O
BOM SENSO NÃO EXISTE MAIS.
Contam-se nos dedos, atualmente, os fabricantes que projetam
seus produtos sem levar em conta o que se convencionou chamar de “obsolescência programada”.
Antigamente, você comprava um refrigerador (então chamado de "geladeira") e ele funcionava por décadas. Quando muito, você substituía a
borracha de vedação da porta de tempos em tempos, e dava uma demão de tinta quando enjoava da cor do eletrodoméstico.
Hoje em dia, os assim chamados
“bens duráveis” são, ironicamente, descartáveis. Como os funcionários "de apito” das antigas fábricas,
eles encerram o expediente quando recebem um sinal (inaudível para o proprietário) de que acabou a garantia, e então picam o cartão, pegam o boné e tchau mesmo. Se continuarem funcionando depois disso, é porque estão fazendo hora-extra, e se pifarem,
o conserto pode custar quase tanto quanto um aparelho novo — cuja aquisição acaba sendo
a melhor opção, já que garante ao consumidor mais 12 meses de garantia.
No caso específico do smartphone,
a rapidez com que a tecnologia substitui modelos de ponta por outros ainda mais
avançados torna o gadget ultrapassado ao cabo de poucos meses, mas o preço de um aparelho novo não recomenda trocas tão frequentes. A boa notícia é que, se estar sempre up-to-date com o que há de mais novo no mercado não for prioridade para você — e que seu bolso permita se dar a esse luxo —, tomando alguns cuidados (como
os que eu venho sugerindo ao longo destas postagens) a bateria que alimenta o aparelho só dará os primeiros
sinais de fadiga depois de dois ou três anos, ou seja, quando estiver mais que na hora
de você comprar um telefone novo.
Baterias originais ou homologadas pelos fabricantes dos aparelhos costumam suportar mais que os 300 ciclos exigidos pela Anatel (vide post anterior), desde
que sejam usadas em condições ideais. Mesmo assim, após 250 ciclos é normal que o componente não consiga armazenar mais que 75% de carga. Aliás, 100% é a capacidade nominal da bateria, pois a capacidade real não costuma passar de 95% quando você tira o aparelho novo da caixa, devido aos efeitos da temperatura ambiente
ao longo das semanas (ou meses) que costumam transcorrer desde a fabricação do componente até a aquisição do telefone pelo usuário final. Note ainda que alguns
fabricantes “inflam” a capacidade declarada nas
especificações técnicas para valorizar seus produtos, pois o
consumidor não tem como realizar medições e reclamar por levar gato por lebre.
Adicionalmente:
1) Evite expor
o celular a temperaturas muito altas ou muito baixas. No interior de um carro estacionado sob o sol do meio dia, por exemplo, a temperatura chega facilmente a 70.º C. Em locais onde o inverno é rigoroso, levar o celular num bolso interno do casaco ajuda a protegê-lo do frio intenso e a aumentar a autonomia da bateria.
2) Evite usar carregadores que
forneçam tensões superiores à especificada pelo fabricante (economizar meia
hora na recarga certamente não compensará, no longo prazo, a redução da vida
útil da bateria).
3) Reduza o intervalo entre as recargas e desconecte o carregador da tomada e do aparelho quando a recarga for completada, e fuja de produtos xing ling (tanto
carregadores quanto baterias),
4) Remova a capa plástica (ou de silicone) que
protege o telefone antes de colocá-la na carga, pois capas não originais e mal projetadas podem propiciar o superaquecimento do aparelho. Convém também desligar o celular durante a recarga, não só para acelerar o processo, mas também porque, como acontece com o PC, reinicializar o dispositivo de tempos em tempos evita a degradação do desempenho e minimiza a possibilidade de erros e travamentos.
5) Ajuste o brilho da tela para cerca de 40% (ou programe o ajuste
automático) e mantenha-a limpa usando um pano de microfibras levemente umedecido
em álcool isopropílico (jamais use produtos à base de amônia).
6) Não molhe o celular, a menos que ele seja resistente
a água (e mesmo que seja, é bom evitar). Se for apanhado por um temporal inesperado ou derrubar o telefone na banheira ou no vaso
sanitário (ocorrência bastante comum), resgate-o o quanto antes, pois as chances de ele se
recuperar são inversamente proporcionais ao tempo que ficar submerso. Deligue, então, o telefone (mesmo que ele pareça estar funcionando normalmente), remova a
bateria (se ela for removível, naturalmente; se não souber como abrir aparelho consulte o manual ou acesse o site pt.Ifixit.com), tire o chip da
operadora (SIM-Card) e enxugue tudo bem
enxugado (use um micro aspirador (daqueles
vendidos em lojas de informática ou, na falta dele, um secador de
cabelos ajustado para a temperatura
fria). Embrulhe a bateria e o chip em toalhas de papel, coloque o telefone numa vasilha, cubra com arroz
cru e deixe assim por cerca de 48 horas (se não tiver arroz à mão, areia higiênica para gatos também
quebra o galho, desde que ela contenha cristais
de sílica).
Observação: Essa gambiarra é antiga (eu mesmo a publiquei há
mais de 10 anos), mas controversa: há quem diga que o arroz só absorve parte da umidade e que os componentes só podem ser recuperados mediante
um banho químico, etecetera e tal. De fato, o "truque" do arroz parece coisa do Mundo de Beakman,
mas acredite: com alguma sorte, ele deixará seu aparelho sequinho, pronto
para ser remontado e voltar a funcionar como antes. No
mais, o que você tem a perder?
Creme dental serve
para dar brilho em adornos de metal, como ouro ou prata, e remover
arranhões (leves) de mídias ópticas, mas não deve ser usado mas telas
touchscreen dos smartphones. Além de não eliminar os riscos, a pasta pode penetrar no LCD e
prejudicar seu funcionamento. Para proteger o display do telefoninho, aplique uma película de boa qualidade (de
vidro que funciona como uma segunda
tela e protege tanto de riscos quanto de trincas resultantes de impactos;
embora custe um pouco mais caro, o investimento costuma compensar).
Usar o
smartphone com a tela rachada pode implicar outros danos. Substitua-a assim que
possível, para que as trincas não comprometam o cristal líquido — ou o conserto ficará tão caro que, conforme o modelo, será mais compensador comprar um telefone novo.
Aproveite o embalo para relembrar as dicas que eu publiquei nesta postagem.
Aproveite o embalo para relembrar as dicas que eu publiquei nesta postagem.