domingo, 5 de novembro de 2017

HENRIQUE MEIRELLES PRESIDENTE?



Além da esposa Marcela e do filho Michelzinho, apenas 3% dos brasileiros parecem ter alguma simpatia pelo presidente Michel Temer. Segundo o Instituto Paraná Pesquisas, 87,4% dos entrevistados disseram que ele não representa o país; só 9,2% responderam positivamente e 3,5% não souberam ou não quiseram opinar. Mas é impossível negar que a economia melhorou substancialmente desde o peemedebista subiu de posto, depois que Dilma foi providencialmente penabundada do Planalto, mesmo que sua gestão não passe de um terceiro tempo dos governos petistas.

Pesquisas por amostragem devem ser vistas com reservas. Afinal, quem garante que alguns milhares de gatos-pingados representem quase 210 milhões de brasileiros, e que suas respostas permitam antecipar o que acontecerá daqui a um ano, quando ― e se ― 150 milhões de eleitores irão às urnas para escolher o próximo presidente?

Observação: Se”, porque estima-se que 30% desse total se absterão de votar, votarão em branco ou anularão o voto, sem mencionar que 2 milhões de eleitores regularmente inscritos estarão impedidos de votar porque não deram as caras nas 3 últimas eleições nem justificaram a ausência.  

Contrapõem-se ao estrondoso repúdio a Temer as intenções de voto amealhadas por Lula, o eterno “president-to-be” que aparece como líder absoluto em qualquer cenário. Pelo andar da carruagem, é possível que ele chegue a 2018 com 120% da preferência do eleitorado, a despeito de seus virtuais adversários pontuarem nas mesmas pesquisas. Mesmo assim, o último levantamento do IBOPE repetiu os números do Datafolha, indicando que tanto Lula quanto Bolsonaro pararam de crescer nas pesquisas ― até porque cada um deles tem seu nicho de seguidores, e esse número não é inesgotável. No entanto, se Bolsonaro pode roubar o eleitorado mais pobre de Lula, o petralha não pode roubar o eleitorado mais alfabetizado do concorrente.

Muita água vai rolar até outubro. O Demiurgo de Garanhuns é hepta-réu e já foi condenado a 9 anos e meio de prisão. Em sendo confirmada a sentença do juiz Sérgio Moro, a lei da ficha-limpa o afastará do páreo. Demais disso, se nada mudar no entendimento do STF quando ao cumprimento da pena após confirmação de sentença condenatória em 2 ª instância, Lula poderá ser hóspede do sistema prisional tupiniquim por ocasião das próximas eleições (torçamos).

Como boa parte dos eleitores é composta de desinformados (para não dizer “completos imbecis”), o nome do petralha é o mais lembrado pelos entrevistados, até porque muitos o associam ao período de bonança que reinou durante seu primeiro mandato ― devido a circunstâncias que não vou discutir agora, mas que dificilmente se repetiriam na atual conjuntura, caso o Parteiro do Brasil Maravilha voltasse a governar esta Banânia. Demais disso, ele já “vem candidato” desde 2014 ― e só não disputou a presidência porque a campanha “Volta, Lula” foi abortada pela ação de Dilmanta, que ameaçou dar com a língua nos dentes se não pudesse concorrer à reeleição. Para alguns, no entanto, bastaria o Exterminador do Plural passar duas semanas em Miami para a colônia brasileira da Flórida conseguir o impeachment de Trump e eleger o petista presidente dos Estados Unidos.

Depois da patética “caravana pelo nordeste”, o Deus Pai da Petelândia e sua trupe de circo mambembe ― com Dilmanta a reboque ― percorreram dezenas de municípios mineiros desfiando o rosário dos injustiçados, repetindo o ramerrão do perseguido pelas elites por favorecer os mais pobres, afirmando que o Redentor dos Miseráveis teve sua vida pregressa revirada e nada foi encontrado ― como se 7 processos, 1 condenação a 9 anos e 6 meses de prisão fossem “nada” ―, tudo com o propósito de granjear votos dos desvalidos, desinformados e despudorados de plantão. Até agora, o TSE vinha se fingindo de morto ― o que não surpreende se considerarmos quem é o atual presidente daquela Corte ―, mas parece que Lula e Bolsonaro entraram na mira do Tribunal por propaganda eleitoral antecipada (a legislação permite a propaganda somente a partir de 15 de agosto do ano da eleição e prevê multa de R$ 5 mil a R$ 25 mil para quem violar a restrição). No caso específico do Morubixaba dos Picaretas, o MPF questionou sua participação na “inauguração popular da Transposição de Águas do São Francisco”, em março deste ano, à luz de declarações que revelam a inequívoca intenção de anunciar e promover sua futura candidatura (de acordo com o TSE, não há questionamentos sobre os presidenciáveis tucanos Geraldo Alckmin e João Doria e o pedetista Ciro Gomes).

Mas o que tem Henrique Meirelles a ver com tudo isso? Nada. A não ser o fato de ele ter resolvido surfar na recuperação da economia e anunciar sua intenção de concorrer à presidência no ano que vem. Até a semana passada, o ministro vinha se esquivando de especulações a propósito, mas mudou o discurso na última quarta-feira, Dia de Todos os Santos, quando falou abertamente sobre os fatores que podem influenciar sua decisão (confira nesta matéria). Ato contínuo, Malu Gaspar publicou, na edição da revista Piauí que chega às bancas na próxima segunda-feira, que Meirelles recebeu R$ 180 milhões por serviços prestados à holding J&F, de Joesley Batista. A reportagem afirma ainda que o ministro, quando presidiu o conselho de administração da J&F (entre 2014 e 2016), assinou atas de reuniões e balanços de final de ano.

Para Meirelles, era tudo “fake”; o conselho nunca se reuniu.

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