A GRANDEZA NÃO
CONSISTE EM RECEBER HONRAS, MAS EM MERECÊ-LAS.
Para encerrar
esta sequência, cumpre relembrar que a evolução tecnológica substitui aparelhos
de ponta por modelos ainda mais avançados em intervalos de tempo cada vez mais
curtos, e, consequentemente, provoca uma sensível redução no preço dos produtos
no exato instante em que eles são “superados” pelas opções mais avançadas.
As TVs de
altíssima resolução custam caro, mas já custaram bem mais. O primeiro modelo 4K no mercado nacional ― uma LG de 84” lançada em março de 2013 ―
chegava a absurdos R$ 45 mil. Seis
meses depois, a mesma LG lançou uma
versão com tela “menor” (65 polegadas) por R$
25 mil. Conforme a fila andou, o preço caiu, e hoje em dia já é possível
encontrar televisores 4K com telas
entre 40 e 50 polegadas por cerca de 10% desse valor. Aliás, o mesmo se deu com
as TVs HD, que custavam mais de R$20
mil às vésperas da Copa de 2006 e hoje saem por pouco mais de R$1 mil. Com crise ou sem crise, a
tendência é de queda, e, como de costume, os
pioneiros são reconhecidos pela flecha espetada no peito.
Se você não
está disposto a esperar mais alguns meses ― e não se incomoda em pagar mais
pela “novidade” ―, vá em frente. Até porque todo o seu conteúdo em HD, inclusive discos Blu-Ray, serão exibidos normalmente
nesses aparelhos, já que eles redimensionam as imagens para fazê-las ocupar
toda a tela ― embora isso acarrete certa perda de qualidade em relação ao
conteúdo em formato 4K nativo.
Todavia, nenhum disco ou player Blu-ray
é capaz de operar em 4K, pelo menos
por enquanto, já que novos padrões estão em desenvolvimento ― como o HEVC, que deve substituir o H.264 na transmissão de vídeo em TV aberta, Blu-ray ou via web e
oferecer qualidade de imagens similar à do H.264,
mas consumindo metade da largura de banda. Mas isso é uma história que fica
para outra vez.
Observação: Não gaste dinheiro em discos Blu-Ray
“remasterizados em 4K”. Isso não
passa de uma estratégia de marketing que visa iludir os incautos com conteúdo
reeditado em 1080p, que nem de longe
oferece a qualidade de um vídeo em 4K
“de verdade”. Blu-Rays, DVDs, vídeos em streaming, enfim, nada disso, com raras exceções, é
disponibilizado em 4K. E o mesmo se
aplica a games para Xbox One e Sony PS4. Os próprios estúdios de Hollywood utilizam, em sua
maioria, a resolução 2K (2048x1080
pixels), de modo que o HD e Full HD devem continuar dominando o
mercado por um bom tempo.
Todas TVs de
resolução maior são equipadas com processadores gráficos e algoritmos que criam
os pixels “faltantes” na imagem original (recurso conhecido como upscaling), de modo a evitar que as
imagens sejam reduzidas e exibidas entre bodas pretas, mas com algum prejuízo
na qualidade, pois o ideal é o conteúdo ter a mesma resolução nativa do
televisor.
Além do preço ― aspecto que já discutimos
linhas atrás ―, outra questão que desestimula a substituição de uma TV Full HD por um modelo 4K é o fato de o ganho de qualidade ser
quase imperceptível, diferentemente do que acontece quando se migra da
resolução padrão (720x480) para a alta definição. Então, a despeito do apelo
emocional que os fabricantes utilizam em suas campanhas de marketing, trocar
seu aparelho Full HD por um 4K, a esta altura do campeonato, só faz
sentido em caso de defeito cujo preço do conserto justifique a compra de um
televisor novo. Fora isso, fique com sua TV Full HD, pois ela ainda tem muita lenha para queimar.
Era isso, pessoal. Espero ter ajudado.