O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, no processo
mais longo de sua história, decidiu aprovar, na última terça-feira, o parecer
favorável à cassação do mandato de Eduardo
Cunha, que presidia a casa até ser afastado pelo STF, no início do mês passado (vale salientar que ele só perderá
definitivamente o mandato se pelo menos 257 dos 512 parlamentares que compõem o
plenário da Câmara votar nesse sentido, daqui a 3 semanas, mas isso já é outra
história).
A notícia em apreço teve grande repercussão na mídia,
merecendo até mesmo destaque pelo “Plantão da Globo”, que interrompeu a novela
das 19h para dar conta do voto decisivo, dado por Tia Eron, que assim conquistou seus
15 minutos de fama. Segundo a Folha,
a deputada baiana atacou colegas que criticaram seu sumiço, afirmando não ter
sido "abduzida", que estava se resguardando e que iria resolver “o problema que os homens não conseguiram
resolver”.
Em seu discurso final, o relator ponderou que os parlamentares estavam diante do maior
escândalo que aquele colegiado já julgou, uma trama para mascarar uma sucessão de crimes, uma verdadeira
“laranjada”. Eduardo Cunha, por
seu turno, continua alegando inocência, afirmando que vai recorrer da decisão, que
as tais contas na Suíça não são dele e blá, blá, blá ― com uma cara-de-pau tão
acintosa quanto a de Dilma, que se
diz injustiçada e afirma que só “pedalou” para manter os projetos sociais do
seu nefasto governo, e de Lula, que
tempos atrás se autodeclarou “a alma viva
mais honesta do Brasil”. Enfim, um acinte capaz de dar enjoo até mesmo a
porcos da Tasmânia!
Como dito linhas atrás, esse assunto foi abordado pelos
principais jornais ― e certamente terá desdobramentos que me levarão a
retomá-lo nas próximas semanas ―, razão pela qual não vou perder meu tempo nem
cansar o leitor com detalhes desnecessários. Em vez disso, vou relembrar um
assunto que também mereceu destaque na mídia, no final do ano passado,
protagonizada pela bancarrota de Eike
Batista, que personificou de forma lapidar a ascensão e a queda da economia
brasileira nos últimos anos.
A trajetória do criador do império EBX está umbilicalmente ligada ao desempenho da era Lula-Dilma, e seu fracasso espelha o
modelo de gestão petista na condução das finanças públicas. Como o leitor deve
estar lembrado, o empresário passou de aspirante a homem mais rico do mundo ―
ao mesmo tempo em que o Brasil assomava como potencial gigante da economia
mundial ― a um exemplo do que não fazer: mentir, esconder, mascarar.
O homem que chegou a ser chamado de “orgulho do Brasil” por
Dilma hoje enfrenta, dentro e fora do país, cobranças de dívidas, denúncias de
crimes contra o mercado financeiro, de lavagem de dinheiro, falsidade
ideológica e formação de quadrilha. No início do ano passado, seu patrimônio
negativa atingia a marca de R$1 bilhão,
devido a manobras equivalentes às pedaladas da sacripanta afastada.
Mais do que apenas uma história malsucedida, a derrocada de Eike Batista entrará para os manuais de
administração como uma lição a ser diariamente estudada. O tombo do antigo
Midas tupiniquim causou prejuízos a milhares de investidores ― incluindo o
BNDES ― e quebrou centenas de empresas fornecedoras. Somente o ITAÚ viu R$2,4 bilhões virarem fumaça com o derretimento
do império EBX. No total, o estrago causado por Eike chegou a R$29,2 bilhões!
Se vivesse num país sério, o ex-bilionário estaria muito
provavelmente atrás das grades. Como Lula
e Dilma, vale lembrar. Mas isso já é
outra história e fica para outra vez.
(Com informações extraídas de um artigo de Hugo Cilo, editor de negócios de IstoÉ Dinheiro).