segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

LULA, O DESPEITADO ARAUTO DA DESGRAÇA



Ao final da disputa eleitoral mais pródiga em desinformação da história recente deste país, Jair Bolsonaro derrotou o fantoche de Lula por uma diferença de quase 11 milhões de votos e assumiu a presidência no último dia 1º. No entanto, embora esteja mais que na hora de deixar de lado as rusgas de palanque e buscar um Brasil melhor, a caterva vermelha — que torce e se empenha pelo fracasso do atual governo — continua firme no propósito de fazer oposição cerrada, inconsequente e perniciosa. 

Lula, o dublê de presidiário e eterno comandante em chefe da patuleia inconformada, diz-se preocupado com o futuro do PT após a eleição do candidato do PSL. De acordo com a colunista Daniela Lima, da Folha de S. Paulo, durante uma conversa que teve com a ex-presidanta Dilmanta, a insuportável, e a senadora rebaixada a deputada Gleisi Hoffmann, a abilolada, o criminoso de Garanhuns ensinou que Bolsonaro não foi eleito para governar, mas para destruir adversários políticos, principalmente o PT e seu legado (?!), e que vai endurecer seu discurso de combate à corrupção e de criminalização da esquerda para “preencher o vazio” do governo, caso seu plano econômico não avance nos primeiros meses de mandato. 

O projeto de poder do PT, adubado pelo mensalão e regado pelo petrolão, acabou sobrestado com o providencial impeachment de Dilma e repudiado nas eleições de 2016. No entanto, continuará nos assombrando, qual um egun mal despachado, enquanto Lula continuar a comandar o PT da carceragem da PF em Curitiba. Mas a verdade é que a sigla não consegue se desvencilhar da imagem desgastada, impressa em cores vivas no imaginário dos eleitores por escândalos de corrupção e a mais severa recessão da história recente do país. Os valores do cidadão comum foram completamente ignorados por seus “governos progressistas”, gestados e apoiados pela classe “bem-pensante” de intelectuais e artistas.

O PT é como o escorpião da fábula. O cinismo da campanha de Haddad apenas exibiu as vísceras de um partido que sempre agiu de forma antidemocrática e vocacionada ao crime, que ora sangra em praça pública, mas que, mesmo desmascarado, insistiu no erro e expôs ao constrangimento sua militância e seus eleitores (os que ainda guardam um mínimo de dignidade). 

Tão melancolicamente quanto o governo Temer, o lulopetismo desaparecerá da política brasileira e entrará para a história como uma das maiores organizações criminosas do continente. Para o demiurgo criminoso que um dia se comparou a Jesus Cristo, ficam as palavras de Guimarães Rosa: “Uma coisa é pôr ideias arranjadas, outra é lidar com país de pessoas, de carne e sangue, de mil-e-tantas misérias… Tanta gente — dá susto de saber — nenhum se sossega: todos nascendo, crescendo, se casando, querendo colocação de emprego, comida, saúde, riqueza…

Volto a dizer que Bolsonaro não é uma “unanimidade nacional”, mas siam a opção que restou à parcela pensante dos brasileiros depois que nosso “esclarecidíssimo eleitorado” dispensou impiedosamente os candidatos que representavam um ponto de equilíbrio e levou ao segundo turno os dois extremos do espectro político partidário. Diante disso, entre o desastre anunciado e um caminho para o desconhecido, o bom senso se sobrepõe ao dito popular norte-americano segundo o qual “BETTER THE DEVIL YE KEN THAN THE DEVIL YE DON'Tmelhor ficarmos com o diabo que conhecemos do que com o que não conhecemos”, numa tradução livre.

De acordo com os resultados de uma pesquisa encomendada por Veja ao instituto Idea Big Data, realizada entre 17 e 20 de dezembro em 121 municípios brasileiros, 45% dos entrevistados acreditam que 2019 será melhor do que 2018 (o maior percentual já registrado desde 2015). Para 70% das 2.300 pessoas abordadas, a vida pessoal neste ano será melhor que no ano passado, e 66% acreditam que a economia terá melhor desempenho (contra 10% em 2016). E a percepção do mercado é parecida.

Na semana passada, depois de dois dias acompanhando à distância o mercado externo, a cotação do dólar no Brasil encerrou a sexta-feira (4) em torno de R$ 3,70, e índice BOVESPA fechou em alta pelo quinto pregão consecutivo, renovando a máxima recorde de fechamento, com 91.944,83 pontos — no melhor momento, o indicador subiu 1,24 por cento, renovando recorde intradia a 92.701,36 pontos.

Quando mais não seja, os presságios são alvissareiros. Mas o governo tem muito trabalho pela frente. Sem falar que nossos parlamentares são o que se sabe. Resta saber até que ponto a estratégia de fazer da mobilização popular a principal garantia de governabilidade vai funcionar. Simples na teoria, na prática é uma operação cuja complexidade ficará evidente à medida da passagem do tempo. Até porque o povo tem mais que fazer. Mobilizações populares têm prazo de validade e alcance limitado; euforia passa e se transforma em expectativa por providências, e daí em cobranças por resultados. Se o tempo da política é veloz, o da aflição popular é de um imediatismo atroz.

A ideia de que o presidente da República pode se ater ao papel de animador de auditório enquanto um grupo de executivos (agora liderados por Paulo Guedes na economia, Sergio Moro na probidade e pelos militares na ordenação no andamento dos trabalhos) toca o barco é muito parecida com a concepção adotada por Lula, escreveu Dora Kramer em sua coluna na edição de Veja desta semana. Com o petista deu certo por longo tempo, mas são realidades diferentes. Além de ter a economia com vento a favor, Lula contou com ampla boa vontade até entre opositores. O “operário de esquerda” não estava ali para ser contestado. Nacional e internacionalmente. Com o atual presidente não é assim.

Bolsonaro foi eleito em ambiente de intensa polarização e com boa parte de seus eleitores fazendo a opção pelo que considerava o mal menor. Os radicais bolsonaristas adeptos do “mito” são uma parcela ínfima dos 209 milhões de brasileiros, e deles não obterá a sustentação necessária para governar durante os próximos quatro anos. O presidente acertou ao detectar a demanda do eleitorado, mas errará se insistir em não reconhecer que uma coisa é perceber o que as pessoas querem ouvir numa campanha e outra muito diferente é dar a elas o que esperam de um governo, cujo êxito depende da capacidade de planejamento, empenho na execução das ações, habilidade para harmonizar o funcionamento das instituições, destreza nas relações com o Parlamento e nenhuma, mas nenhuma mesmo, concessão à crença autoritária (e, na democracia, fantasiosa) de que a “força do povo” possa mover todas as montanhas.

Para encerrar com outro adágio popular: “De boas intenções o inferno anda cheio”.

Sobrando uns minutinhos, assistam a este clipe: