Ao final da disputa eleitoral mais pródiga em desinformação da
história recente deste país, Jair Bolsonaro
derrotou o fantoche de Lula por uma
diferença de quase 11 milhões de votos e assumiu a presidência no último dia 1º.
No entanto, embora esteja mais que na hora de deixar de lado as rusgas de
palanque e buscar um Brasil melhor, a caterva vermelha — que torce e se
empenha pelo fracasso do atual governo — continua firme no propósito de
fazer oposição cerrada, inconsequente e perniciosa.
Lula, o dublê
de presidiário e eterno comandante em chefe da patuleia inconformada, diz-se
preocupado com o futuro do PT após a
eleição do candidato do PSL. De acordo com a colunista Daniela Lima, da Folha de S.
Paulo, durante uma conversa que teve com a ex-presidanta Dilmanta, a insuportável, e a senadora
rebaixada a deputada Gleisi Hoffmann,
a abilolada, o criminoso de Garanhuns ensinou que Bolsonaro
não foi eleito para governar, mas para destruir adversários políticos,
principalmente o PT e seu legado
(?!), e que vai endurecer seu discurso de combate à corrupção e de
criminalização da esquerda para “preencher o vazio” do governo, caso seu plano
econômico não avance nos primeiros meses de mandato.
O projeto de poder do PT,
adubado pelo mensalão e regado pelo petrolão, acabou sobrestado com o providencial impeachment de Dilma e
repudiado nas eleições de 2016. No entanto, continuará nos assombrando, qual um
egun mal despachado, enquanto Lula continuar a comandar o PT da carceragem da PF em Curitiba. Mas a verdade é que a
sigla não consegue se desvencilhar da imagem desgastada, impressa em cores
vivas no imaginário dos eleitores por escândalos de corrupção e a mais severa
recessão da história recente do país. Os valores do cidadão comum foram
completamente ignorados por seus “governos progressistas”, gestados e apoiados
pela classe “bem-pensante” de intelectuais e artistas.
O PT é como o escorpião da fábula. O cinismo da campanha de Haddad apenas exibiu as vísceras de um
partido que sempre agiu de forma antidemocrática e vocacionada ao crime, que
ora sangra em praça pública, mas que, mesmo desmascarado, insistiu no erro e expôs
ao constrangimento sua militância e seus eleitores (os que ainda guardam um
mínimo de dignidade).
Tão melancolicamente quanto o governo Temer, o lulopetismo
desaparecerá da política brasileira e entrará para a história como uma das
maiores organizações criminosas do continente. Para o demiurgo criminoso que um
dia se comparou a Jesus Cristo,
ficam as palavras de Guimarães Rosa:
“Uma
coisa é pôr ideias arranjadas, outra é lidar com país de pessoas, de carne e
sangue, de mil-e-tantas misérias… Tanta gente — dá susto de saber — nenhum se
sossega: todos nascendo, crescendo, se casando, querendo colocação de emprego,
comida, saúde, riqueza…”
Volto a dizer que Bolsonaro
não é uma “unanimidade nacional”, mas siam a opção que restou à parcela
pensante dos brasileiros depois que nosso “esclarecidíssimo eleitorado”
dispensou impiedosamente os candidatos que representavam um ponto de equilíbrio
e levou ao segundo turno os dois extremos do espectro político partidário. Diante
disso, entre o desastre anunciado e um caminho para o desconhecido, o bom senso
se sobrepõe ao dito popular norte-americano segundo o qual “BETTER THE DEVIL YE KEN THAN THE DEVIL YE
DON'T” — “melhor ficarmos com o diabo que conhecemos
do que com o que não conhecemos”, numa tradução livre.
De acordo com os resultados de uma pesquisa encomendada por Veja ao instituto Idea Big Data, realizada entre 17 e 20 de dezembro em 121
municípios brasileiros, 45% dos entrevistados acreditam que 2019 será melhor do
que 2018 (o maior percentual já registrado desde 2015). Para 70% das 2.300
pessoas abordadas, a vida pessoal neste ano será melhor que no ano passado, e
66% acreditam que a economia terá melhor desempenho (contra 10% em 2016). E a
percepção do mercado é parecida.
Na semana passada, depois de dois dias acompanhando à
distância o mercado externo, a cotação do dólar no Brasil encerrou a sexta-feira
(4) em torno de R$ 3,70, e índice BOVESPA fechou em alta pelo quinto pregão
consecutivo, renovando a máxima recorde de fechamento, com 91.944,83 pontos — no
melhor momento, o indicador subiu 1,24 por cento, renovando recorde intradia a 92.701,36 pontos.
Quando mais não seja, os presságios são alvissareiros. Mas o
governo tem muito trabalho pela frente. Sem falar que nossos parlamentares são
o que se sabe. Resta saber até que ponto a estratégia de fazer da mobilização
popular a principal garantia de governabilidade vai funcionar. Simples na
teoria, na prática é uma operação cuja complexidade ficará evidente à medida da
passagem do tempo. Até porque o povo tem mais que fazer. Mobilizações populares
têm prazo de validade e alcance limitado; euforia passa e se transforma em
expectativa por providências, e daí em cobranças por resultados. Se o tempo da
política é veloz, o da aflição popular é de um imediatismo atroz.
A ideia de que o presidente da República pode se ater ao
papel de animador de auditório enquanto um grupo de executivos (agora liderados
por Paulo Guedes na economia, Sergio Moro na probidade e pelos
militares na ordenação no andamento dos trabalhos) toca o barco é muito
parecida com a concepção adotada por Lula,
escreveu Dora Kramer em sua coluna na
edição de Veja desta semana. Com o
petista deu certo por longo tempo, mas são realidades diferentes. Além de ter a
economia com vento a favor, Lula
contou com ampla boa vontade até entre opositores. O “operário de esquerda” não
estava ali para ser contestado. Nacional e internacionalmente. Com o atual
presidente não é assim.
Bolsonaro foi
eleito em ambiente de intensa polarização e com boa parte de seus eleitores
fazendo a opção pelo que considerava o mal menor. Os radicais bolsonaristas
adeptos do “mito” são uma parcela ínfima dos 209 milhões de brasileiros, e
deles não obterá a sustentação necessária para governar durante os próximos
quatro anos. O presidente acertou ao detectar a demanda do eleitorado, mas
errará se insistir em não reconhecer que uma coisa é perceber o que as pessoas
querem ouvir numa campanha e outra muito diferente é dar a elas o que esperam
de um governo, cujo êxito depende da capacidade de planejamento, empenho na
execução das ações, habilidade para harmonizar o funcionamento das
instituições, destreza nas relações com o Parlamento e nenhuma, mas nenhuma
mesmo, concessão à crença autoritária (e, na democracia, fantasiosa) de que a
“força do povo” possa mover todas as montanhas.
Para encerrar com outro adágio popular: “De
boas intenções o inferno anda cheio”.
Sobrando uns minutinhos, assistam a este clipe:
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