terça-feira, 24 de março de 2020

O DEUS PAI DA PETELÂNDIA E O SUMO PONTÍFICE DA IGREJA CATÓLICA


Vamos combinar que, calamidades à parte, exageros à parte, estultices bolsonarianas à parte, o "auto-confinamento voluntário" que nos foi imposto meio que compulsoriamente é desgostante. Até porque é surreal ver a maior metrópole da América Latina em animação suspensa, sem a habitual movimentação de pedestres e os intermináveis congestionamentos de veículos nas ruas e avenidas. Um "sossego" assim, que só se vê (se é que ainda se vê) em cidadezinhas do interior com alguns milhares de habitantes, seria o sonho de consumo dos 13 milhões paulistanos, não fosse a pandemia provocada pelo coronavírus a razão dessa excepcionalidade.

Venho focando o avanço da Covid-19 por dever de ofício; se já não aguento mais ouvir falar  no assunto, que dirá escrever sobre ele. Mas sempre existe a esperança de uma luz no fim do túnel (que não seja o farol da locomotiva que vem em sentido contrário). Aliás, vale mencionar que o noticiário enfatiza o avanço do vírus e o aumento das infecções, internações e óbitos, mas raramente fala que a maioria das pessoas que forem infectadas tende a não apresentar sintoma algum ou, quando apresenta, eles são semelhantes aos de uma gripe comum. Daí a antecipação da vacinação contra a influenza facilitar a triagem dos pacientes que apresentam os sintomas, que, se estão imunizados contra a gripe, podem realmente ter contraído o coronavírus.

Também pouco se fala dos que se recuperaram. Nesta segunda-feira, 23, o monitoramento em tempo real conduzido pela Universidade Johns Hopkins contabilizou 100.443 casos de pacientes diagnosticados com a Covid-19 que conseguiram já tiveram alta e seguem a vida normalmente, sendo a província chinesa onde o vírus surgiu o local que reúne o maior número de curados, 59.882. A região é seguida do Irã, com 8.376, e da Itália, com 7.024. Por outro lado, o número de casos confirmados já passa de 350 mil, e o total de mortes, de 15.000. A Itália é atualmente o país mais afetado, com 5.476 mortes (número superior ao registrado no país asiático, epicentro do SARS-CoV-2, que tem mais de 1,4 bilhão de habitantes).

Oxalá surja em breve uma vacina ou outra medida capaz de mudar dramaticamente esse cenário. No Brasil, a expectativa é que a curva de contaminação se acentue nas próximas semanas, suba feito rojão até o final de julho e então se estabilize, para depois começar a declinar, aumentando progressivamente a velocidade da queda. Alguns especialistas afirmam que São Paulo pode ter 10% da população infectada, o que é extremamente preocupante, mas não significa que todos os casos serão necessariamente graves nem, muito menos, fatais. A questão é que ainda estamos em março, e só Deus sabe a economia e as pessoas têm estrutura para se manter, ainda que claudicantes, por um período muito longo de inatividade.

Nesse entretempo, as contas continuam vencendo. É preciso pagar aluguel, escola dos filhos, água, luz, gás, impostos, taxa condominial, e por aí afora. E como o fará sem poder abrir o bar, a sapataria, a lanchonete, o salão de beleza, a barbearia, enfim, o estabelecimento que põe comida da mesa dos microempresários, dos autônomos e dos que trabalham sem carteira assinada? E mesmo quem tem emprego formal, como conviver com a expectativa de a empresa quebrar ou começar a demitir preventivamente, caso o tempo de fechamento se estender demais? Aí, meus caros, deixa-se de leda o poético discurso de "união" entra em vigor a Lei de Murici.

Morrer é única certeza que temos nesta vida. Já morrer devido ao coronavírus é uma possibilidade, embora sua taxa de letalidade seja inferior às do sarampo, varíola, difteria poliomielite, caxumba, AIDSdengue, e equivalente às da gripe comum e da zica. O maior problema é a rapidez assustadora com que o vírus se dissemina, a facilidade com que passa de uma pessoa para outra e o número de países que atingiu em apensa 3 meses. Todavia sobreviver à Covid-19 e morrer de fome devido à debacle da economia seria a gargalhada do Diabo! Mas vamos mudar de assunto, que esse já deu no saco.

