O presidente do “país dos contrastes” revela-se mais
paradoxal a cada dia. Já teve o desplante de insinuar que governadores empurram
as pessoas para suas casas com o deliberado propósito de intoxicar a economia.
Chamou a pandemia de “histeria” e a doença de “resfriadinho”.
Disse que a crise está “superdimensionada”, que “é muito mais
fantasia” e que “outras gripes mataram mais”. Também comparou Itália,
onde já morreram mais de 4 mil pessoas vitimadas pela pandemia, ao bairro
carioca de Copacabana: “A Itália é uma cidade... É um país parecido com
o bairro de Copacabana, onde cada apartamento tem um velhinho ou um casal de
velhinhos. Então, são muito mais sensíveis, morre mais gente”,
Semanas atrás, o chefe da nação reconvocou
uma manifestação em apoio a seu governo, cujo
adiamento ele próprio havia sugerido (ainda que a contragosto) diante
do avanço do coronavírus. A despeito de o ministro da Saúde lhe ter
recomendado isolamento depois que parte da comitiva que o acompanhou aos EUA ter testado positivo para o coronavírus (já são
23 infectados, entre os quais o general
Augusto Heleno, que é próximo do presidente e se reuniu com ele três
vezes, sem máscara, um dia antes de saber que estava infectado), Bolsonaro não
só foi pessoalmente ao protesto como trocou apertos de mão e tirou selfies
com cerca de 300 apoiadores.
A saúde de Jair Bolsonaro é um problema
pessoal dele, mas a saúde do chefe do governo é um bem de interesse público.
O presidente afirmou que os dois testes feitos até agora deram negativo (um
terceiro deve ser realizado nesta segunda-feira), mas, ao contrário de Donald
Trump, seu herói e “muso inspirador”, não apresentou os laudos, como tampouco levou a mesa as tais provas das supostas
fraudes nas eleições que o guindaram ao Palácio do Planalto.
O ministro Mandetta vem realizando um bom trabalho — claro que medida do possível e quando seu
chefe não o atrapalha —, mas já alertou que, mesmo se cumpridas fielmente as
medidas preventivas, o número de casos aumentará exponencialmente a partir
desta semana e ao longo de abril e maio, quando então atingirá o pico, se
estabilizará e em seguida dará início a uma trajetória descendente, que ganhará
velocidade progressivamente, como aconteceu na China.
Epicentro da doença, o país asiático que concentra a maior
população do planeta (1,4 bilhão de habitantes) registrou 46 novas infecções
neste domingo, sendo apenas
uma transmissão local (a primeira após três dias sem registrar essa
estatística). Em nível mundial, já foram contabilizados cerca de 300.000
contaminações, 13.000 mortes e mais de 90.000 curas.
O Brasil tem 1.128 casos confirmados; em São Paulo, que concentra o maior número infectados no estado (mais de 400, com previsão de chegar a 9 milhões no pico da contaminação), já houve 15 mortes. Na cidade do Rio, segunda colocada no ranking com 99 dos 119 casos registrados em todo o estado, 3 óbitos foram confirmados até o meio-dia de ontem. Já na Itália, que encabeça a lista dos países mais afetados, o número de mortes já passa de 700 por dia.
Atualização: O Ministério da Saúde informou na noite deste domingo que o número de casos confirmados no Brasil chegou a 1.546 e a quantidade de mortos, a 25 (até sábado eram 18). São Paulo contabiliza 22 óbitos e o Rio, 3, sem contar uma morte registrada na capital fluminense. Os dois estados também lideram o número de casos confirmados — 631 em São Paulo e 186 no Rio. Todos os estados brasileiros já têm casos confirmados de coronavírus.
O Brasil tem 1.128 casos confirmados; em São Paulo, que concentra o maior número infectados no estado (mais de 400, com previsão de chegar a 9 milhões no pico da contaminação), já houve 15 mortes. Na cidade do Rio, segunda colocada no ranking com 99 dos 119 casos registrados em todo o estado, 3 óbitos foram confirmados até o meio-dia de ontem. Já na Itália, que encabeça a lista dos países mais afetados, o número de mortes já passa de 700 por dia.
Atualização: O Ministério da Saúde informou na noite deste domingo que o número de casos confirmados no Brasil chegou a 1.546 e a quantidade de mortos, a 25 (até sábado eram 18). São Paulo contabiliza 22 óbitos e o Rio, 3, sem contar uma morte registrada na capital fluminense. Os dois estados também lideram o número de casos confirmados — 631 em São Paulo e 186 no Rio. Todos os estados brasileiros já têm casos confirmados de coronavírus.
Resta saber se nosso sistema de Saúde suportará o crescimento da demanda sem entrar em colapso. O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, comunicou
que serão instalados dois mil leitos, no Pacaembu e no Anhembi, para atender casos de baixa complexidade e liberar espaço nos hospitais
municipais para os mais graves. Em sua oitava coletiva sobre a pandemia, o
governador João Doria anunciou que os 645 municípios do estado de São Paulo entrarão em quarentena, por 15 dias, a partir de terça-feira (24)
Após anunciar a aquisição de 10 milhões de testes rápidos, metade
dos quais devem ser entregues já na próxima semana, o ministério da Saúde
informou que pretende fazer uma espécie de drive thru de
testes — modelo inspirado em ação realizada na Coreia do Sul, no qual as
pessoas nem precisam sair do carro para realizar o teste.
Que Deus nos ajude.