade da nação, a defesa do interesse nacional”. “Nós
deixamos de fazer aqui, ao longo dos anos, o aperfeiçoamento institucional,
inclusive mudando essa lei, fazendo a reforma política e demonstrando,
sobretudo, o quanto é difícil esse processo de construção democrática”,
concluiu Renan. Mais uma vez: quanta
novidade!
Valeu pela paciência, pessoal. Abraços e até a próxima.
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