O MUNDO NÃO
ESTÁ AMEAÇADO PELAS PESSOAS MÁS, E SIM POR AQUELAS QUE PERMITEM A MALDADE.
Depois de
confirmar diversos casos de superaquecimento e até explosão do cobiçado Galaxy Note 7, a Samsung interrompeu na terça-feira, 11, a produção e a
comercialização do modelo ― o que lhe acarretará um prejuízo entre 5 e 7,4
bilhões de dólares (há quem fale em 17 bilhões), sem mencionar o impacto
negativo que será inevitavelmente associado ao nome da empresa. No mês passado,
ela anunciou um recall global de 2,5
milhões de aparelhos, mas alguns modelos fornecidos em substituição aos
problemáticos se revelaram igualmente problemáticos, levando várias operadoras
norte-americanas a suspender tanto as vendas e quanto as trocas por unidades do
mesmo modelo. Vale frisar que nunca antes na história dos smartphones um
aparelho tinha recebido um recall de tal magnitude, nem tampouco tido suspensa
a produção das unidades de substituição.
Quanto à
causa do problema, suspeita-se de que um sistema de recarga defeituoso
danificava as baterias, fazendo com que elas superaquecessem, pegassem fogo e,
em alguns casos, explodissem, mas a Samsung
ainda não se pronunciou oficialmente, embora deva fazê-lo em breve, até para
preservar sua imagem no mercado. Para Jack
Narcotta, analista da Technology
Business Research, a empresa ainda não sabe exatamente o que deu errado com
as unidades de substituição do Note 7.
É improvável
que as baterias em si fossem o problema, uma vez que foram usados produtos
tanto da Samsung SDI quanto da Amperex, e tenha havido incidentes com dispositivos
de ambos os fabricantes.
Convém ter
em mente qua a Samsung possui muitos
modelos de smartphones, e nenhum deles registrou o mesmo problema. Mesmo assim,
a Apple e a Huawei devem se beneficiar comercialmente do fiasco do Note 7, mesmo que a gigante sul-coreana
abocanhe a maior fatia do mercado global de smartphones (22% no segundo
trimestre, segundo a IDC, enquanto a
Apple tem 12% e a Huawei 9%).
LULA ― O LEÃO FANHO, SEM DENTES NEM GARRAS
O profeta Lula
estava particularmente inspirado quando foi votar para prefeito em São Bernardo
do Campo, onde mora. “O PT vai
surpreender nesta eleição”, previu com precisão instantânea. Pois seu
partido surpreendeu mesmo, ao cair da terceira posição em número de prefeituras
em 2012 para décima neste pleito. “Quanto
mais ódio se estimula, mais amor se cria a favor”, disse, em forma de
oração. “Só há um jeito de eles tentarem
me parar: evitar que eu ande pelo Brasil”, ameaçou o santo guerreiro contra
o dragão da maldade da burguesia infame. O loroteiro está de volta, olê, olê,
olá!
Não tardou para as urnas o estarrecerem. Nem precisou sair
de casa: Orlando Morando (PSDB) e Alex Manente (PPS) disputam o segundo
turno em São Bernardo. O companheiro Tarcísio
Secoli, favorito do prefeito Luiz
Marinho, seu sucessor no Sindicato dos Metalúrgicos, do qual Lula ascendeu para a glória política,
ficou em terceiro, com menos de um quarto dos votos válidos: 22,6%. Em termos
proporcionais, superou o poste que ele elegeu em São Paulo em 2012: Fernando Haddad protagonizou o maior
vexame da história do partido ao ser massacrado pelo tucano João Doria, que o derrotou no primeiro
turno por 53,3% a 16,7%. Em gíria de turfe, Haddad nem pagou placê.
E no dia em que constatou que as eleições “consolidam a
democracia no Brasil”, Lula deu uma desculpa esfarrapada para o fiasco
histórico: “A imprensa está em guerra
com o PT há sete anos”. Para ele, “as
pessoas se enganam quando (pensam que) uma TV, um jornal, pode tudo. Não pode.
O povo é que pode tudo”. No caso, não lhe falta razão: numa democracia,
como reza a Constituição da República, todo o poder emana do povo e para ele é
exercido. As urnas não falam, mas o povo fala nelas. E a lorota de Lula tornou-se senha para a violência:
mais tarde, constatada a derrota de Haddad,
militantes petistas impediram que a repórter Andréia Sadi, da GloboNews,
concluísse um boletim ao vivo na sede do PT,
no centro de São Paulo.
