Terminou ontem o primeiro semestre de um ano que, no réveillon
passado, prometia ser um oásis no deserto. Afinal, não haveria uma nova Dilma
depois de 2016, nem outro governo como o dela, que já se foi tarde. Além disso,
esperava-se que a deposição da anta vermelha e a derrocada de seu nefando
partido resolvesse boa parte dos problemas da nação.
Observação: Apesar da guinada da Lava-Jato em direção a
partidos como PMDB e PSDB, o PT ainda é, de longe, o partido mais associado à corrupção, segundo
levantamento da Ipsos neste mês. De acordo com o instituto, 64% dos
entrevistados afirmaram que o partido da estrela é mais associado à corrupção
na Lava-Jato; 12% citaram o PMDB e 3% o PSDB.
Mas não se imaginava que Joesley Batista viria a
abalar (ainda mais) os pilares da nossa (já combalida) republiqueta de bananas,
ou que Temer ― e Aécio, a grande esperança dos
antipetistas ― fosse tão corrupto quanto o próprio Lula (ou quase, porque o molusco eneadáctilo é um páreo duro). Ou
que a ação do PSDB contra a chapa Dilma-Temer fosse julgada antes das eleições
de 2018, e que a cachoeira de provas elencadas pelo ministro Herman Benjamin seria enterrada pelo
presidente do TSE e seus cupinchas,
para quem o que hoje é uma banana, amanhã ser uma laranja.
Seis meses se passaram, e o que temos hoje? Temos um presidente que entrará para a história não como o cara que reconduziu o Brasil à trilha do crescimento, mas como o primeiro presidente denunciado por corrupção no exercício do cargo. Temos um ex-governador que foi feito réu depois de Lula, e enquanto o petralha permanece empacado no quinto processo e aguarda a primeira sentença, o político carioca se tornou réu em outros 11 processos e foi condenado numa delas a mais de 14 anos de prisão.
Temos políticos do mais alto escalão confabulando em plena
luz do dia para salvar seus abjetos rabos, para se candidatarem nas próximas
eleições e não perderem a boquinha e o foro privilegiado. Temos um penta-réu,
pré-hóspede do sistema penitenciário tupiniquim e campeão absoluto em rejeição
popular, que quer voltar à presidência para “livrar o Brasil da corrupção”. Temos
um Congresso afundado até os beiços na lama e no descrédito, onde os presidentes
das duas Casas Legislativas ― e potenciais substitutos de Michel Temer na presidência da República ― são investigados pela
Lava-Jato por práticas nada republicanas.
Lamentavelmente, não temos uma oposição efetiva (e
não me venham falar no PSDB) nem
lideranças emergentes capazes de desbancar macróbios como Sarney, FHC e outros “caciques”
com décadas de janela e anos de vão de porta na putaria da política. Não temos magistrados
a quem possamos confiar cegamente a guarda da Constituição Federal ― haja vista
o papelão do presidente do TSE, que
também integra o STF, no julgamento
da chapa Dilma-Temer, ou a concessão
de habeas corpus a assassinos
condenados, como no caso do ex-goleiro do Flamengo Bruno Fernandes, solto por decisão monocrática do ministro Marco Aurélio ― o mesmo ministro que, na manhã de ontem, rejeitou monocraticamente o pedido de prisão preventiva feito pela PGR contra o senador Aécio
Neves e, consequentemente, restituiu-lhe o mandato parlamentar ― isso às
vésperas do recesso do Judiciário, que começa hoje e se estende por todo o mês
de julho.
Isso sem falar na soltura do mentor intelectual do Mensalão, o guerrilheiro de araque José Dirceu, tido pela patuleia como o “guerreiro do povo
brasileiro”, concedida pelo voto de 3 dos cinco membros da 2ª Turma do STF a pretexto de uma suposta “cruzada” contra as
prisões preventivas excessivamente prolongadas da Lava-Jato. Ou na decisão
estapafúrdia do ministro Fachin, que
tirou da alçada do juiz Moro 4 ações
derivadas das delações da Odebrecht
(3 contra Lula e 1 contra Eduardo Cunha) porque “elas não tinham relação como o Petrolão”.
Que o segundo semestre descortine um cenário mais
alvissareiro para os cidadãos de bem, que sustentam essa farra à custa de
impostos escorchantes e já não aguentam mais tanta corrupção.
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