Numa sessão que começou pouco antes das 10h00 da última terça-feira e se estendeu até as 2h38 da madrugada seguinte, o Senado aprovou, por 59 votos a 21, o parecer do senador Antonio Anastasia, promovendo a presidente afastada à condição de ré (clique aqui para conferir o voto de cada senador).
Observação: A demora nos trabalhos se deveu em grande parte aos artifícios de que lançaram mão os apoiadores da imprestável, que, a despeito de saberem que a derrota era favas contadas, abusaram, como de praxe, da falsa argumentação de que Dilma foi vítima de um “golpe”, e blá, blá, blá. Mas os integrantes da base do governo de transição tomaram medidas para acelerar os trabalhos ― no PSDB, somente o senador Aécio Neves, presidente da sigla, discursou, e a exemplo da legenda, oito parlamentares retiraram seus nomes da lista de inscritos, de modo a dispensar a interrupção dos trabalhos às 23h de ontem e o reinício nesta manhã de quarta-feira.
Embora estivesse presente, o senador peemedebista Renan Calheiros, atual presidente da Casa , absteve-se de votar ― com o propósito, segundo ele, “de se manter isento” (e depois dizem que os tucanos é que não saem de cima do muro!).
Após o apito final, esbirro dilmista José Eduardo Cardozo, responsável pela defesa da anta petralha, disse acreditar que ainda é possível reverter o resultado no julgamento final, embora reconheça que não “é uma situação fácil”. Cardozo afirmou ainda que poderá questionar no STF procedimentos das sessões de votação do impeachment que, em sua deturpada visão, prejudicaram o direito de defesa de Dilma e que poderiam gerar "nulidade" ― o que não chega a surpreender, vindo de quem orquestrou uma tentativa desesperada (e descabida) de suspender a votação, que acabou rejeitada pelo presidente do Supremo, que considerou que o motivo das solicitações “estranho” ao processo de impeachment.
Talvez por Cardozo e os defensores informais da assombração do Planalto abusarem do “direito de espernear” que ela acalente, de tempos em tempos, devaneios surreais de voltar ao poder. Pessoas que estiveram recentemente com Dilma dizem que ela está no “mundo da lua”, descolada da realidade política, agindo como se ainda fosse possível se alterar o cenário de seu impedimento e falando como se realmente fosse recuperar o cargo.
Enfim, depois de a defesa de Lula anunciar que vai recorrer ao Comitê de Direitos Humanos da ONU, parlamentares petistas ameaçam apela à Comissão de Direitos Humanos da OEA contra o julgamento de Dilma. Anunciam que vão acusar, inclusive, a omissão do Judiciário brasileiro . Como bem disse o jornalista Reinaldo Azevedo: “Fazer o quê? Einstein definia o louco como aquele que apela sempre a um mesmo procedimento ineficaz esperando obter resultado diferente, e os petistas, não é de hoje, enlouqueceram”.