Um tsunami de votos soterrou o partido que se diz da classe
operária, mas passou 13 anos, 4 meses e 12 dias usando o poder federal para
atuar como despachante de empreiteiros e amigos empresários emergentes que, em
troca de contratos superfaturados, engordaram os cofres dos petistas e do PT em proporções nunca ousadas antes.
Até recentemente, ingênuos, como o autor destas linhas, imaginavam que havia
apenas uma corrente de escândalos de corrupção ― Santo André, mensalão, petrolão, etc. –, conectados e
consequentes um do outro. Agora é possível perceber que não é só isso.
Trata-se, sim, de um assalto planejado,
organizado e realizado para esvaziar todos os cofres públicos ao alcance de
suas mãos.
A 53.ª (Arquivo X) e a 54.ª (Ormetà) fases da Lava-Jato trouxeram à tona revelações
impressionantes sobre a gestão dos desgovernos Lula e Dilma. Nunca
antes na História deste país um chefe da Casa Civil respondera por violações do
Código Penal. José Dirceu, “capitão”
do time de Lula em seu primeiro
governo, está preso em Curitiba, acusado de haver delinquido quando cumpria
pena na Papuda, em Brasília, condenado por corrupção e outros crimes pelo STF, no caso mensalão. Antônio Palocci Filho, primeira
eminência parda de Dilma, após ter
sobrevivido a 19 processos criminais no mesmo STF e ter violado o sigilo bancário de um pobre trabalhador, o
caseiro Francenildo dos Santos Costa,
foi recolhido ao xadrez, acusado de ter pago dívidas de campanha da chefe com
dinheiro sujo.
Gleisi Hoffmann,
ex-chefa da Casa Civil e senadora petista, é acusada de ter recebido R$ 1
milhão de propina da Petrobras para comprar votos. Acusação igual é feita ao
marido dela, Paulo Bernardo,
suspeito de haver furtado R$ 7 milhões em prestações mensais de funcionários do
Ministério do Planejamento que requeriam empréstimos consignados (o casal foi
denunciado em maio e passou à condição de réu no final de setembro).
Guido Mantega,
preso e solto pelo juiz Sergio Moro,
foi outro ex-ministro do Planejamento a protagonizar processo criminal, em que
foi delatado por Eike Batista, “bom
burguês” escalado por Lula entre
“campeões mundiais” do socialismo de compadrio, de havê-lo achacado no gabinete
do Ministério da Fazenda. Palocci também foi ministro da Fazenda de Lula, que se diz o mais “honesto dos
seres humanos”. Enquanto Dilma se
põe acima de suspeitas por não ter contas bancárias no exterior.
No palanque, a esquerda insistiu que Dilma foi usurpada por Michel
Temer, o vice duas vezes eleito com ela, no impeachment, cujo rito legal
foi cumprido à exaustão. Em São Paulo, Luiza
Erundina, do PSOL, e, no Rio, Jandira
Feghali, do PCdoB, pediram votos repetindo essa patranha de consolar devoto.
A ex-prefeita teve 3,2% dos votos e a carioca, 3,3%.
Fernando Haddad,
contrariando o comportamento belicoso de seus apoiadores, cumprimentou João Doria pela vitória. No entanto, a
agressão à repórter de televisão não foi, como devia ter sido, evitada por seu
candidato a vice, Gabriel Chalita,
nem por seu antigo colega de Ministério de Lula,
Alexandre Padilha, que, conforme
depoimento do colunista do Globo Jorge
Bastos Moreno, se mantiveram impassíveis diante do lamentável fato. Assim,
deram o sinal de que a oposição do PT
e aliados de esquerda não se limitará à irresponsável tentativa de impedir que
sejam feitos os ajustes sem os quais o Brasil não conseguirá recuperar-se da
crise provocada pela longa duração do próprio reinado na República.
O governo de Temer,
também cúmplice no desmantelamento do Estado brasileiro nas gestões petistas,
sofrerá boicote impiedoso. Mas a maior vítima será, como sempre, o cidadão, que amarga desemprego,
inflação e quebradeira. E se verá às voltas com vândalos nas ruas queimando
carros e quebrando vidraças. O PT
não é cachorro morto e seu chefão, Lula,
ainda será o leão rouco que ruge mesmo tendo perdido dentes e garras.
Reprodução de um artigo de José Nêumanne, publicado no último
dia 5, no Estadão.
Abraços a até mais ler.