É preocupante o fato de a greve ter
paralisado o país. Claro que contribuíram para isso a insatisfação popular com
um governo flibusteiro e desmoralizado, que houve infiltrados tirando a
castanha com a mão do gato, que a “comissão de gerenciamento de crise” tenha
sido inepta nas negociações, enfim... Mas isso nos leva a imaginar o que devemos esperar das próximas eleições: como se já não bastasse um criminoso condenado liderar as pesquisas
de intenção de voto para a presidência da Banânia, Dilma
e Aécio são os candidatos mais cotados
para o Senado no segundo maior colégio eleitoral do país ― e como são duas as
cadeiras a preencher, há espaço para os dois.
A greve dos caminhoneiros foi uma bomba de efeito retardado. Sua construção teve início ainda em 2008, quando o criminoso de Garanhuns resolveu estimular a economia oferecendo
juros baixíssimos aos compradores de caminhões. Só que a frota cresceu 40% nos últimos 10
anos, e a economia, 11% no mesmo período. Resultado: o excesso de caminhões
derrubou o valor dos fretes.
Mais adiante, a anta vermelha represou artificialmente o
preço dos combustíveis ― medida que, combinada com os efeitos nefastos do
Petrolão, levou a Petrobras à
bancarrota. Aliás, justamente quando a estatal se recuperava desse malogro
monumental, as negociações do governo para pôr fim à paralisação fez com que a estatal perdesse mais
de 100 bilhões de reais em valor de mercado.
A bomba explodiu no colo de Michel Temer, que encarregou Pedro
Parente de reverter os monstruosos prejuízos advindos das más gestões
anteriores. E como uma das medidas saneadoras do novo presidente da Petrobras foi precificar os
combustíveis fósseis de acordo com a variação do preço do petróleo no mercado
internacional, o diesel aumentou de três em três dias durante o último ano,
perfazendo uma elevação de 30% ― contra uma inflação oficial de míseros 2%.
Diesel caro e frete barato sufocaram os caminhoneiros, mas o governo só se
sensibilizou com o problema depois que a categoria paralisou o país. Culpar a Petrobras
pelo valor alto cobrado nas bombas é ignorar a existência dos outros fatores,
como os impostos, que representam dois terços do preço da gasolina e metade do
preço do diesel. E baixar impostos, só sob pressão.
Resumo da ópera: Um
presidente assessorado por Moreira
Franco, Eunício Oliveira e Carlos Marun não pode saber o que
fazer. O problema é que os caminhoneiros também não têm líderes. E se os dois
lados não têm líderes, como chegar a um acordo?
Josias de Souza,
repórter respeitado, diz que um auxiliar de Temer, em conversa telefônica com um congressista, disse na última segunda-feira que o presidente tem dado sinais de desânimo. O principal troféu de Temer
é a recuperação da economia ― que, convenhamos, já não era grande coisa, mas, com os atuais problemas, a previsão de crescimento deve ser revista para baixo.
E Temer tem outro problema com que
se preocupar: quando deixar o Planalto, será alvo de diversos inquéritos e estará
sujeito aos juízes de primeira instância.
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