Dias atrás, quando comentei o namoro entre os petistas Lindbergh Farias e Gleisi Hoffmann, comentei também que Lula esteve em Paris para ser homenageado com o título de “cidadão honorário” daquela cidade. En passant, o criminoso mais famoso do Brasil deu uma esticadinha até a Itália (onde o número de vítimas fatais do Covid-19 já é maior que na China), onde foi visitar o Papa, para, segundo o petista publicou em suas redes sociais, "conversar sobre um mundo mais justo e fraterno".

Uma conversa no mínimo esdrúxula, posto que inconciliável com a biografia do notório visitante. Como bem lembrou Caio Coppolla, “num mundo mais justo, corruptos condenados deveriam responder por seus crimes no cárcere; e um mundo mais fraterno pressupõe que não se roube o próximo, como preconiza o 7.º dos 10 mandamentos bíblicos.

Sua Santidade pode receber quem bem entender, mas receber Lula foi um tapa na cara dos católicos honestos, além de uma humilhação para nosso sistema Judiciário, que já condenou o criminoso em três instâncias jurisdicionais (vale lembrar que Lula só está solto devido ao compadrio de 6 membros do STF, o que é igualmente revoltante para os cidadãos de bem).

Em que pese a suposta proximidade com o Criador assegurada ao cardeal arcebispo argentino Jorge Mario Bergoglio ao ser escolhido para ocupar a Cathedra Petri, o Papa Francisco, a exemplo dos demais líderes religiosos, não conseguiu evitar que o coronavírus fulminasse milhares e milhares de fiéis. Só na Itália, onde fica o Vaticano, mais de 5.000 pessoas morreram de Covid-19 desde o início do ano, o que recomenda ao povo brasileiro — a maior população católica do planeta — além de ter fé e rezar, é pôr as barbichas de molho.

Ajuda-te que eu te ajudarei, já disse alguém — e não foi Jesus Cristo, como se costuma pensar. A Bíblia não registra essa frase nem muito menos a atribui ao Salvador. O que mais aproxima disso está em Salmos 37: (4) “Deleita-te também no SENHOR, e te concederá os desejos do teu coração” e (5) “Entrega o teu caminho ao SENHOR; confia nele, e ele o fará”. Já no Evangelho Kardequiano a semelhança é bem maior: “Ajuda-te a ti mesmo, que o Céu de ajudará”. Em qualquer caso, a lição é lapidar: se você ficar esperando que as coisas simplesmente caiam do céu, o melhor que vai conseguir é chuva e cocô de passarinho.


Papa foi mero coadjuvante nesse encontro; o protagonismo ficou com o corrupto que se fez santo por autodeclaração. Frustrou-se Sua Santidade se em algum momento da conversa teve o ímpeto misericordioso de expiar os pecados do interlocutor e lhe conceder o divino perdão, pois perdoar pressupõe arrependimento, e não existe absolvição que não seja precedida de remorso.

Lula jamais demonstrou qualquer peso na consciência por seus delitos ou se propôs a repará-los. Mesmo respondendo a uma dezena processos — todos amparados por vasto acervo probatório — e já condenado em dois deles, insiste em uma inocência imaginária que desafia até a mais alienada das mentes militantes.

Mitômano reconhecido, o sumo pontífice da seita do inferno só se esquece de um detalhe: ludibriar o Papa é possível, mas mentir a Deus está muito além do alcance humano (até para um expert na área, como é o caso dessa aberração). Contudo, faltar com a verdade na Terra não constitui pecado capital. Isso fica por conta da vaidade, da presunção e da arrogância de Lula; e aqui estamos falando do pecado da soberba.

Aliás, é impossível esquecer a “pérola da modéstia” que o imprestável pariu no dia 20 de janeiro de 2016 — época em que Lula ainda não havia sido condenado (e sequer conduzido coercitivamente para prestar depoimento na PF do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo) —, durante um café da manhã no Instituto Lula com blogueiros amestrados e jornalistas convertidos:

 “Se tem uma coisa que eu me orgulho, neste País, é que não tem uma viva alma mais honesta do que eu. Nem dentro da Polícia Federal, nem dentro do Ministério Público, nem dentro da igreja católica, nem dentro da igreja evangélica. Pode ter igual, mas eu duvido”. 

Quanta modéstia!