Michel Temer estranhou
a repercussão da sua colocação (infeliz) sobre uma eventual prisão de Lula
provocar instabilidades no seu governo (mais detalhes nesta postagem). Em conversas off the record, o presidente esclareceu que se referiu à prisão preventiva,
não à prisão após uma eventual condenação. Vá lá que seja. Mas que foi uma
colocação infeliz, isso foi.
Na avaliação do
jornalista Ricardo Fiuza, a prisão do molusco abjeto trará instabilidade
para o Brasil enquanto não acontecer. Por mais que pipocassem manifestações da tigrada vermelha aqui e acolá ― como pipocaram quando Dilma
foi finalmente penabundada ― a sociedade já se conscientizou de que a
quadrilha que arrancou as calças do Brasil é petista. Por mais que a Lava-Jato
alcance outros partidos, os mais ameaçados por ela são os aloprados do Lula
― além do próprio.
Enquanto o capo di tutti i capi não for preso, o
Brasil estará mais instável pela sobrevivência da lenda e por sua utilização
para 2018. Se a Lava-Jato não for até o fim, a jararaca terá
veneno para fazer estragos em 2018. E não necessariamente com uma candidatura
própria: os genéricos estão por aí, facilmente identificáveis entre os que
defenderam do “golpe” a anta petralha, e os que se fingiram de paisagem quando
deveriam se manifestar sobre o impeachment. Por essas e outras, a lenda sempre
poderá ser reincorporada numa Marina Silva, num Ciro Gomes ou
noutra aberração capaz de requentar os delírios de esquerda.
Se Moro puser
o filho do Brasil atrás das grades, choverão protestos contra essa “arbitrariedade”,
essa “injustiça”, esse “ato fascista” contra um trabalhador (?!) humilde que
veio do nordeste, virou sindicalista, defendeu os direitos de seus pares,
tornou-se presidente e erradicou a miséria do Brasil. A prisão dele o tornará
um mártir, uma vítima inocente do poderio da mídia, das “zelites”, da direita
conservadora, da Justiça tendenciosa, e por aí vai (se o Brasil engoliu até a
comparação de Dilma com Getúlio, engole qualquer coisa).
Mas os movimentos de
rua da resistência democrática de aluguel vão passar. O povo perderá a
paciência para a lenda e tocará a vida, deixando os revolucionários a sós com
seu ridículo ― e aí eles próprios, que não têm causa ideológica alguma, botarão
a viola no saco e irão parasitar em outra freguesia.
Se a Lava-Jato
fizer o que tem de ser feito, o pai poderá escapulir pela mesma rota usada pelo
filho Luleco ― que já se amoitou no Uruguai, a pretexto de integrar
a equipe de um time de futebol de pouca expressividade.
Então, presidente Temer,
olhe bem para quem o senhor estende a mão. A jararaca está aí, a reputação do PMDB
é péssima e, para o Brasil, vossa excelência é o mordomo ― que no final
dos romances policiais sempre acaba levando a culpa.